segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Prenúncios de Setembro: a educação do sentido interdisciplinar

- Esse “Sol de Primavera” prenuncia bons tempos...
Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão onde a gente plantou juntos outra vez
Já sonhamos juntos semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar
Já choramos muito, muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer
Sol de primavera abre as janelas do meu peito

a lição sabemos de cor
só nos resta aprender...
(Beto Guedes)


Setembro anuncia a primavera, muito percebida no sul do país, de ares amenos, do sol na medida, dos perfumes das flores exalando jardins, quintais ou vasos. Mês das ninfas. Primavera lembra ninfa, que protege a planta, o animal, a pessoa ou o lugar. Na mitologia, eram elas divindades dos rios, bosques, florestas, campos. Ninfa é noiva, promessa de fertilidade, traz em si os frutos da nova geração, nas comunidades primitivas as meninas na menarca dançavam, a dança da beleza, do encanto...

Flores promessas dos frutos. A beleza que encanta e faz dançar. Setembro é o mês destes símbolos, mês da fertilidade, mês da beleza, mês da iniciação, das danças referentes, da Vida!

Mês de encanto que religa terra, ar, fogo, água... Esperanças, conhecimentos, poesias, criação, inovação, ou como Gusdorf (1995) nos inspira, porque supõe “abertura de pensamento, curiosidade que se busca além de si mesmo” e nos leva ao outro, nos integra à vida, pela concepção de interdependência.

Se setembro é vida, é interdisciplinar: ciência e cultura, sociedade e história - mitologia, literatura, música, poesia, danças, corpo relacional, astronomia, leitura de estrelas, comportamento e movimento planetário, hemisférios, ângulos, sazonalidade, agricultura, economia, política, matemáticas da vida. Para Gusdorf (1995, p.26), "a exigência interdisciplinar impõe a cada especialista que transcenda sua própria especialidade, tomando consciência de seus próprios limites para colher as contribuições das outras disciplinas". A colheita das aprendizagens interligadas. Recontos, releituras, questionamentos, desconstruções, criatividade, novos significados, é preciso reordenar o conhecimento, definido por Gusdorf (1995) de “campo unitário da cultura”. Tais saberes plurais se singularizam, com mais sabor, cor e estilo, com o envolvimento dos alunos, com a alegria deles, com o protagonismo autêntico da pedagogia de projetos pensada com eles.

- Mês de reencantar a educação, por que não?
Referência
GUSDORF, Georges. Professores para quê? para uma pedagogia da pedagogia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
Imagem 1: http://fotos.sapo.pt/zZ27el2OkZzH5CqeQTZj
Imagem 2: http://umdiaumaestrela.files.wordpress.com/2007/12/virgogoddess.jpg

sábado, 28 de agosto de 2010

Censura Blogs: quem nunca sofreu por amor?

Após a dor de uma perda, donde tive que sair às pressas de Belém ao Paraná, após o telefonema de meu irmão mais velho anunciando que repentinamente meu irmão do meio havia falecido de ataque fulminante do coração. E o pior, minha mãe passava uma temporada comigo aqui em Belém, com problemas de saúde grave, ainda ela com dificuldades de locomoção séria. O que dizer a uma mãe de 83 anos... meu receio era o trauma da notícia, a perda de um filho de 53 anos... Consegui levá-la ao Paraná, para somente dar notícia a ela ao descer da Serra-do-Mar, de Curitiba a Paranaguá, acompanhá-la ao enterro, confortar sobrinhos e parentes, e sobretudo trazê-la de volta para ficar comigo um pouco mais até o tempo de minha cirurgia, em maio último.

Assim que retornei desta triste saga, fiz uma postagem aos amigos que se manifestavam por e-mail, telefonema, abraços, conversas... Deparei-me com um comentário. Nem por isso esmoreci. Nem por isso impedi. Deixei que as coisas rolassem... Escancarando-se às pedras, ao córrego...

O que vocês acham do caráter de quem assim escreve e ainda por cima como anônimo “adorei o fato de seu irmão ter morrido, soltei fogos de artificiais por isso”. Esta pessoa se diz educadora!

Mais adiante fiz uma postagem sobre a “Educação de Jovens e Adultos” e o mesmo caráter voltou a se pronunciar: “Vc é uma fraude, uma farsa, bem montada sim, mas é uma fraude!”, a este recorte do comentário, minha opção foi por não descartá-lo, pela orientação recebida reservá-lo...

Recebi gestos intensos de solidariedade, daqueles que não quiseram nada postar, ou até quem deixou nome, sobrenome, foto e palavras como estas: “Professora Rocio, não permita que esse espaço seja de baixarias, continue fazendo seu maravilhoso trabalho como educadora e siga cuidando da melhor forma para que a comunidade da ilha de Caratateua possa realmente ter autonomia e lutar pelos seus direitos como cidadãos e sabemos que isso se alcança com EDUCAÇÃO”.

A crítica construtiva, a ética profissional, o questionamento reconstrutivo, o construir juntos é para poucos... O diálogo, o protagonismo pedagógico, o situar e o cuidar das aprendizagens, o enfrentar a realidade da educação pública em locais e situações de risco, é para aqueles que se especializam nas aprendizagens e não-aprendizagens... E se dispõem a caminhar nas trilhas da escola que aprende...

Educação para o sensível. Educação para a paz! É o que clamam as crianças e todo o alunado diante de uma realidade violenta (drogas, trabalho ou prostituição infantil, pedofilia, bullying etc.) que estamos juntos enfrentando, a natureza também está clamando por cuidados, amor, solidariedade (seca, enchente, terremoto, ciclone, mar revolto...).

É caso de polícia? É caso de desanimar? Não, continuei postando com o mesmo prazer sobre educação, escola, crianças, jovens, adultos, vida e aprendências. O problema é meu ou de quem escreve com prazer sobre o que julga desgraça alheia? A quem irá prestar contas? Como se chama este tipo de invasão, de assédio? Mas, em nome de alguns apelos de leitores do blog, recomendações... e a partir deste ponto, acionei a ferramenta de moderação dos comentários disponível do blogger. Relutei mas obedeci às recomendações da “Delegacia de Repressão a Crimes Tecnológicos”. Os comentários infelizes estão agora reservados.

Diante do tombo que acusou a doença atual, em janeiro de 2009, meu afastamento da escola por períodos doloridos, logo depois, a morte, a falta, o consolar a mãe, o recuperar-se, o sustentar-se, o retorno, a cirurgia, a nova recuperação, a esperança, os caráteres, erros, acertos, flexibilidade e aprendências. Compreensão, humildade e humor covarde sei que me podem chamar porque não calo no peito essa dor...” (Ataulfo Alves e Mario Lago), marcas aprendentes em momentos doloridos de afastamentos... Apesar de tudo, o humor pela alegria de viver e aprender com as experiências humanas e a natureza que nos permeia! Relações de interdependência, vivências socio-históricas!
Brasil, mostra a tua cara!!! E apesar de você, e por nós, é interessante ler esta postagem acerca da censura aos Blogs.

É tempo de aprender! Minha resposta ao tempo...

"...E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver


No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer


Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto


E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor..." (Resposta ao Tempo, Aldir Blanc e Cristovão Bastos)

P.S. Agradeço aos apoios e às dicas recebidos recentemente.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Vida, inquietações e saberes milenares: o sagrado e suas diversidades

Vou escrever sobre algo desequilibrante: a própria morte, mesmo que em sonho, daqueles que parecem reais, nos faz pensar no significado da vida. A exemplo de algumas crises por que passamos ou assistimos em cinemas. Doenças. Falecimentos. Conflitos. E até nascimentos. O que é a vida?

Subia um elevador para deficientes, o acesso era do térreo a um andar que parecia me levar para minha residência, somente que o térreo era um espaço largo e de bastante movimentação. Só me restou esse elevador. De repente me vi subindo assim como me senti caída no chão e ao levantar olhei um segundo para trás e me vi deitada, enquanto levantava, com a mesma roupa, estava eu de calça e blusa preta, com uma pasta de trabalho e um pequeno volume. Vi ao lado da minha cabeça, uma pequena poça de sangue. Parecia não ter dado importância e segui em frente até que, na mágica dos sonhos, me vi na frente de meu marido que estava sentado atrás de uma escrivaninha, ele não me viu, parecia falar com alguém por telefone e dali soube que eu havia morrido. Acordei! Despertei? Quais certezas nos cercam?

Como há muito tinha lido um livro sobre o “Duplo Etéreo (DE) do Kama Rupa”, ou de acordo com a ciência do ocidente, o “psicossoma” (medicina e psicologia), não deixei de fazer algumas aproximações, nessa ótica, além de conhecimentos da doutrina espírita de Alan Kardec. Soube também que a escritora Monica Buonfiglio escreve sobre o assunto no Brasil. E que o seu livro “Proteção” ajuda a entender melhor os que se interessam a ler mais o tema.

No livro, Mônica descreve três casos, um deles é sobre si, quando tinha seis anos e estava com sua mãe. Ela foi atropelada por um automóvel e de repente se viu na calçada, ao lado, observando o atropelamento do próprio corpo. Tentou avisar sua mãe, mas esta, não captava sua mensagem. Ela sempre contava para sua mãe, que dizia que estava mentindo ou tinha sonhado. Porém, ficou logo boa do atropelamento, pois pouco sofreu. Outro refere-se a visita do DE de uma das vítimas do desastre aéreo que vitimou um famoso conjunto musical brasileiro, em março de 1996, que pedia que intercedesse junto às autoridades para que o piloto do avião fosse inocentado. A Verdade irretorquível do relato dela define que o Kama Rupa é a Casa de Deus no Homem.

Sobre energias do corpo humano, meditação, perdão, mente sã, corpo são, conhecimentos dos Iogues, dos Swamis, dos Monges Hindu-Lamaístas, tradições milenares do Oriente, leituras interessantes fiz, principalmente, através de Sagy Hummaiyun Yunna (Um Iogue na Senda de Brian Weiss), de 86 anos, cujo aprendizado típico da Kryah Yoga capacitou-o para a Medicina Ayurveda, estudos acumulados há mais de 65 anos, filosofia, Tantra, universalidade, fisiologia, aperfeiçoamento físico, engajado na tarefa de conseguir um mental up grade para chegar ao “Homem Superconsciente”, um tipo humano de mente altamente desenvolvida capaz de conseguir o ótimo resultado da intuição, avaliação, performance, lógica, cognição, ponderação, controle da emoção, da saúde, da sexualidade...

A atual novela das 18h, o filme de Chico Xavier e o filme “Nosso Lar”, nos instigam a saiur do casulo, conhecer mais um pouco, despir-se de pré-conceitos... Adentrei as leituras apesar de família tradicional católica, carola, italiana, leitura bíblica, novenas, missas dominicais e todos rituais conhecidos da igreja. Não me arrependi.

O espírito brasileiro nos faz buscar respostas aos nossos questionamentos contínuos, incrédulos, céticos, curiosos, amorosos, sagrados, fraternos...

Sagy, como iogue, propõe-se, em seu livro, a lutar por uma aproximação entre as ciências ditas esotéricas (profundas, recônditas e não exotéricas) do Oriente e a formal ciência ocidental. “Nossa missão é aprender, é fazer-nos à semelhança de Deus, por meio do conhecimento”, é nessa intenção que adentrei as leituras e ao autoconhecimento.

Este é o meu processo e aprendizado divinamente humano! Mostra-me assim...


Imagem: http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/va5.htm

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Projeto de Educação Infantil: memórias de uma professora


As atividades desencadeadoras aqui relatadas consideram a sala de aula enquanto espaço pedagógico em ação. Lugar onde o(a) professor(a) com clareza do que pretende alcançar lança mãos de questionamentos, problematizações, contemplando um espaço de problemas que desafia seus alunos e alunas a participarem do processo ensino-aprendizagem. São as ideias, as respostas, os pensamentos e construções das crianças que norteiam as atividades posteriores, mesmo que previamente pensadas. Uma prática que considera o pensamento, o saber e o cotidiano da criança. Somente um(a) professor(a) atento(a), capaz de ouvir, repensar e (re)construir com o alunado um espaço de conhecimento... afinal, "só ensina quem aprende". É preciso se despir, por vezes, do lugar de "mestre" para adotar uma postura de aprendente com a criança.

Projeto que trabalhei quando professora do Colégio Estadual José Bonifácio, em Paranaguá (PR), fins da década de 80. Faz parte dos meus guardados, quando iniciava na educação como professora recém-concursada pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná, na época, apenas a direção da escola, não tínhamos coordenação ou serviço de orientação educacional, nem professores de educação física ou artes. Como nos apropriamos do espaço escolar? Mergulhei na realidade dos alunos, das salas de aula, de cada metro quadrado da escola e dos espaços da comunidade.

É muito bom relembrar e re-olhar os primeiros acordes...

Sub-Tema: PÉ

(Escolhi esta parte do corpo humano, pelo seu significado e por ser uma palavra monossílaba, parece fácil mais não é tanto, sabemos que para a criança que se inicia a pensar no que escreve é conflituoso perceber que só abrimos uma vez a boca para dizer a palavra e por isso deve estar representada por apenas uma letra, daí vem a questão desequilibrante, pois para ela não se escrevem palavras com uma letra só, e daí? Mesmo assim conhecedora do desafio resolvi mexer com as crianças de 5 a 6 anos).

Tempo de trabalho do sub-tema: uma semana.

PÉ (introduzindo a interação)

- Todos pegando no seu pé... puxa! Mas, ele está escondido (época do frio). Vamos libertá-lo...
(Previamente os alunos estavam disposto em círculo, batendo os pés no chão arritmicamente, fazendo o seu barulho, depois, em uma cadência rítmica reaprendemos a bater o pés e a cantar, em uníssono, a música folclórica do “Pezinho”, por último poderiam reinventar a letra – recontar e recantar - e só então passamos a nada mais falar ou cantar, a regra agora era só se expressar com os pés). Gastamos bastante energia e relaxamos.

Só então abri um livro... de Ziraldo, “Pelegrino e Petrônio”. O livro foi ocupando o espaço da sala de aula, e depois foi enriquecido com as experiências dos alunos, porque comentamos e ouvimos, aprendíamos a ouvir a cada dia de forma diferente. Vimos ali no livro as diferenças vocacionais dos pés de um mesmo dono, o livro na época falava dessa dualidade do que se quer ser quando crescer. Mas, cujas diferenças conseguiram equilibrar seus dois lados distintos: o esquerdo e o direito. (Você já leu o livro? Legal, né?).

- Segundo momento da aula:

Vamos contornar nosso pé esquerdo, com giz de cera, em uma folha de papel, e escrever a palavra pé, mas, cada um do modo como pensa que se escreve. Ah! não esqueçam de escrever o nome de vocês, dando um toque especial ao próprio trabalho e autografar na divina obra sagrada (cuidado com a religião) as marcas de vocês aí...

- Atrás da folha vamos escrever uma história sobre pé (onde este andou, de quem ele é etc.). (Não fiquei com nada deste trabalho deles, entreguei aos pais e às mães que, na época da reunião, solicitei a quem tivesse guardado as marcas dos pezinhos pintados na maternidade, quando suas crianças nasceram, alguns levaram e chamou a atenção de alunos e mães no conjunto, boas conversas).

- Nesse envolvimento três histórias foram transcritas no papel 40K, para que no outro dia pudéssemos ler, com a finalidade de, cada vez mais, evidenciar a função social da escrita e do papel mnemônico do cérebro...

- Novo livro, este de Juarez Machado, “Ida e Volta” abriu o segundo dia. Sem fala, sem escrita, só imagens, brinquei com eles como se muda fosse e eles entraram no jogo. O livro a cada página, com o corpo relacional, possibilita a trabalhar o universo lúdico e conhecer mais sobre o aluno/a aluna. Suas linguagens foram expressivas, imediatas e por isso muito significativas para estudos, quando pude confrontar conhecimentos teóricos advindos de outros sujeitos-parceiros de pesquisas.

Relembrar as histórias no dia seguinte, com a introdução de alguns trechos das falas anotadas de ontem. Sempre tive o cuidado para não centralizar o discurso em mim, para que pudessem interagir com as falas dos colegas e as diferentes vozes do discurso.

Segundo tempo, a exemplo da personagem de Juarez, imprimimos com tinta guache, no pátio da escola, os pés e assentamo-los em uma folha de papel de rolo, bem comprida, cercado dos cuidados necessários. Com os pés de ontem, reencontramos pelas semelhanças, observamos as texturas, foram boas redescobertas permeadas com alguns conflitos, já que o nome deles estava no verso da folha. Este encaminhamento foi trabalhado como jogo.

Na sala, de volta, conversamos sobre seus conhecimentos de higiene e sobre o cheiro de chulé, ainda sobre algumas doenças conhecidas por eles: bicho de pé, micose, frieira. Abordamos também sobre cuidados especiais, saúde dos pés, carinho, cócegas, a dor ao calçar sapatos apertados.

As perguntas que se seguiram nas conversas:
- Por que usamos sapatos? E meias?
- Quem mais tem pé como nós? (Daí surgiram vários outros bichos, além de mencionarem os pés das árvores, pé da mesa, da cadeira, da cama, do armário, da boneca...)
- Qual é o pé da árvore (na escola tinham muitas e uma delas era do pau-brasil)? Como já havíamos trabalhado o sub-tema árvore/vegetais foi apenas um bom pretexto para relembrarmos o que já havíamos produzido em nossas interações anteriores.
- O homem e a mulher sempre usaram sapatos? Voltaram a lembrar do “homem da caverna” (fala introduzida pelo aluno Hebert), dos índios (da Ilha da Cotinga que fazem cestas de vime) que não usam sapatos. E aí discutimos sobre o termo “pé vermelho”, seus porquês possíveis de ali conhecermos.

Associamos ainda ao conceito de pé como a base de uma casa responsável para manter a sua estrutura, correspondendo à função de nosso pé que sustenta a estrutura de nosso corpo. Discutimos aligeiramente nossa condição de ser bípede como determinados animais incluindo os quadrúpedes. Além de rirmos das centopéias.

- Recortaram diferentes tipos de pés e calçados de jornais e revistas e montamos um painel expondo também outros pés diferentes do humano. Foi uma boa composição porque aproveitamos para classificar os diferentes tipos, além de nomeá-los: pé – pata – sapato – chinelo – tênis – de mulher – de homem – de criança – de bebê.

Conversamos sobre os tênis “legais” da moda. Todos podem comprá-los? Por quê? (pretexto para discussões econômicas e financeiras – itens que nos remeteram ao consumismo desenfreado, às necessidades, prioridades e supérfluois, que somos levados pelas propagandas sedutoras da TV, revistas e outdoor).

- Se não tivéssemos pé, o que iria acontecer?
- Vocês conhecem alguém que não tenha? Como eles fazem para andar? Ele é feliz? Por quê? (discutimos sobre respeito, piedade e zombaria, e se esses sentimentos são bons ou ruins).

Enfocamos ainda os esportes em que o pé é fundamental: futebol, patinação, atletismo, esqui, surf... foram os mais lembrados. (Paranaguá é uma cidade litorânea e portuária, próxima da Serra do Mar e de belas praias e ilhas).

Trabalhamos a coordenação dinâmica geral e o equilíbrio (naquela época a educação infantil ou de 1ª. a 4ª. não havia professores de educação física ou de artes, como fiz cursos de psicomotricidade me ajudou bastante). Colocamos uma corda grossa e comprida rente ao chão, bem esticada e presa, para que um a um por ela pudesse passar descalço. Imaginamos que estávamos indo de um prédio a outro como equilibristas etc. Depois com leves sinuosidades, com indicações de números e letras (sugestões deles).

Conversamos sobre as sensações, sobre a atividade mais fácil de executar e a mais desafiante nas diferentes percepções. Estas atividades foram acompanhadas com músicas, trabalhamos o imaginário, vivemos o jogos do faz-de-conta. Os encaminhamentos alimentaram muito a concentração e a descontração do grupo, favorecendo a integração e o conhecimento de alunos-alunas-professora.

Olha a música de outro folclore que nos acompanhava: “Fui andar na ponte, a ponte estremeceu, água tem veneno maninha, quem bebeu morreu”. Foi ótimo, pois, na época passava a novela “Salvador da Pátria” (antes da primeira eleição direta para Presidente da República), com Lima Duarte (Sássa Mutema) e a professorinha Clotilde (Maitê Proença) e ele cantava essa música, e todo mundo se animava com a história e o belo romance que permeavam imaginários...

Depois ainda falamos sobre o trabalho e o desafio de ser um equilibrista. Procurei trabalhar o significado com eles, buscando realizar um trabalho de tradução/metáforas.
Após o brinquedo, solicitei para que novamente na roda, colocássemos todos os calçados no meio dela, baguncei tudo (rsrsrs!).

- Vamos mexer os pés (para cima, para baixo, para a esquerda para a direita – contando até dez ou em ordem alfabética – época do alfabeto da Xuxa), os dedos dos pés, só o tornozelo ou só o calcanhar... boas risadas demos em nossas limitações.
- Quanto sapato! Acho que tem mais que “A centopéia e seus sapatinhos”, de Milton Camargo. (Não preciso dizer que este foi o livro explorado em outra ocasião, que loucura “cem spatinhos”, ali comecei a atiçar a curiosidade deles).
- Que tal separarmos os calçados? Alguns alunos foram ajeitando, outros só observavam, outros deitaram no meio deles, depois de fazermos como acessórios do nosso corpo, eles foram organizando grupos de chinelos, dos sapatos, das sandálias, das botas (época de frio, imagina só, alunos que usavam chinelos nas manhãs de aulas e algumas delas ainda chuvosas). Antes haviam feito os dos tênis amarrados e os dos tênis desamarrados, sapatos novos e mais usados, pequenos e grandes, os de verão e os de inverno.

Perguntei sobre que nome poderíamos dar a eles. Daí saíram as seguintes sugestões: amarrados, desamarrados, bicudos e de tiras.

- Iniciei uma história improvisada: “Era uma vez um país...”. E as crianças continuaram: cheio de sapatos, amarrados, desamarrados e falantes. Eles resolveram conversar. Eles passaram a cochichar. É que eles estavam falando da nossa terra, das gentes que calçavam sapatos. Eles não gostavam porque as gentes calçavam os sapatos e faziam cócegas neles. Resolveram matar as gentes. Com uma bomba! Explodiu tudo e as gentes morreram.

- Perguntei então: e os sapatos?

Nessa aliteração deixo aí também para que você imagine como a história poderia ter terminado...

Pois, eles assim me complementaram:

Ué, eles se encontraram com o outro pé que tinham perdido. Nesse momento algumas crianças falavam e juntavam os pares de seus sapatos... Perguntei se havia terminado a história, e um deles arrematou: “Aí eles casaram e tiveram uma porção de filhos: os sapatinhos”.

- Achou a história sem pé nem cabeça?

Aproveitei para discutir com eles os conhecimentos matemáticos tão presente neste meio:

- Quantos pares de sapatos temos aí? (pelos conflitos que surgiram foi uma boa oportunidade para discutirmos sobre pé e par).
- Quantas pessoas somos nós? Quantos pares de caçados devem ter aí?
- Qual é o maior calçado? E o menor?
- Como podemos saber da diferença? (indiquei a pouca diferença que existia entre um e outro).
- Como sabemos qual é, de fato, o maior? (Até que um deles agoniado para responder apontou o número do sapato).
- Por que o n.24 ou n.30?

Conversamos sobre as formas de confecção, artesanal e industrializada. O sapato é desenhado, medido (como as caixas dos sapatos ou remédios, por exemplo), sobre a necessidade de se ter uma medida padrão; conversamos sobre lucros, empregos, profissão de engraxate, sapateiro, vendedor de lojas de sapatos, sobre as mães que fazem sapatos para os bebês.

Voltamos a conversar sobre as questões de economia e política, como a dificuldade que encontram algumas famílias de comprar sapatos, sobre crianças que não tem calçados, que sentem frios nos pés... sobre as que tem sapatos demais?

E por fim terminei com a seguinte adivinha: “o que é, o que é, que anda deitado e descansa em pé?”.

Bem, depois, de uma semana de leituras, brincadeiras e estudos. Fiz com eles o ditado de palavras: “pé – dedos – calcanhar – tornozelo – O tênis se acha muito chique”, para situar o nível de desenvolvimento da escrita deles, avaliação processual de final de semestre.

Os relatórios sempre me acompanharam, pois, era uma forma de eu mesma refletir sobre a nossa caminhada.

Como complemento do Sub-Tema Pé, trouxe para eles algumas informações extraídas de revistas, dicionários e enciclopédias, trago aqui a ideia redesenhada do jornal-mural que organizamos e colocamos nos espaços de circulação e entrada do Colégio, entremeados com seus desenhos e escritas.

- Doenças do pé: varizes, joanete, problemas de coluna advindos da má postura, pé de atleta, câimbra, pé
chato, pé cavo, calo, torções.

Bípede: homem/mulher e alguns animais, é como se estivessem andando em uma corda bamba, pois são dois pontos formados pelos pés, e pelos quais passa uma linha.
Quadrúpede: a maioria dos animais apresenta esta característica. Para ser considerado plano é necessário passar de 3 a 4 linhas (boa para geometria).

Curiosidades:

- 70% do peso é sustentado pelo calcanhar;
- 30% do peso é sustentado pela ponta do pé (concentra-se o peso nos 2 primeiros dedos, o hálux ou dedão, empurra o solo para trás;
- cada pé tem de 20 a 25 cm2 de área;
- os sapatos foram criados pelos egípcios há mais de 4 mil anos para proteger a sola natural dos pés. Tornou-se com o tempo e com a moda um confinamento, algo que impede a acomodação correta dos ossos;
- a cada homem que reclama de dor é compartilhado por 18 mulheres. O melhor modelo de sapato é o do homem;
- os saltos – século XVI – montaria para oficiais do exército francês. As damas adotaram há pouco mais de 100 anos. Para compensar o peso jogado para frente, a coluna lombar vai para trás, arrebitando o bumbum;
- o pé nacional é cerca de 2 cm mais largo do que a média dos pés europeus;
- uma em cada 25 crianças, continua com pés chatos depois de 6 anos, calçando ou não palmilhas ortopédicas;
- atualmente, os pesquisadores sabem que cada esporte merece um tênis projetado especificamente para diminuir os riscos de lesões e melhorar o desempenho do atleta.

Exploramos o sentido conotativo da palavra pé, por exemplo, algumas delas com a ajuda das famílias dos alunos e alunas:

- com pés de lã (sorrateiramente),
- pé ante pé (devagar),
- estar com os pés na cova,
- o negócio ainda está de pé,
- entrar com o pé direito,
- ir num pé e voltar no outro,
- passar o pé adiante das mãos – meter os pés pelas mãos (exceder-se)
- tirar o pé da lama,
- pé d’água (aguaceiro),
- fazer meu pé de meia,
- ao pé da letra,
- pé frio,
- pé de anjo,
- pé-de-moleque,
- tomar pé da situação...

E outros eventos lingüísticos desta natureza que ocorrem em diferentes interações.

Posso revelar a vocês do quanto sinto saudades de estar na função de professora de crianças de educação infantil. Mas, essa alegria delas que trago desde lá é o que alimenta hoje a minha função coordenadora, embora, com a vontade enorme de voltar para a sala de aula. Há outras experiências interessantes, mas, essa talvez em especial nesse momento que estou a fazer sessões de fisioterapia por conta dos meus joelhos e recentes infiltrações de "Fermathron", seis ampolas, três em cada joelho. Espero ter flexibilidade para ainda voltar a sorrir com as crianças. Eu rolava no chão, a brincar de barril rolando ladeira, com elas sem discriminação de tamanho adulto-criança. Fui criança com elas.

- Se hoje mudaria o que trabalhei em 1989?

O contexto é diferente, não mais estou no Paraná, as crianças são sujeitos históricos e constroem a sua própria interação com outras crianças, professoras e em ambientes singulares e plurais. Talvez aí e agora introduzisse a pesquisa na net, a criação de blog e os recursos do computador, talvez ali não mais perdêssemos as palavras, os movimentos, as produções, nossas impressões e expressividades múltiplas... Eles ficaram com seus trabalhos resultantes daquela troca vívida. Faz parte do tempo, há 21 anos.


Imagem 1: http://www.escreva.com/desafio.php?d=125;">
Imagem 2: http://bau-da-cacau.blogspot.com/2008/09/sai-do-meu-p-chul-simmmmmm-eu-t-com.html
Imagem 3: http://liarteemaprender.blogspot.com/2009/07/grafico-dos-pes.html

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Entre a célula e o céu: trilhas interpretativas, nós, travessias e redes

O projeto “Dança da Chuva: quinta estação” - concebido na poética do movimento a entrelaçar átomo, corpo e ecossistema, foi proposto pela professora de educação física que atuava, em 2009, diretamente com o alunado da educação infantil até o primeiro segmento do ensino fundamental. A quinta estação compunha o projeto “Átomo à biosfera”, pensado para a Feira da Cultura 2009, uma co-autoria a integrar professores das áreas de medicina veterinária, agronomia, engenharia ambiental, ecoturismo, educação física e envolver o alunado nesse pensar-fazer e na interpretação capaz de vincular os cinco ambientes recriados. Um laboratório vivo, aberto e interpretativo capaz de proporcionar muitas possibilidades de aprendizagem nas mais diversas áreas do conhecimento.

As relações de ensino e aprendizagem podem advir do imaginário do alunado, que também protagonizou as cenas, desenhando e recolocando problemas ambientais percebidos de forma a religar origem, corporeidade, ecossistemas, fatos, representações, conseqüências. Como o conhecimento se desdobra a partir dessas vivências? Desta forma o corpo docente da escola se anima a entrelaçar cenários e didáticas reconstruídos dos ânimos de seus interlocutores. Essas são as possibilidades amalgamadas, a exemplo dos múltiplos e alegres movimentos daquelas crianças e jovens que passaram pelas estações.

A quinta estação, aqui em destaque, inscreveu seu objetivo no intermédio da compreensão do próprio corpo (como sujeito, objeto e signo) e da necessidade do movimento humano elaborado na completa intimidade entre ser e estar presente que o capacita à interação profunda homem-natureza.

Metodologia desenhada: A estação cinco, “Dança da chuva: poética do movimento”, propôs o fechamento da caminhada do conhecimento sobre o átomo (desenvolvida antes pelos outros professores), em experimentações expressivas evocadas e vividas pelos educandos individualmente e em grupo numa dança-jogo utilizando o ritual primitivo da “dança da chuva” num espaço concebido cenicamente entre as trilhas da escola. É uma atividade rítmica de improviso corporal e sonoro.

A trilha utilizada foi “Etenhiritipa – Darö wihã”, canto de iniciação dos índios Wapté, Brasil. Após as experimentações é feito registro com transposição da linguagem corporal para linguagem das artes plásticas, desenho ou linguagem escrita.

Avaliação da professora: "a participação dos alunos foi muito significativa com seus questionamentos, embaraços, negações por estarem vivendo uma nova experiência corporal. Se autocensuravam com vergonha, depois que compreendiam a proposta ficavam mais à vontade e alegremente participavam. Parecia algo inusitado para eles e provocou nova ordenação criativa na expressividade do gestual no espaço levada até a transposição de linguagem". Interessante também foram os alinhavos com as questões ambientais quando a professora mostrava a imagem dos homens e a terra seca e devastada (Imagem 1) estimulando a livre associação com os conhecimentos já adquiridos. Assim considera que foi uma excelente e prazerosa experiência que viveu na área da inter e transdisciplinaridade com seus colegas professores e os alunos.

Para a professora, houve também a bonita e necessária inter-relação com os funcionários da escola. A concepção cênica e montagem do espaço contaram com a participação especial de um colega dos serviços gerais, que após conversar com a professora sobre o trabalho acrescentou idéias, coletou e confeccionou o material junto com a professora coadunando suas experiências estéticas. Resultou no ótimo trabalho ofertado a toda comunidade escolar que dela participou.

Encaminhamento didático:

Quero pedir-lhe que escreva um poema. Um pequeno poema com 5 linhas ou mais se você quiser. É simples... são seus sentimentos com a experiência vivida! Precisamos de você. Escreva, ouse, não se censure. Eu ajudo: olhe a foto, feche os olhos e relembre tudo o que viu e viveu desde o início de todo o trabalho, ao abri-los comece a escrever... Sem medo!

O que eles viveram antes da quinta estação? Vivenciaram brevilóquio a partir do som impactante do "big bang"; de olhos vendados, andavam descalços na trilha interpretativa especialmente preparada, no bosque da escola, pela professora de turismo e seus alunos, desfile de sensações, cheiros, texturas, percepções e sentimentos enquanto iam sendo conduzidos por alunos ou alunas do ensino médio e técnico até o espaço da “Dança da Chuva”.

Algumas das escritas vívidas e representativas dos ciclos iniciais (da educação infantil ao primeiro segmento do ensino fundamental), respeitando registros originais, sem trabalhar aspectos discursivos e processos de retextualização, pretextos pedagógicos pensados a interlocutores proficientes aqui personalizados:

Emylin: “Eu sitim medo e alegria. Natureza e vida e boa para caba atriteza, Eu seque si doprobemas”.
Eduardo: “Os idos dasuão e acradese a deus”.
Jennyfer: “Eu me senti tão legal fazendo essa dança que eu fiquei tão impressionada que eu me senti uma deusa do sol”.
Hellen: “Nesse desenho, eu acho que os homens destruíram tudo e querem de volta”.
Nathalia: “Lá dentro fez um barulho muito alto, mas no final eu balancei o meu esqueleto. Foi muito legal”.
Suzielly: “Eu percebi que os zomis estão dasado a musica dos índios”.
Fabiana: “Eu vivi uma grande emoção, ouvi uma grande explosão, pizei no baro”.
Warlene: “Eu sinto que os povos e homes estão muitos triste”.
Paulo Victor: “Os homens estão triste e estão batendo no chão com os galhos de árvore”.


As reflexões ali naqueles cenários preparados com carinho alinhavaram a pauta dos conteúdos sobre o aquecimento global e algumas de suas consequências:

- Aumento do nível dos oceanos: com o derretimento das calotas polares provocado pelo aumento da temperatura no mundo, tende a aumentar o nível das águas dos oceanos, podendo ocorrer, futuramente, a submersão de muitas cidades litorâneas.

- Crescimento e surgimento de desertos: desmatamento e queimadas somam ao aumento da temperatura, provocam a morte de várias espécies animais, vegetais e desequilibram vários ecossistemas contribuindo para o fenômeno da desertificação.

- Aumento de furações, tufões e ciclones: o aumento da temperatura potencializa esses tipos de catástrofes climáticas, porque o aquecimento faz com que ocorra maior evaporação das águas dos oceanos.

- Ondas de calor: muitas regiões de temperaturas amenas têm sofrido com as ondas de calor.

Assim hoje nos perguntamos: “2010, ano da biodiversidade: o que eu tenho a ver com isso?”.

Somos interdependentes: O que aprendemos com as crianças e os jovens nos “bancos” das escolas? O que é preciso para que cada aluno acredite que também pode ensinar? O que é aprender a aprender?



Imagem 1: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuw_5jY3XGt505rnzc0hz31otHXNEe5bgkEbmCOIsgESMt8nPfZM7t-SHkGJAjp2FlsUQE0DfGU4tcfm0R1qktGUp_zd8c47lj_xeHKBJiz0w4aoj0obSuIng51MVBTr8mby5oUVGnB2E/s1600-h/dança+da+chuva.jpg
Imagem 2: http://2.bp.blogspot.com/_WyQoRnesiRA/S87sazJ-0vI/AAAAAAAABE4/tu2bMwXBRF4/s1600/chu.jpg
Imagem 3: http://www.iande.art.br/musica/etenhiritipa.htm
Imagem 4: http://www.videonasaldeias.org.br/2009/video.php?c=65

domingo, 15 de agosto de 2010

Quando o corpo fala: a interdisciplinaridade em jogo de emoções

Da conversa entre a professora de educação física e o professor agrônomo, apaixonados pela vida e cinéfilos de carteirinha, durante uma carona para a escola, surgiu a idéia de criar e ofertar alternativas diferentes na semana de “jogos educativos” - da escola que atuamos. Os jogos foram realizados em duas semanas distintas: uma para o alunado da educação infantil ao primeiro segmento do ensino fundamental. E na outra semana, exclusiva para o alunado do segundo segmento ao ensino médio, incluindo a EJA.

E daí você pode nos perguntar o que a proposta tem a ver com a educação física? Assim como a da postagem anterior? Quem sabe ao final possa também redefinir os sentidos da prosa e os significados recolocados. As aprendências nascem nessas trocas de percepções...

Dentre os objetivos desejados pela professora, redefino a pluralidade e a bricolagem de sonhos, projeções e ação, com a apresentada em seu relatório: “ressignificar as atividades físicas e promover novas leituras de mundo através dos meios tecnológicos como o cinema, dvd, computadores e os rituais do próprio corpo e suas emoções”.

- Como foi desenvolvido o programa para o alunado da segunda semana?

- Em cinco sessões, uma a cada dia, ocupando somente um período diurno, e com a duração de 3 horas. Cada sessão em 3 etapas: a) vivências corporais - jogos expressivos, por 30 minutos; b) sessão de filmes com duração de 90 minutos; c) responder a um questionário intitulado “jogo da emoção”.

Olha a programação dos filmes escolhida pela dupla vibrante, cuja resenha aqui transcrevo, com pouquíssimas interferências:

1º dia: O Cortejo – Cirque Du Soleil: o corpo em perfomance.

A técnica, o domínio, o treinamento e a disciplina com arte. O fascínio do novo circo ecologicamente sem animais.

2º dia: Hair

Musical, produzido em 1979, retrata as profundas mudanças sociais, o movimento hippie, a guerra do Vietnam, rebeldia e ideais dos jovens dos anos 60 e 70. Proibido no Brasil, só foi liberado nos anos 80. Duas canções tornaram-se ícones culturais, como “Let the Sunshine In” e, principalmente, “Aquarius”. A cena de um dos jovens em jeans, camiseta e tênis imundo, dançando em cima da mesa de um importante jantar também se tornou ícone no mundo todo. A rebeldia e a transgressão dos jovens da época, no Brasil foi retomada numa propaganda de tênis esportivos e fez grande sucesso nos anos 90/2000.

3º dia: Flash Dance

Outro musical, este de 1983. Traz o problema da moça pobre, dos subúrbios, que de dia trabalha como soldadora numa construtora e de noite dança num cabaré esperando a oportunidade de um teste que possibilite abraçar a carreira da dança erudita de forma séria e respeitada. As poucas oportunidades dos jovens pobres das periferias, os sonhos, a discriminação das carreiras artísticas e a importância da determinação e persistência para mudar de vida. O tema principal “Flash dance” também se tornou uma das canções mais conhecidas e dançadas do mundo.

4º dia: West Side Story

Terceiro musical (1961). Traz a intolerância racial entre os jovens dos países ricos e dos países pobres. Jovens dos guetos americanos contra os jovens imigrantes porto-riquenhos. A violência das gangues de rua. Considerada uma releitura “moderna” de Romeu e Julieta, de Shakespeare. No Brasil, recebeu o nome de “Amor sublime amor” e a trilha musical principal também eternizada dentre as canções de amor mais conhecidas no mundo.

5º dia: Bad (Michael Jackson).

Clip de 1987. Apresentado na íntegra. A inspiração poética na abordagem da mudança de comportamento do jovem do subúrbio que concluindo o ensino médio e valorizando a escola, volta para o gueto onde mora e se depara com os amigos ainda com comportamento marginal. Discriminado e desafiado adota uma postura falsa de criminalidade e desmascara os amigos. Luta entre o bem e o mal, as escolhas dos jovens, a auto-afirmação. Seu sucesso e sua obra são considerados de grande valor por promoverem a integração racial. Sua música e dança influenciaram muitos artistas do soul, jazz, hip-hop e música popular no mundo todo.

A terceira parte, a escrita, como proposta de aproximação semiótica e discursiva, para a assistência interlocutora expressar o vivenciado ali, teve como título o “Jogo da Emoção – Quando o corpo fala...”, organizado em duas colunas, com frases incompletas a insinuar complementação, espaço aberto de dizeres - olhares, silêncios, escritas: “EU SENTI...”, e na segunda coluna: “E PRECISO FALAR SOBRE...”. Abaixo, vinha escrito: Classificação/Importância, incentivando opiniões.

Temas relacionados com a escola, a vida e os problemas que hoje enfrentamos. Após a escrita, houve reflexões em conversas informais, para falar, ouvir ou debater impressões, expressões, percepções...

A intenção era criar outro espaço para vivenciar a experiência de educação para o sensível, para a paz - como proposta interdisciplinar relacionada aos jogos internos. Outra opção pensada para alunos que não participam dos jogos. Alguns docentes também se fizeram presentes nas programações ofertadas.

Na avaliação do público presente, o evento deve se repetir.

- O que o cinema tem a ver com a educação física e nas semanas de jogos escolares?


Imagem 1: http://terrydoesart.blogspot.com/2009/06/3-piece-jazz-10x12-acrylic-on-stretched.html
Imagem 2: http://www.nytimwa.com/2006/09/29/arts/design/29pica.html?_r=1
Imagem 3: http://portuguesbrasileiro.istockphoto.com/stock-illustration-1511367-free-flow-jazz.php

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A práxis de educação física nas trilhas da escola: água na boca

"Só tô lhe contando que é pra lhe dar água na boca". (Baticum, Chico Buarque)

Naquele lugar tem tudo de bom e do melhor. Gente, bicho, planta, alunado e professor apaixonado.

Dentre os relatórios pedagógicos da escola, referente ao primeiro semestre, o que mais me encanta é ver a contemplação e ouvir a voz das crianças, no discurso escrito de professores, narrativas que nos entorpecem de beleza e encantaria seguindo pistas de suas aprendências, falas, clamores, desejos, reticências, re-olhares, atitudes e perspectivas.

O que nos alegra é o contato das crianças com o meio, percebendo-se nele e interagindo com o adulto que lhe transmite segurança, alegria e vontade de dizer:

“Nosso peixinho dourado” – para a carpinha que vive no laguinho. O lago da escola tem formato de borboleta. Por ali sobrevoam “borboletas azuis”. E outros dizeres mais: “os peixinhos de bigode”, “o peso corporal deles e o peso das tartarugas”, “os besourinhos alaranjados que nasciam e cresciam na parte baixa dos troncos das árvores, ao lado da sala de Educação Física, e um dia foram embora”...

Cantos. Dias e momentos necessários de conversar com os animais, acalmar-se, assim os pássaros no silêncio ouvido e o rompimento para imitar o cantar dos tucanos... (Você já ouviu um tucano cantando?)

- “Professora eles tão com fome?”, “acho que é um filhote que tá perdido...”, “a mãe dele vai dar comida para ele?". E para o gavião visitante imponente no alto da árvore: “acho que ele gosta da gente, né professora?”.

Beleza. Caminhando pelas trilhas da escola: ”você fica linda professora”, assim enfeitaram-na com flores encontradas, logo colocadas entre as mechas de seus cabelos. Ou buquês de flores catadas em um copo a enfeitar a sala de Educação Física.

Medo e surpresa. Incontáveis cascas das trocas dos corpos das cigarras que a curiosidade os fazia pensar que estavam mortas e então se surpreendiam com a transformação. No meio da brincadeira, para meter medo, iam pendurando na roupa da professora pelo meio do caminho... E o corpo dela andava feliz com as idéias deles.

Comércio. A árvore com frutinhos vermelhos mesclados de preto e branco, caídos no campinho, fez surgir muitas perguntas, por ser muito bonito e diferente. Era da família do guaraná. Adoraram saber que a "priminha do refrigerante" lá estava, catavam e usavam na brincadeira da “confeitaria” (“docinhos” com terra). A professora visitava e comprava os docinhos. Os preços variavam: um real, dez reais. (Dez reais por um docinho?).

Representação. O “teatro da floresta” a partir das lendas, no campinho no meio do bosque. Ali transformam idéias em ações com os recursos disponíveis: troncos, folhas, flores, gravetos. Delimitam o espaço da cena, ornamentam o ambiente, criam vestuários para personagens imaginários. E assim vão organizando no tempo das ações expressivas. E as vivências ganham novos sentidos. A professora ajuda refletindo sobre como o texto narrado indica, pede, determina a ação e o sentimento que ela trás. Roteirização a deslanchar improvisos corporais e sonoros.

Jogos esportivos. Com eles, o entendimento do ganhar e perder, aceitação das diversidades de talentos que vem à tona, o reconhecimento e superação dos próprios limites, a firme convicção nos valores da cooperação e da ética para obter sucesso. As mídias. O marketing esportivo. A sexualidade. O consumismo. Conversas e reflexões. Perguntas feitas pelos alunos e respostas muitas vezes dadas por eles mesmos. Reprimendas sobre ofensas pessoais e linguajar obsceno. Respeito pelos pais e pela escola. E a proposta dos jogos internos da escola. Vínculos necessários com os professores regentes. Ações integradas repensadas, desejadas, necessárias.

Nessa práxis, educação física e educação ambiental estão vinculadas, tem tudo a ver. Ali em todo o movimento pulsa a interdisciplinaridade. O currículo é vivo! As crianças se sentem libertadas. Felizes alegram mais. Outras estão aprendendo a lidar com os afetos e suas emoções como que surpresas, sobre maneira que amar é preciso!


Imagens da Escola: arquivo pessoal

domingo, 8 de agosto de 2010

Aprendências da didática: a práxis em ação

O que venho percebendo nas leituras de relatórios e projetos pedagógicos, em pleno protagonismo escolar, é a preferência pelo aspecto condutor do trabalho que garanta o caminho da lógica, das tendências do pensar do professor, na perspectiva do ensino, ou seja, o projeto é pensado pelo professor para o alunado.

O caminho autopoiético, das subjetividades e fruição, não é um caminho incerto. Muitas vezes a recondução do processo pedagógico nos faz entender melhor as texturas das aprendizagens e a complexidade das não-aprendizagens. Considerando a lógica da vida sabemos que, em processo de inversão, a dor, o sofrimento, ou o fracasso na escola, nos reconduzem a buscar outros sentidos e melhores alternativas, diante do automatismo de toda rotina vivenciada, escolhida, preferida. O sofrimento é criador de sentidos e é, portanto, ativo. Não há sofrimento que seja apenas físico. Sabemos que os sujeitos se constroem em sua história de vida. A consciência muitas vezes vem na contramão. A educação é práxis e a linguagem - produção e expressão de sujeitos humanos imersos na coletividade.

- Quem somos? O que queremos?
- Qual consciência tenho do meu fazer? Como procuro conhecer o que faço e por quê?

Na escola, o conhecimento é vivenciado e produzido na relação ensino-aprendizagem, e se reprocessa o que se produz academicamente, porém, a pressa pode valorizar o modismo e chavões pedagógicos, que se tornam presentes nos discursos, infelizmente, a práxis pode ser outra da porta da sala para dentro, com pouca base teórica e reflexão práxica, a cristalizar, por vezes, equívocos metodológicos e provocar/continuar com as crises na escola, cada vez mais intensificadas quanto distante estiver da necessária autocrítica do professor pesquisador, primeiro estágio da formação continuada. O projeto pedagógico do professor pesquisador é feito com o alunado, e não mais para ele. Protagonismos reúnem e concertam (com c), em média, 50% do ensino e 50% da aprendizagem. Mas, sabemos que o desafio da dialética é estudar o todo na parte, sem decepá-la desse todo (Frigotto, 1994). O desafio do professor é compreender a parte nas ligações com a totalidade, repensado as arbitrariedades sobre a realidade. É preciso se reorganizar.

Por que o aluno não aprende? As dificuldades de aprendizagem são eventuais. É uma questão a observar e conhecer em cada realidade e no contexto das interações. A polifonia das muitas vozes se opõe ao discurso monológico dos "dominantes". Requer observar melhor os determinantes históricos que perfazem e a dimensão subjetiva da objetividade e a dimensão objetiva da subjetividade.

Isto quer dizer que precisamos investigar melhor os determinantes históricos que perfazem e norteiam a objetividade e a subjetividade na percepção individual, por exemplo, acerca do fenômeno que entrelaça o fracasso escolar a engrossar o caldo da fome compulsória ou aumentar a fila do cobertor nas geadas -, e como ambas contribuem para a compreensão do fenômeno curricular.

Algumas disciplinas valorizam a dimensão subjetiva e outras valorizam a dimensão objetiva. Mas, percebemos aos poucos que há objetividade na subjetividade e subjetividade na objetividade em busca da inteireza no processo formativo do alunado e sua cidadania.

Como se integram as duas dimensões (o objetivismo abstrato e o subjetivismo idealista) em cada disciplina e como as interfaces acontecem entre áreas e campos distintos? Ocorre a necessidade de conceber na práxis o conceito de interdisciplinaridade. Segundo Fazenda (1996), o primeiro passo em direção a um fazer interdisciplinar e um pensar interdisciplinar, é nos perceber interdisciplinar. Para isso é preciso considerar os níveis de realidade habitados pelos professores (Nicolescu, 2000) e alunos, é um trabalho incansável da escuta, da sensibilidade, do olhar atento. Para Fazenda (2003), a escuta sensível é indispensável no processo de compreensão da interdisciplinaridade. A humildade – outra atitude interdisciplinar – possibilita um olhar de totalidade, faz com que o pesquisador, no silêncio, perceba a gama de ambigüidade que o cerca.

Respeitar o que o aluno sabe, faz parte de uma linha do conhecimento a nos exigir novas leituras, para que o planejamento da aula concerte as possibilidades do outro. Cada texto vive em contato com outro texto (o contexto). Tomando como pressuposto, a visão da história que não exclui o particular no processo e contexto das aprendizagens, porque entende que a subjetividade só existe a partir da coletividade e do social, mas, sobretudo, também procura perceber o Outro na totalidade do momento, ou seja, em cada ato, coordenação e operação do pensamento registrado nas atividades escolares, dando abertura ao protagonismo no campo do multiletramento, pela visão que busca conciliar polissemia e unicidade textual através da dialética, capaz sim de tecer diferentes caminhos e redes temáticas, a partir do fio condutor do planejamento articulado às identidades enraizadas nos sujeitos aprendentes, a vincular ainda os fios do conhecimento - construído pelos múltiplos sujeitos ao longo da história.

A didática não pode ser vista como “arte de ensinar”, com “receitas” de como ensinar e agir em sala de aula, nem como técnica que dinamiza o ensino e resolve problemas de disciplina e desinteresse do aluno no cotidiano escolar. A didática, para Frigotto (1996), no plano material histórico-cultural, é um desafio teórico e epistemológico, muito mais do que uma questão de meios, pois a didática deve ser efetivamente pensada e encaminhada a fim de evitar questões bloqueadoras que possam ocorrer nos processos de conhecimentos previamente construídos pelo aluno em suas interações e aprendizagens.

Por isso penso que mais do que epistemológica, a didática é uma questão cultural. A linguagem pedagógica penetra no mundo da cultura e no interior das relações sociais existentes. Professores e alunos, como protagonistas da prática educativa, segundo Kramer (1993), “estão imersos na cultura, são autores, produtores e criadores de linguagem. Atores vivos de um conhecimento vivo e nem sempre científico ou sacralizado como tal”. Assim as certezas transitam em meio também as incertezas.

O aluno não pode fazer apenas parte da platéia que ouve informações “escolares - acadêmicas”, verificáveis, úteis, funcionais e instrumentais. Suas vozes precisam ser ouvidas e as narrativas precisam fazer parte do processo das aprendizagens, a narração é produto da voz e de tudo o que é aprendido com o Outro, na vida social, por isso a necessidade da escuta como parte de construção ou recolocação da didática. Qual tem sido a prática social comum de alunos e professores na escola? E fora dela?

Segundo Bakhtin (2003, p.400), o sujeito como tal só pode ser percebido e estudado como “produtor de textos”, não pode tornar-se mudo, mas, como “sujeito que tem voz”, nunca como coisa ou objeto, o conhecimento dele nesse sentido só pode ser dialógico. Um projeto pedagógico deve, sobretudo, aprender a desfazer os nós, incluindo o caminho autopoiético, as margens das incertezas, pois, segundo Maturana e Varela sugerem, temos de aprender a seguir na trilha mediana, em busca da regularidade, ou seja, “a caminhar sobre o fio da navalha, evitando os extremos representacional (ou objetivista) e solipsista (ou idealista)” (2005, p.263), até porque a outra parte, os outros 50%, é composta pelo conjunto das aprendizagens efetivadas nas interações e movimentos pedagógicos naturais e culturais de uma turma de alunos. Nem sempre a interpretação pedagógica corresponde exatamente às possibilidades compreensivas até então trilhadas.

Como explicar a semente de feijão que, contrariamente, germinou no solo arenoso, como um cacto, e talvez entre pedras, e não aquela cultivada em terra bem cuidada, diante de um grupo de alunos? Arrancar a planta teimosa ou quem sabe transplantar de vaso, de explicação mais plausível...

Não há um único caminho para se chegar a uma resposta, diante da realidade das não-aprendizagens, e construir o caminho metodológico é parte fundamental no processo de elaboração do conhecimento. A didática é uma teoria pedagógica preocupada em estudar e ensinar como transformar o saber escolar em conhecimento historicamente sistematizado pelo sujeito em seu processo de construção do conhecimento. Há várias respostas possíveis para o mesmo problema.

- O que determina a escolha de um conteúdo e do caminho pedagógico a percorrer no ensino?

Sobre concepções que norteiam a práxis e visam, sobretudo, buscar as formas mais adequadas de condução da atenção e o protagonismo do aluno para os aspectos pensados, Leontiev (1981, p.203) nos ajuda a pensar, pois, para que “um conteúdo seja conscientizador é mister que este ocupe dentro da atividade do sujeito, um lugar estrutural de objetivo direto da ação e deste modo, entre em uma relação correspondente com respeito ao motivo dessa atividade. Este postulado serve tanto para a prática como para a atividade teórica".

Qual é o motivo do ensino que permeia cada didática proposta? A ciência? O programa? O aluno? O contexto? O recurso? O professor como pesquisador de seu próprio fazer pedagógico articulado ao projeto pedagógico da escola, (re)pensa a compatibilidade entre a metodologia escolhida e o motivo pensado, e se esse caminhar potencializa as aprendizagens do alunado, valorizando competências e habilidades mediante o espectro das múltiplas inteligências, no campo dos possíveis e necessários.

Vou seguindo aprendendo nesse caminhar, com coragem suficiente para enfrentar as minhas certezas e abrir mão delas, se for o caso, em nome das novas alfabetizações e mediações que se fazem necessárias no contexto.

"Quando a justa tensão e a harmonia da alma chegam a perder-se, é preciso começar a bailar (...) essa era a receita da medicina" (Vigotski, 2001, p. 311). 

Referências
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
FAZENDA, Ivani (Org.). Práticas interdisciplinares na escola. 3 ed. São Paulo: Cortez, 1996.
______. Interdisciplinaridade: qual o sentido? São Paulo: Paulus, 2003. (p. 84).
FRIGOTTO, Gaudêncio. A formação e a profissionalização do educador: novos desafios. In: SILVA, Tomaz Tadeu da; GENTILI, Pablo (Org.). Escola S.A. quem ganha e quem perde no mercado educacional no neoliberalismo. 2 ed. Brasília, DF: CNTE, 1999.
____. O enfoque da dialética materialista histórica na pesquisa educacional. In: FAZENDA, Ivani. (Org.) Metodologia da pesquisa educacional. São Paulo, Cortez, 1994.
GENTILI, Pablo. A falsificação do consenso: simulacro e imposição na reforma educacional do neoliberalismo. Petrópolis: Vozes, 1998.
LEONTIEV, Alexei. N. Actividade, conciência, personalidad. Habana: Pueblo y Educación, 1981.
MACHADO, Nilson José. Epistemologia e didática: as concepções de conhecimento e inteligência e a prática docente. São Paulo: Cortez, 1996.
MATURANA, Humberto; VARELA, Francisco. A árvore do conhecimento: as bases biológicas do entendimento humano. 5 ed. São Paulo: Palas Athena, 2005.
VIGOTSKI, Lev. Psicologia da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.


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