terça-feira, 19 de outubro de 2010

Impactos do adoecer: a doença como experiência subjetiva e pedagógica

A dor é subjetiva. O que isso significa para nós pacientes vivendo as experiências da doença? Qual a perspectiva do paciente e de seu contexto sócio-histórico? Cada pessoa reage à doença de uma forma única, de como lida e aprende a lidar com momentos de fragilidades, experiência interior de reflexão, formas de superação, um mundo de complexos, talvez por diferentes e inúmeras carências materiais, sociais e afetivas, e de como ela é vista ou acolhida do ponto de vista da família, dos amigos, dos colegas de trabalho e toda a sociedade.

 Durante o tempo que estou vivenciando os limites da dor, da cura, dos atendimentos do plano de saúde do município, dos cuidados médicos e fisioterápicos vou convivendo com outras pessoas em diferentes situações. Também percebo ali a necessidade de um acompanhamento assistencial, psicológico, solidário e paciente. É algo paradoxal? São muitos os doentes que requerem atenção.

A gente que trabalha com criança na escola e de educação infantil, adquire a experiência de saber ouvir e ler gestos, olhares, toques, humores, passos além de letras e raciocínios. As questões subjetivas influem consideravelmente no desempenho do dia, da hora, dos cinco minutos e mais quinze outros após o recreio...

A tolerância da família como vai? Pois é, como se formam as pessoas no turbilhão do cotidiano? A recuperação é subjetiva. Como são atendidos os pacientes nos planos de saúde pública? E voltamos à questão de conceituar o que é saúde? Voltamos a pensar na reeducação de hábitos, reprogramação de rotinas, cuidando de tempo para lazer, postura, valores sociais, morais e éticos.

O que acontece quando de repente somos pegos de surpresa por uma doença grave na família ou de pessoas amigas? Ou se percebermos que somos nós os portadores dessas doenças?

Depressão mata? Somos produtos do meio. Poderemos ser salvos pelo fato de aprender a elaborar os próprios limites e empreender uma revisão de estilo de vida. Quem pode orientar os sujeitos? Há um complexo mundo de significados a considerar nos relatos de pessoas com sintomas adversos da saúde, respeitar limites delineados por sentimentos, cognições, comportamentos e as relações que se agregam aos sintomas físicos.

Daí me vem o importante serviço da “medicina do trabalho” e de como ela atua nessas questões corretivas e no aspecto preventivo, formativo do trabalhador. O Brasil está preparado para cuidar da saúde integral? Ou vamos correr contra o relógio, o tempo, os momentos em busca da melhoria da qualidade de vida? O que é mais dispendioso: preocupar-se com a iluminação, o mobiliário adequado, a postura do trabalhador, o tempo do cafezinho, do descanso a cada hora de trabalho.

Aqui venho eu com outras reflexões importantes: Por que uma hora aula é de quarenta e cinco minutos? Quando foi estabelecido e por quê? Qual o nível de atenção e distração de cada faixa etária? Como as aulas devem ser programadas? Qual a didática correspondente? Como isso é pensado nos planos de aula? Como os conteúdos moldam e equilibram essas relações de ensino-aprendizagem? Como o sujeito aprende?

A didática é uma ciência a ser respeitada porque estuda os limites humanos em cada faixa etária. A didática não é o uso exclusivo de materiais como cartazes, data-show, aulas-passeios, lápis de cor, filmes, computadores etc. Ela deve sobremaneira cuidar dos recursos humanos, suas condutas, seus estilos, sonhos, frustrações, competências, potenciais, processos cognitivos e metacognitivos. Ciência da educação é, sobretudo, também reprogramação de atividades procurando adaptar-se a um contexto, a uma realidade e a respeitar os processos inclusivos.


Cuidar de programas de formação, prevenção e correção é o que a gente precisa ouvir nos projetos políticos a fim de repensar os vícios posturais do sistema como um todo. Desta forma teremos condições de economizar muito mais, investir no humano a fim de repensar a qualidade de vida planetária. Somos todos um.

Imagem 1: http://quemdividemultiplica.blogspot.com/2008/05/vrftcycftgrcvfcv.html
Imagem 2: http://psiadolescentes.files.wordpress.com/2007/10/adhd.jpg

Nenhum comentário:

Postar um comentário