sábado, 19 de fevereiro de 2011

Belém: a flor das águas

A nossa Escola esteve ontem, dia 18.02.11, reunida com o professor da Universidade Federal do Pará, Aldrin Moura de Figueiredo, do Departamento de História, que coordena o diretório de pesquisa História Social da Linguagem, no CNPq, e reúne pesquisadores de diversas instituições brasileiras, para saber mais sobre o nosso patrono, o professor Eidorfe Moreira.


A palestra de Aldrin precede às comemorações do centenário de nascimento do professor, em 2012, falecido em 1989, nos ajudando a reunir mais saberes acerca do “filósofo da Geografia”, no dizer do jornalista e sociólogo Lúcio Flávio Pinto, e também denominado carinhosamente pelo professor Benedito Nunes, pensador raro e um dos fundadores da Faculdade de Filosofia do Pará, como o “filósofo das águas”.

O nosso mestre das águas define assim a região amazônica, através de seus densos estudos: “em nenhuma outra região o rio assume tanta importância fisiográfica e humana como na Amazônia, onde tudo parece viver e definir-se em função das águas: a terra, o homem, a história. Aqui, mais do que em qualquer outra parte, será acertado dizer que o rio condiciona e dirige a vida”. (Moreira, 1989, p.63).


As ilhas que rodeiam Belém constituem-se como guirlandas a ressignificar a paisagem de nossos sonhos, até porque aqui a palavra-mundo ladeia, mergulha e ressurge das águas. Os corpos,  se relacionam semanticamente, sobremodo, a poética das águas amazônicas. Fruição imanente cuja tangibilidade sobrevive às contradições urbanas, atravessando suas cercanias com graça, leveza, verdades e esperanças.  Ressignificações importantes.

Novo tempo de estudos, metaforização, interfaces e discussões religam saberes e conhecimentos na Escola, alargando espaços internos e misturando-se na comunidade com o objetivo de valorizar ainda mais as aprendizagens de alunos e alunas, a ressignificar projetos pedagógicos, fomentar a plurissignificação do cotidiano ribeirinho, rediscutir as contradições urbanas - as mazelas da violência que assolam cotidianos.

As referências nos levam a viver a palavra criatividade, a conjugar o verbo fruir, a dar novos sentidos, sentimentos e asas ao pensamento multirreferencial, ao conhecimento integrado, à imaginação, enfim, nos permitem retextualizar a educação nas releituras das palavras natureza, cultura, sujeito ecológico, multiversos, vida.

A partir do olhar crítico de Eidorfe, e em sua expressão geográfica e esteta, as ilhas formam a guirlanda de Belém. A Belém sem montanhas, historicamente nasceu para o mundo de costa para o rio, pelo medo estratégico de seus colonizadores a esvair suas riquezas além-mar: madeira, borracha, ouro, ferro, frutos... É tempo de aprender, desconstruir, mas, ressignificar cercanias, imanências, sobrevivências e transcender.

Libertar-se da departamentalização do conhecimento. Movimentar memórias, combinando e religando pretéritos, quimeras e realidades, complexidades etnográficas....

Como filósofo das águas, o paraibano Eidorfe, descobre a Amazônia a partir da imagem de um igapó, assim reedita a Belém insular, a Belém das águas em sua poligrafia, como Irlanda ou Veneza dos sonhos a realimentar as paisagens de nossos e novos sonhos.

Donde Dubai surgiu? Multividência sobre delírios! Desertificada emerge como oásis nos Emirados Árabes, sonho de consumo de alguns. Bela ironia em termos de gerenciamento ambiental do novo mundo. Cidades educadoras... Para onde caminha a humanidade? O planeta responde.

Abraços complexos!


Referências
MOREIRA, Eidorfe. Obras reunidas. v.1. Belém: Conselho Estadual de Cultura/Secretaria de Estado de Educação/Cejup, 1989.


Imagem 2: http://www.zenitude.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/11/abraco_arvore.jpg

2 comentários:

  1. Maria,
    Penso que esse "despertar" para as obras de Eidorfe vai dar muito pano pra manga para a pesquisa e implementação de novos trabalhos. A presença dos professores da Escola no evento sinaliza para esse reavivamento constante da EB.

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  2. Geldes,
    Olhar de esperança sinalizada: etapa das pesquisas em processo referente ao Bullying e estudos sobre Eidorfe combinando palestras programadas com nomes a nos fazer (re)conhecer a obra do nosso "filósofo das águas" abre um tempo de ressignificação pedagógica que mobiliza a comunidade e impulsiona aprendizagens e as perspectivas do alunado...

    Para finalizar Adriana Calcanhoto em Senhas: "Eu não gosto dos maus-tratos... Eu gosto dos que tem fome, dos que morrem de vontade, dos que secam de desejo, dos que ardem...". E em Pais e Filhos, Renato Russo: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã... Você culpa seus pais por tudo/é absurdo/são crianças como você/o que você vai ser/Quando você crescer?".

    Beijinhos Complexos!!!
    "eu gosto

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