terça-feira, 26 de outubro de 2010

Bullying não: escola é lugar de aprender e sonhar

Até entre alunos parece se consolidar que na prática a teoria é outra, ou seja, por que humanos se parecem tão contraditórios? Pelo menos é o que venho percebendo a dificuldade de admitir a existência de Bullying nos discursos escritos e imagéticos de crianças ou jovens. Talvez por ser o tema tão dolorido, preferem sublimar e falar de afetividades, regras de convivência, orientações ou sugestões ao leitor de seus textos e desenhos. Pouquíssimas crianças desnudam o que testemunham a respeito do tema.


Não que se queiram imputar a existência da violência em crianças e jovens que frequentam as escolas públicas, mas, é o que se percebe quando a estatística e a mídia levantam sobre a realidade de números e fatos cotidianos. E não só em escola pública. A cada dia nos assombramos com a existência de novas práticas que estampam os jornais e telejornais materializando a presença da geração atual agonizando a violência entre si ou aliciada por adultos.


Essa geração vem nos confirmar que a escola é lugar de aprender e por isso lá estão. Motivo para não sofrermos tanto assim. Ou não? O que a escola tem a oferecer de beleza e encantarias? Os sonhos e até os desejos ali nos entregam junto às nossas responsabilidades de ensinar e formar cidadãos de bem. E como trabalhamos a alegria na escola misturando às ciências nossas de cada dia?


O que aprendemos em nossa formação de professores e pedagogos? O que as cartilhas sobre Bullying nos ensinam na prática que se interdisciplinariza com a Vida e o cotidiano, ou seja, também perpassa, se modifica e se enreda nos saberes dos alunos? Regras de convivência, de fazer melhor, de discursar o tema que lhes é tão dolorido, de assistir outras realidades em filmes... De se escancarar o Sistema Febem, os números dos Conselhos Tutelares, dos CRAS, de noticiários sanguinolentos, ou mesmo de ouvir sobre relatos mais próximos... Mas, o que os alunos querem? Silenciar o tema ou apagar da memória, se possível, a realidade desassistida.


Carteiras quebradas, paredes riscadas, banheiros sujos, latas de lixos vazias, chãos sujos, copos ou pratos de merenda largados no recreio, plantas arrancadas ou pisadas, volumes de livros de ocorrências se apinhando e desvelando choros, soluços, ironias, vinganças, faltas, lacunas, abandonos, maus-tratos, fomes, ausências, abusos e silêncios nas salas de técnicos pedagógicos. O encaminhamento diante das mazelas sociais desassistidas é o de repassar aos órgãos disciplinadores competentes as realidades que atrapalham a práxis pedagógica.


- Qual é a função da escola?


Essas crianças e jovens parecem nos dizer que querem aprender. É a esperança da família depositada na escola e decantada a eles. A escola continua promovendo as aprendizagens, e as não-aprendizagens como vem sendo trabalhadas? Qual é o perfil de aluno que aprende e obtém melhor desempenho nas escolas? O de boa família ou o da bolsa-família? E as bolsas de estudos e as premiações, quem promove e quem as recebe? Quem recebe elogios, abraços, chamegos, atenção, palavras de estímulo? Qual é o mérito? Qual a dignidade?


Assim se faz necessário pelo que venho lendo nas produções de diferentes alunos, fazermos revisão de nossa práxis. A visão cartesiana da educação, capitalista ou neoliberal, vê lugar no mundo do trabalho e das boas famílias os melhores alunos e no submundo os alunos que não conseguiram aprender nos “bancos escolares”, porque ali na escola é lugar de alunos de famílias onde se tem afetos, cuidados e valores aprovados, santificados e justificados. Discurso moral, moralizante ou amedrontador consegue promover as não-aprendizagens e evitar a formação de futuros marginais?


Os alunos após palestras, conversas, releituras de filmes e livros de literatura parecem querer dizer do que costumam ou mesmo gostariam de ouvir e ver como válido, mas, há aqueles que se fazem fruir e preencher de versos os encantos que guardam em seus ouvidos e corações, ou mesmo admitem a realidade que lhes confronta ou perturba no cotidiano e nos perguntam como adultos e senhores de conhecimento: o que podem fazer para além das lições ou sermões?

Qual tem sido a resposta das escolas para esses apelos silenciosos, semi-abertos, desviados, negados ou escancarados? A pedagogia de projetos aprende a reler a realidade e propor alternativas. Como se conquista os alunos para que possam atuar em seus protagonismos e não como mero público-alvo, mas, convidados a saber pensar com os adultos e encontrar caminhos para ornamentar de sorrisos a sua vida que se constata em suas múltiplas linguagens o sentido retificado de que na prática a teoria é outra. O projeto não deve ser feito para o aluno, mas, com o aluno para que se respeite a forma como ele pensa e não como ele recebe mastigado o fazer, o executar.


Desafio de escrever na cartilha da escola as experiências recolocadas daqueles que testemunham ou são alvos de seus cotidianos que integram os sistemas governamentais de nossas relações escolares e interdependentes, a partir do percebido nas múltiplas linguagens do alunado.


Buscamos ouvir os alunos em turmas de ensino fundamental I, II e ensino médio a fim de pensar junto a eles os caminhos que precisamos trilhar e propor como projeto as ações que nos ensinam a saber pensar, fazer e aprender com seus protagonismos. Desafios, desconstruções, dificuldades, perspectivas são tantas e necessárias nesse processo.

O que a nossa formação é capaz de aprender a dialogar com seus pensamentos estará fazendo parte desse percurso continuado das aprendizagens, porém, se mistura com a vontade de fazer a partir da forma de saber ouvir os silenciadores que aplacam as dores de falar, insinuar e definir a violência que assola a realidade das escolas brasileiras neste aqui, mas, que nos percebemos a partir de nossa escola e por intermédio de nosso alunado os riscos de dizer e reunir mais conhecimentos que nos fundamentem no alento de realizar e pelo menos descruzar nossos braços. Se o erro para nós é como fonte de virtude então não se pode retroceder. Chega de lavar as mãos. Coragem de nos assumir frágeis no percurso e refletir juntos diante de um erro faz parte de quem quer aprender fazendo. Sabemos que são eles, os alunos, capazes de nos apontar o caminho a pensar e a fazer.


O que a política tem a ver como o nosso projeto pedagógico? Tudo. E por isso chamamos de projeto político pedagógico. As definições que chegamos e vamos complementar precisam se consolidar em ações. Por enquanto a ação de ouvir se configura como levantamento da realidade vivida e percebida em nossas práxis, com o diagnóstico desta fase podemos apontar caminhos a discutir com alunos a melhor forma de percorremos juntos as trilhas de nossa escola.


Questiona-se também sobre o que os políticos sabem e colocam em suas pautas quando dizem nas campanhas ou assistem jornais a respeito da violência nas escolas? Chega de conceber o Bullying, é preciso ressignificar, e principalmente, com urgência, através de medidas e subsídios que nos ajudem a modificar essa realidade que há tempo nos assola, desencontra e causa tanta maresia, como marujos de primeira viagem, paradoxalmente, navegando há mais tempo por mares tão revoltos.


Educadores e escolas não podem ser reféns de um sistema, pois, nele estão reunindo saberes adquiridos no processo curricular da vida, na formação universitária ou continuada, com diálogos entre si e a realidade da escola. O cotidiano dessa escola teoriza saberes que atravessam realidades, conhecimentos e Vidas. E vamos por ali, aqui e acolá nos formando na complexidade desses saberes.


Espero não estar sendo repetitiva, mas persistente, como ainda me falta sistematizar as produções de alunos do ensino médio reavaliando o contexto que ali desnudam junto a outros, estarei em breve reescrevendo o conjunto desse primeiro estágio visto por três ângulos diferentes das linguagens mediadoras, no aguardo também da aplicação de questionário de perguntas objetivas que preserva a identidade do sujeito, marca somente o gênero, a idade e a turma que nos ajuda nas diferentes compreensões ou intervenções no âmbito escolar.


- O que você pode nos contar e ensinar a respeito de realidades, projetos ou sonhos?

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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Blog e a Ego-História: impregnação mútua

Por um fio se chega ao novelo - e pelo passado o que está por vir. Provérbio a ressignificar. Diante das metodologias não-convencionais inicialmente conhecidas como pesquisas participantes, pesquisas-ação, pesquisa de natureza etnográfica, onde o sujeito se faz como objeto de estudo buscando resgatar pela memória movimentos que, sendo seus, revelam-se nossos. A antropologia nos ajuda a entender a realidade individual atrelada no fazer e ser da cultura, através de seus pensamentos e sentimentos, dado que a sociedade normaliza as suas ações aceitas ou rebeladas, sistematizando e ordenando as relações em sua teia ou labirinto.


Blog é algo impessoal, informações que despersonalizam o escrevente, ou não, pois de certa forma o estilo sobressai nos gêneros discursivos. O que se espera de um autor de Blog? O que a dinâmica mostra? Talvez como a língua viva de uma comunidade, novas palavras vão sendo incorporadas, outras modificadas, e assim se distingue da língua morta pelo fato de estar em permanente evolução, conservam-se saudosismos, as origens que de qualquer forma se atrelam às outras memórias, e portanto, se torna um esforço inútil não reconhecer as mudanças e suas ligações. O blog personaliza... Há identidade.


No começo, educadores e escola negavam a possibilidade de existir uma linguagem escrita própria da nova geração que acessa a internet. Se fez nascer um novo idioma, a exigir tradutores ou dicionários de significados. Ali onde a fonética faz produzir e perceber o som das palavras, na escrita, na tela, ganham elas novos sentidos... naum (não), aki (aqui), kd (cadê), td (tudo), vc (você), gtn (gente), bju (beijo), bjaum (beijão), fla (falar), t+ (até mais)... A gente analisa a escrita da crianças na fase inicial e classifica como hiposegmentação (uma ou mais palavras sem espaço entre elas) ou hipersegmentação (segmentação indevida de palavras em suas unidades silábicas) e se depara com escritas assemelhadas do tipo: “toaxandumoskema” (estou achando o maior esquema).

O novo estilo marca a busca por maior velocidade nos bate-papos virtuais. O que se quer? Qual é o interesse? Qual é a função dessa escrita? Precisamos ouvir e ver mais. Sem motivos para se escandalizar. É um novo lugar para navegar, conversar, distrair e aprender. Quem não brincou de falar na língua do "p" ou outros linguajares típicos da infância ou adolescência?


Algumas perguntas à essa escola nos fazemos: é o fim da escola e da escrita? diante dessa realidade, qual passa a ser a sua função? qual é a influência da internet no ensino fundamental e médio e seus impactos no desempenho e avaliação?


- Os Blogs mudaram de roupagem? Estão chegando ao fim? Onde estão as autorias e a objetividade de sua origem?


Desdobramos outras questões da escola análoga: como aprendemos a lidar com a nova geração; como nos situamos nesse movimento entrecruzado das linguagens do século XXI; que competências nos são exigidas; como nos posicionamos a escolher - leque mais aberto - e a optar? A se esgueirar nos limites e possibilidades, a assumir estilos e riscos, a colocar uma assinatura em uma postagem...

A interação midiática plugada e vivenciada por crianças e jovens e a mediação multimidiática do conhecimento evocam questionamentos reconstrutivos em nossas posições de educadores e mediadores. Onde pairam os interesses dessa geração? Como chamar às aprendizagens?


A comunicação evolui, flui, influi e remexe com paradigmas. Como nós vamos nas linhas, entrelinhas, sublinhas e desalinhos desse movimento veloz nos metamorfoseando? Acompanhamos de forma ativa ou passiva, observadora, inquiridora e participante ou negamos a existência, saudosos do antigamente, colocando de lado essas linguagens que por aqui, ali ou a distância fazem rolar sem deixar de se presentificar nos diálogos e vidas, assim contrários ao estilo de Proust (2006) quando o sujeito patêmico do desejo, perceptivo da cognição e enunciativo do discurso estão imbricados em novas relações?


Daí me vem a leitura de Vannuchi e Duarte (2001), que nos dizem que essa nova geração quer fazer tudo ao mesmo tempo e que cada um pode pertencer a vários tribos, além de aprender a saber lidar com o excesso de informação, talvez até como uma qualidade requerida de mercado fragmentado.


E a noção de autoria, que na rede é fluída e instável, neste frenesi é possível formar novos pensadores, pinta talvez aí a instabilidade da escrita, do posicionar-se, as inseguranças e o risco de com ela deixar-se para depois largando-se pelas infovias da vida virtual. Sem programar-se às paragens relaxantes de se perceber nas intimidades do pensar.


Por isso trago aqui um pouco do pensamento metodológico da ego-história, como um exercício que marca um estar, o estado de um ser, que aprende a lidar com o erro em conseqüência das virtudes ou dos desmentidos, sem traumas ou excesso de auto-estima, uma notícia aqui pode ser contestada por outra ali mais elaborada, um conceito aqui pode ser complementado ou negado por outro acolá mais reflexivo e aprofundado na horizontal ou vertical e quiçá nas linhas transversais do conhecimento. Assim essa intensa interação se consiste em cada um esclarecer a sua própria história como se fizesse a história de um outro e de tantos outros, de forma impessoal ou pessoal.


No Blog, este novo momento considera mais que a impossibilidade da objetividade, na verdade, admite a subjetividade como fonte de informação, no processo contínuo de construção do conhecimento que busca agir no processo comunicativo. Reescrevo sob as minhas escritas, e sob as escritas de cada um está a história de todos. Um entrelaçar-se na teia do conhecimento!


Não poderia deixar aqui de trazer um trecho da letra da música de Gonzaguinha “Caminhos do Coração” (1982):


E aprendi que se depende sempre
De tanta, muita, diferente gente
Toda pessoa sempre é as marcas
Das lições diárias de outras tantas pessoas


E é tão bonito quando a gente entende
Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá
E é tão bonito quando a gente sente
Que nunca está sozinho por mais que pense estar...


E assim me misturo um pouco, atravesso saberes, e me identifico através de Jung (2006, p.31), pois: “minha vida é a história de um inconsciente que se realizou. Tudo o que nela repousa aspira a tornar-se acontecimento, e a personalidade, por seu lado, quer evoluir a partir de suas condições inconscientes e experimentar-se como totalidade. A fim de descrever esse desenvolvimento, tal como se processou em mim, não posso servir-me [somente] da linguagem científica; não posso me experimentar como um problema científico”, assim percebo que o “não dito” e a “desconstrução” expressam a ânsia de romper com verdades anteriormente consagradas.

Finalizo com as aprendizagens dos novos bonequinhos, termômetros contagiantes dos humores, co-produzidos pela nova geração da internet:
:-O atônito
:-* beijando
:-P mostrando a língua
:-\ indeciso
:-# meus lábios estão selados
:\ nervoso
}}}}}} : ) cabelo grande
: ) sorrindo
:-D gargalhando
;-) piscando
: ( triste
:’-( chorando
:-@ gritando


- Vamos trocar figurinhas?

Referências
AGULHON, Maurice et alli. Ensaios de Ego-História. Lisboa: Edições 70, 1989.
DELEUZE, Gilles. Proust e os signos. 2 ed. São Paulo: Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.
FAZENDA, Ivani; SOARES, Magda. Metodologias não-convencionais em teses acadêmicas. FAZENDA, Ivani (Org.). Novos enfoques da pesquisa educacional. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1992. (p. 119-135).
GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
VANNUCHI, Camilo; DUARTE, Sara. Geração zapping. Isto é. São Paulo, n.1659, p. 82-87, 18 jul 2001. [link]

Imagem 1:

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Imagem 3: http://www.programactrlaltdel.com/blog/tag/geracao-internet/
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Imagem 5: http://portaldasartesgraficas.com

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Impactos do adoecer: a doença como experiência subjetiva e pedagógica

A dor é subjetiva. O que isso significa para nós pacientes vivendo as experiências da doença? Qual a perspectiva do paciente e de seu contexto sócio-histórico? Cada pessoa reage à doença de uma forma única, de como lida e aprende a lidar com momentos de fragilidades, experiência interior de reflexão, formas de superação, um mundo de complexos, talvez por diferentes e inúmeras carências materiais, sociais e afetivas, e de como ela é vista ou acolhida do ponto de vista da família, dos amigos, dos colegas de trabalho e toda a sociedade.

 Durante o tempo que estou vivenciando os limites da dor, da cura, dos atendimentos do plano de saúde do município, dos cuidados médicos e fisioterápicos vou convivendo com outras pessoas em diferentes situações. Também percebo ali a necessidade de um acompanhamento assistencial, psicológico, solidário e paciente. É algo paradoxal? São muitos os doentes que requerem atenção.

A gente que trabalha com criança na escola e de educação infantil, adquire a experiência de saber ouvir e ler gestos, olhares, toques, humores, passos além de letras e raciocínios. As questões subjetivas influem consideravelmente no desempenho do dia, da hora, dos cinco minutos e mais quinze outros após o recreio...

A tolerância da família como vai? Pois é, como se formam as pessoas no turbilhão do cotidiano? A recuperação é subjetiva. Como são atendidos os pacientes nos planos de saúde pública? E voltamos à questão de conceituar o que é saúde? Voltamos a pensar na reeducação de hábitos, reprogramação de rotinas, cuidando de tempo para lazer, postura, valores sociais, morais e éticos.

O que acontece quando de repente somos pegos de surpresa por uma doença grave na família ou de pessoas amigas? Ou se percebermos que somos nós os portadores dessas doenças?

Depressão mata? Somos produtos do meio. Poderemos ser salvos pelo fato de aprender a elaborar os próprios limites e empreender uma revisão de estilo de vida. Quem pode orientar os sujeitos? Há um complexo mundo de significados a considerar nos relatos de pessoas com sintomas adversos da saúde, respeitar limites delineados por sentimentos, cognições, comportamentos e as relações que se agregam aos sintomas físicos.

Daí me vem o importante serviço da “medicina do trabalho” e de como ela atua nessas questões corretivas e no aspecto preventivo, formativo do trabalhador. O Brasil está preparado para cuidar da saúde integral? Ou vamos correr contra o relógio, o tempo, os momentos em busca da melhoria da qualidade de vida? O que é mais dispendioso: preocupar-se com a iluminação, o mobiliário adequado, a postura do trabalhador, o tempo do cafezinho, do descanso a cada hora de trabalho.

Aqui venho eu com outras reflexões importantes: Por que uma hora aula é de quarenta e cinco minutos? Quando foi estabelecido e por quê? Qual o nível de atenção e distração de cada faixa etária? Como as aulas devem ser programadas? Qual a didática correspondente? Como isso é pensado nos planos de aula? Como os conteúdos moldam e equilibram essas relações de ensino-aprendizagem? Como o sujeito aprende?

A didática é uma ciência a ser respeitada porque estuda os limites humanos em cada faixa etária. A didática não é o uso exclusivo de materiais como cartazes, data-show, aulas-passeios, lápis de cor, filmes, computadores etc. Ela deve sobremaneira cuidar dos recursos humanos, suas condutas, seus estilos, sonhos, frustrações, competências, potenciais, processos cognitivos e metacognitivos. Ciência da educação é, sobretudo, também reprogramação de atividades procurando adaptar-se a um contexto, a uma realidade e a respeitar os processos inclusivos.


Cuidar de programas de formação, prevenção e correção é o que a gente precisa ouvir nos projetos políticos a fim de repensar os vícios posturais do sistema como um todo. Desta forma teremos condições de economizar muito mais, investir no humano a fim de repensar a qualidade de vida planetária. Somos todos um.

Imagem 1: http://quemdividemultiplica.blogspot.com/2008/05/vrftcycftgrcvfcv.html
Imagem 2: http://psiadolescentes.files.wordpress.com/2007/10/adhd.jpg

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

15 de outubro: nascer nesse dia é ser pedra!

Estou na escola desde que nasci. Ou melhor antes até. Sou filha de professora primária das décadas de 40 e 50, lá do litoral paranaense. Minha mãe foi professora durante 33 anos de alunos de 1ª série, que sempre fala com muito orgulho da função, da profissão agradece a Deus, pois foi por ela que também criou nós três dos quatro nascidos, um filho faleceu bem cedinho e nem conheci.

Foi professora ribeirinha da Ilha do Mel, das Cobras e outras do entorno da Baía de Paranaguá. Ficava por lá o mês inteiro e só voltava para casa um final de semana e ao final de trinta dias. Dormia na escola, pegava siri na beira da praia, dizia que a água era límpida. E gostava da profissão, estudar e trabalhar naquela época era ser "pedra". O mundo era ainda mais machista.

Tudo fez para eu não seguir a profissão. Não teve jeito, desde bem pequena ia com ela na escola, ficava com as serventes vendo o preparo e a distribuição da merenda para os alunos da “Escola de Aplicação” e da “Escola Normal”. Gostava de olhar a "fome" saciada das crianças. E corria para brincar com elas no recreio, e me diziam: “olha a filha da professora”.

Minha mãe adorava desenhar no quadro, a cada traço um pedaço da história, os meninos e as meninas completavam seus desenhos iniciados, criando outros traços. Pois o final cada um refazia, ela nem sempre dizia a sequência, pois, queria que eles fizessem a sua história.

Aprendi a ler sem que ela me ensinasse, dizia também com notável orgulho, aos cinco anos. Não estudava no jardim de infância. O meu jardim era a escola toda. E que escola, parecia imenso o prédio histórico do “Instituto Estadual de Educação ‘Dr. Caetano Munhoz da Rocha’”, onde ali estava a “Escola de Aplicação”, na década de 60 e começo de 70.

Andava de sala em sala, do gabinete da diretora ao banheiro na hora que era limpo pelas serventes, ia da portaria ao pátio, do giz ao caderno, de carteira em carteira. Sentava com todos os alunos e brincava com eles. Via diferentes estilos de escrita e desenhos, dificuldades e facilidades e perguntava o que sentiam, o que estavam dizendo naqueles traçados. E ganhava o meu papel e lápis. Sorria feliz com os alunos.

Por que haveria eu de não ser professora? Também não mandei minha mãe me fazer nascer em nossa casa, no dia 15 de outubro. E daí, dona Yonnne, por que não seria eu professora? Ah! Eu sei o que hoje ainda me diz, você merece ter outra profissão e ganhar melhor que eu.

Infelizmente, bebi dessa cachaça! Desobedeci-a. Fiz o curso de Administração para lhe satisfazer, mas, voltei depois de casada para fazer o “Magistério” assim meio escondida. Não satisfeita, no terceiro ano fiz minha inscrição no concurso para mais de três mil concorrentes e passei entre as 81 vagas. Na época, as vagas não se completaram, pois, só passaram 56. Tiveram que fazer novo concurso, não existia lista de espera. Era muito rigoroso. Minhas professoras tentaram e não conseguiram passar. Apesar de tudo, foi a maior felicidade na escola e muito maior ainda para mim.

Minha primeira sala de aula atuei como professora concursada. Ali a experiência de uma mãe com mais de 33 anos de primeira série. Ela já estava aposentada. Não ralhou muito comigo. Mas, de vez em quando vem ela querer puxar minha orelha. Não tem jeito: sou professora com muito orgulho.

Aqui no Pará, bem distante de lá, onde mamãe está, em 1995, concursada por aqui e nesse mesmo ano, ganhei um livro de uma professora que trabalhava comigo no ISEBE (Instituto dos Educadores de Belém), técnica como eu na formação continuada de professores das escolas municipais. Para mim inesquecível.

Por entre as pedras: arma e sonho na escola”, de Sônia Kramer. Nele percorri todas as linhas, nele reencontrei minha linha de trabalho. Pois, no Paraná, dentre 1986 e 1991, líamos e nos baseávamos em Sônia Kramer, Ana Luiza Bustamante Smolka, Emília Ferreiro, Esther Grossi, Magda Soares, Bruno Bettelheim e Tatiana Belinky, Terezinha e David Carraher, Jean Foucambert, Bárbara Freitag, Maria Cecília Góes, Bakhtin, Benjamin, Luria, Leontiev, Vigotsky e Wallon, Snyders e Marx-Engels, Barthes e Eco, Geraldi e Cagliari, Zilberman, Ziraldo e Ruth Rocha.

Rever as escritas e ser pedra foi a que minha amiga me proporcionou, tantas leituras em Kramer. E ela me dedicou dentre tantas palavras significativas e afetuosas, na segunda página do livro, os seguintes dizeres: “Nascer neste dia já mostra que és pedra e muito, muito mais”.

Mamãe, não teve jeito, aceitei ser professora porque eu quis. Agradeço pelas experiências que tive ao lhe seguir e ao percorrer de mãos dadas ou libertas pelos corredores da escola e em cada metro quadrado dela. Minha infância trazem boas recordações desses lugares pedagógicos. Não me censure mais. Sou pedra!

E por assim ser, termino este post com uma citação por mim pincelada e a nós recolocada por Kramer, de Walter Benjamin, nessa sua obra:

... o narrador é um homem que sabe dar conselhos. Mas, se 'dar conselhos' parece hoje algo antiquado, é porque as experiências estão deixando de ser comunicáveis. Em consequência, não podemos dar conselhos nem a nós mesmos nem aos outros. Aconselhar é menos responder a uma pergunta que fazer uma sugestão sobre a continuação de uma história que está sendo narrada. Para obter essa sugestão, é necessário primeiro saber narrar a história (sem contar que um homem só é receptivo a um conselho na medida em que verbaliza a sua situação). O conselho tecido na substância viva da existência tem um nome: sabedoria. A arte de narrar está definhando porque a sabedoria – o lado épico da verdade – está em extinção”.

Aqui, exponho, as fotos tiradas hoje no café da manhã, recebi duas cestas bem cedinho, antes das sete da manhã. Uma das minhas filhas e de meu querido esposo e a outra do pessoal da escola, assinada do motorista ao coordenador pedagógico. Fiquei imensamente feliz e por isso mesmo, resolvi colocar nossas imagens aqui mesmo no Aprendências, solicitando licença aos leitores deste Blog.


Eu e minha filha Lorena

Eu e Enéas, estamos juntos há 33 anos e meio. Somos "pedra"!

Eu, Lígia e Lorena







Congratulo-me hoje com todos os meus familiares, amigos e colegas de profissão.


Referência
KRAMER, Sônia. Por entre as pedras: arma e sonho na escola. São Paulo: Ática, 1993.


Imagem 1: http://formacaodedocentesieepgua.blogspot.com/2010/06/instituto-estadual-de-educacao-dr.html

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Dia dos Professores com Sorvete Colore: protagonismos e alegria

De onde vem essa data?
- Um pouco de História...

Em 15 de outubro de 1827 criou-se o Ensino Elementar no País, por intermédio de Decreto Imperial, estabelecendo escolas de primeiras letras em lugarejos, vilas e cidades. Entretanto, a data foi oficializada como feriado escolar, por essência e razão, somente através do Decreto Federal n. 52.682 de 14 de Outubro de 1963, assim definida: “para comemorar condignamente o Dia do PROFESSOR, os estabelecimentos de Ensino farão promover solenidades em que se enalteça a função do Mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias”.

Como unir pais, mães, alunos e professores numa festa só?
- Um pouco de minha História...

Dentre as homenagens ao Dia dos Professores prestadas, em 1992, como surpresa recebi a música “O Caderno”, uma singela homenagem organizada por alunos de 3ª. e 4ª. séries, na época como coordenadora de uma escola de tempo integral, através de diferentes releituras, desenhada, cantada e dramatizada.

Por que marcou tanto? Por ter sido feito de forma espontânea por eles, fiquei admirada é pela escolha da música. Disseram-me que “O Caderno” era porque acompanhava suas produções escritas e plásticas, além dos planos de ensino semanal dos professores.

Esse mesmo alunado elaborou livros de literatura infantil de diferentes temas, aproveitamos a visita de Edmir Perrotti na escola, quando os alunos entrevistaram o autor, falaram sobre escrita, cultura, sentimentos, percepções, confecção e produção de uma obra para crianças, e apresentaram a ele seus livros. Depois em nosso folguedo e em brincadeiras de roda, dramatizaram o livro “Enquanto seu lobo não vem”, porque Perrotti aí valoriza a memória das cantigas e contos de tradição. Foi um show para professores, alunos, funcionários e responsáveis.

Um dia inesquecível, de ensinantes e aprendentes, aproximando os Dias das Crianças e dos Professores! Os alunos organizaram as homenagens para os professores e os professores para as crianças. Foi o “dois em um” mais significativo do ano. Deu trabalho para realizar, mas, valeu a pena apostar nos protagonismos das crianças. Os professores gostaram bastante.

Aprendemos juntos a conjugar o verbo AMAR!

Não poderia deixar de fechar este post, com a música de Toquinho e Mutinho, “O Caderno”, e se quiser ouvi-la aqui, trago mais abaixo, a voz de Chico Buarque, é só clicar. Primeiro a letra, depois a música.

Sou eu que vou seguir você
Do primeiro rabisco
Até o be-a-bá.

Em todos os desenhos
Coloridos vou estar
A casa, a montanha
Duas nuvens no céu
E um sol a sorrir no papel...


Sou eu que vou ser seu colega
Seus problemas ajudar a resolver
Te acompanhar nas provas
Bimestrais, você vai ver
Serei, de você, confidente fiel
Se seu pranto molhar meu papel...

Sou eu que vou ser seu amigo
Vou lhe dar abrigo
Se você quiser
Quando surgirem
Seus primeiros raios de mulher
A vida se abrirá
Num feroz carrossel
E você vai rasgar meu papel...


O que está escrito em mim
Comigo ficará guardado
Se lhe dá prazer
A vida segue sempre em frente
O que se há de fazer...

Só peço, à você
Um favor, se puder
Não me esqueça
Num canto qualquer...

Feliz Dia dos Professores a Todos Nós!

Imagem 1: http://revistaescola.abril.com.br/avulsas/agenda_outubro_2009.shtml
Imagem 2: http://www.bondfaro.com.br/fotos--livros--enquanto-seu-lobo-nao-vem-c-lua-nova-autor-perrotti-edmir-editora-paulinas-cod-8573112425.html

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Post-Scriptum: brinquedos de faz-de-conta e Literatura Infantil na formação de pedagogos

Na turma de 2008, dentre as leituras indicadas, sugeri o primeiro capítulo sobre “O instrumento e o símbolo no desenvolvimento da criança”, o capítulo 3 “O domínio sobre a memória e o pensamento” e o oitavo capítulo que trata sobre “A pré-história da linguagem escrita”, do livro “A formação social da mente”, de Vigotski (1988).

Crianças colaboradoras, familiares das crianças e os próprios acadêmicos de Pedagogia avaliaram a experiência como muito positiva o que nos deu a certeza de que é possível sim combinar teoria e prática em aulas de Pedagogia, pois, o envolvimento e a aprendizagem foram intensos e bastante significativos.


Apresento as questões elaboradas, as respostas a elas nos deixaram muito felizes, pois a teoria ajudou a repensar ainda mais o que produziram. Ao final do período letivo a crítica e autocrítica foram produzidas no sentido de nos ajudar a pensar o processo todo e elaborar outras idéias para o semestre letivo seguinte.

Elaborei quatro questões, como uma das etapas de avaliação, para que acadêmicos do 5º semestre de Pedagogia se posicionassem diante das próprias experiências que tiveram na infância, nas famosas rodas de conversas entre alunos da turma, depois da mediação realizada com suas crianças colaboradoras, além de observação e entrevistas nas casas das crianças.

Os relatórios e conclusões após cada experiência vivenciada eram preparados com fotos do processo de observação, brinquedos feitos pelas crianças, gravação (filme ou voz) e as produções escritas (desenho ou discurso escrito), com permissão para trazer e mostrar na "Faculdade".

Questão 1:
As chamadas funções psicológicas superiores como a memória e a linguagem são construídas ao longo da história social do homem e de sua relação com o mundo. São provenientes de ações conscientes e intencionais dependentes de processos de aprendizagem. A inteligência possibilita invenções, modificações, combinações e recombinações. O que é hábito não é inteligência, ela emerge diante de situações novas, pois, para as situações conhecidas faz-se uso da memória. A inteligência vai sendo construída pela criança na medida em que ela descobre e inventa. A inteligência não é inata. A invenção ou a criação é considerada como a capacidade de realizar experimentações por meio de sucessivas formas de combinações. Segundo Vigotski (1988), “para as crianças menores pensar significa lembrar”, os conteúdos desse pensar são: a estrutura lógica do conceito em si, mas principalmente, a materialização desse pensamento através de suas lembranças concretas.

- Como você compreende o caráter dessa abstração das crianças – partindo do repertório infantil levantado pela turma, com base nas lembranças das crianças sobre os conceitos de vovó e de osga?


Questão 2:
A escrita deve ser relevante à vida. As crianças descobrem cedo a função simbólica da escrita, tomando como referência o pensamento de Vigotski (1988), de que “o brinquedo de faz de conta, o desenho e a escrita [devam] ser vistos como momentos diferentes de um processo essencialmente unificado de desenvolvimento da linguagem escrita”, e tendo como base as suas próprias vivências além das entrevistas, leituras e trabalhos realizados durante o primeiro bimestre, como tornar natural o ensino da escrita na Educação Infantil e, principalmente, nas séries iniciais do Ensino Fundamental?

Questão 3:
Para Vigotski, enquanto imita, a criança apreende a atividade do outro e realiza aprendizagem. Ela não faz uma mera cópia da ação do outro, como um ato mecânico, mas se envolve na atividade intelectualmente, o que implica representá-la e avaliar a adequação de sua imitação. Aprender a ler e escrever faz parte de um longo processo, que tem na Educação Infantil um espaço apropriado para intensificar a participação da criança no mundo da leitura e da escrita, para que no futuro possa tornar-se uma cidadã letrada e capaz de usar a linguagem oral e escrita para suprir suas necessidades no meio social. A criança da educação infantil está na fase da imitação, pois desde muito cedo ela tende a captar como modelo do mundo o que lhe convêm e o que lhe agrada. Dessa forma, ela vai adquirindo novos conhecimentos por meio da sua interação com o(a) professor(a) e seus colegas. De acordo com Ferreiro e Teberosky (1999), nesse período, “a criança imita, e ao imitar aprende a compreender muitas coisas, porque a imitação espontânea não é copia passiva, mas sim tentativa de compreender o modelo imitado”.

- Considerando que Vigotski vê na imitação um processo dinâmico que favorece e possibilita a aprendizagem, desmistificando o aspecto mecânico ou restrito que lhe é conferido, em sua opinião, qual é o significado da imitação no processo de desenvolvimento da escrita e como ela deve ser trabalhada?


Questão 4:
 A pesquisa desenvolvida com as crianças colaboradoras apresentada pela turma favoreceu a compreensão sobre o papel do significado na aprendizagem, tomando como referência as suas próprias experiências infantis e as da criança que te ajudou a pensar sobre o brinquedo de faz-de-conta, descreva quais foram os significantes e os significados de ambos – para, em seguida, analisar a afirmativa “o sujeito é produtor de signos”?


- Por que exponho este trabalho aqui?
 

Na postagem anterior sobre histórias do contexto familiar que envolve as festividades do Círio de Nazaré (clique aqui), contada pelas crianças, pincelei uma de professor e outra de acadêmico, em releitura de crianças. E não posso deixar aqui de ajudar a pensar se o menino que jogou o gato no panelão da maniçoba é culpado ou inocente.

Analisei com os acadêmicos sobre a influência da mídia e dos contos maravilhosos na vida das crianças. Ontem ainda ouvi a atriz Ísis Valverde, que faz a Manuela na novela Ti-Ti-Ti, da Rede Globo, dizer ao Faustão, no Domingão – é ontem, estava eu escrevendo, mas não deixei de ouvir a entrevista “como é que eu saio dessa” -, pois bem, Ísis assim disse: “por pouco não me suicidei e matei minha avó, pois, visitávamos a construção da nova casa da tia e quase me joguei da escada, se não fosse o grito da vovó lá embaixo, eu queria voar igual Peter Pan”.


- No caso da relação menino, maniçoba e gato... Será que não conversaram com o menino ou foram logo dando sermão ou safanão?

Trago aqui os dois episódios que o acadêmico nos contou de seus brinquedos de infância, esse do Círio e mais outro:


1º) Fazia maquetes no quintal de casa usando terra, madeira velha e papelão, com carrinhos desmontados e reconstruídos, depois da cidade montada, preparava a implosão, com bombinhas e jornal como pavio para que as bombas explodissem ao mesmo tempo. Semelhante ao filme que mostrava uma cidade destruída por explosões e tudo ficava em ruínas. Nunca conseguiu sequer se igualar ao filme, pois, sua avó não deixava brincar com querosene. Construiu carros de plástico usando garrafas plásticas, enchia de bombinhas e explodia, adorava ver tudo em pedacinhos.


 2º) Seu primo pegou um dos gatos de casa e jogou na maniçoba, perto do Círio, quando sua avó foi descansar e deixou a maniçoba no carvão, ele viu o primo com algo de pelúcia nas mãos, não deu para perceber de longe, como o quintal era grande demais, ele viu o primo erguer algo e colocar dentro da panela e segurava a tampa por uns minutos, abriu a panela e saiu correndo para dentro de casa, tempo depois quando a avó foi mexer a maniçoba viu a cena macabra, com o que restou do gato por sobre a maniçoba, resto de pelos, ossos e olhos borbulhando. O primo ainda o acusou de ter jogado o gato na panela. Seu primo ficou conhecido no lugar como “matagatos”.

Qual a pergunta que me faço e fiz aos acadêmicos: será que o primo não assistia desenhos e em seu mundo de faz-de-conta embalado pelos desenhos animados do tipo “Tom e Jerry”, “Frajola e Piu-piu”, “Papa-léguas e o coiote”, “A corrida maluca”, e outros mais e atuais que também cometem atos de violência uns contra os outros?


Discursos sobre Bullying espocam nas academias, congressos, mesas-redondas, artigos de revistas variadas ou científicas. E os nossos cotidianos, nossos hábitos e relações com a infância de hoje?

Aqui estamos nós no lugar de adultos e educadores, como pais, mães, tias, tios, avós e avôs, será que vamos perdendo a cabeça em atos como esses, violentando uma criança diante do gato na panela, rotulando como cena macabra, sem passar a mão em nossa consciência?

Quanto tempo uma criança fica exposta de frente a uma televisão, a filmes da locadora, na interação com computadores etc.? Há conversas sobre o que fizeram, o que assistiram? Há brincadeiras conjuntas? Assistem juntos e conversam depois sobre o que viram, sentiram, relacionam?

- Será que realmente este era um causo para nos assustar?

- O que é capaz de nos escandalizar?



Referências:
TONUCCI, Francesco. Frato: 40 anos com olhos de criança. Porto Alegre: Artmed, 2008.
VIGOTSKI, Lev. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988.


Imagem 1: Por Francesco Tonucci. Frato (2008, p.125)
Imagem 2: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi99gLTJi05psom6EL66w2cYp5KKxL7BkPJXoz96uSWvCMHAEEszsqvwN9dj6ppUVKqO0lY_ThKPwiF_8WJbh_O2KhGlFIQG-vV4kClk1LIXuxvoFMcQwiIT9VLi4ZNVpPDnnDDkgaOtrhE/s1600-h/criança_mundoanimado.bmp
Imagem 3: arquivo pessoal, foto que encontrei em um jornal há mais de 15 anos (desconheço fonte).

domingo, 10 de outubro de 2010

Brothers in Arms: leveza, turbulência e a mobilidade dos fluidos

Personalizo um sentimento, embora, esteja o vídeo que aqui reapresento vinculado de certo modo à educação ambiental, pelos questionamentos que nos fazemos, e me faço sempre a cada caminhada, desafios, obstáculos, incertezas, afinidades, reencontros... Lembro deste vídeo e seu forte recado de resiliência.
Por isso mesmo penso não estar fugindo do tema do Blog. Mexe com o sensível e por que não também com o insensível? Ninguém é de ferro.
Poucas músicas conseguiram mexer comigo tão profundamente como “Brothers in Arms”, de Dire Straits. O pêndulo, as ondas, as montanhas, as pessoas, o medo, a mão que desliza no piano, na guitarra, a voz, a melodia que embala, sacoleja e harmoniza, os sóis diferentes e o mesmo sol.
- O que nos une diante de tantos sóis diferentes?
Estamos em outubro, esta música - da banda britânica Dire Straits, me faz particularmente muito feliz, até porque foi lançada no dia 14 de outubro de 1985, bem próximo, e aqui no Brasil, logo em seguida, lembro bem, vi o vídeo pela primeira vez no programa do "Fantástico", da Globo... E ali me chamou atenção, adquiri o LP.
Entretanto, não poderia deixar de fechar este post, que vinculo com a poética da fluidez de Ítalo Calvino (2006), que a mim representa o processo de conquista da palavra, a recuperação do significado de ser educadora, o sentido da apropriação da leitura e a redescoberta da paixão pela escrita. Pois ler o mundo é também assumir-se como sujeito da própria história.
"Quero dizer que preciso mudar de ponto de observação, que preciso considerar o mundo sob uma outra ótica, outra lógica, outros meios de conhecimento e controle. As imagens de leveza que busco não devem, em contato com a realidade presente e futura, dissolver-se como sonhos... No universo infinito da literatura sempre se abrem outros caminhos a explorar, novíssimos ou bem antigos, estilos e formas que podem mudar nossa imagem do mundo..." (Calvino, 2006).
Referência:
CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. (p. 19-20).

Imagem: http://4.bp.blogspot.com/_JaNdi6Raqjo/TBAphAHl8AI/AAAAAAAAAWg/fKNf22Ah-B8/s1600/Brothers_in_Arms.jpg

sábado, 9 de outubro de 2010

Círio de Nazaré: fé, tradição, contos, encantos e reinvenções

No sábado pela manhã, películas sagradas revestem e se aprofundam nas águas do rio e borbulham de amor e fé diante da peregrinação fluvial que valoriza as histórias, celebra a cultura e atravessa olhares de diferentes povos, crenças, sentimentos, acenos, silêncios, soluços, esperanças, barcos, ribeirinhos, sonhos, dores, alegrias... A imagem é a representação de que neste contexto? Cada peregrino conta a sua história de fé.

Este segundo final de semana de outubro é sempre muito especial em Belém do Pará, os devotos da Santa de Nazaré chegam à cidade desde o início da semana, vem a pé, de moto ou bicicleta, de cidades próximas, peregrinam em famílias ou entre amigos assim percorrem de lá para cá cantando, louvando, rezando... E os parentes ou amigos daqui preparam as comidas típicas da festa para recebê-los também: o famoso pato no tucupi, a tradicional maniçoba, o vinho do açaí não podem faltar.

No sábado à noite, acontece a procissão de transladação da Santa até a Igreja Matriz, e na manhã de domingo, a grande romaria do Círio de Nazaré que vem da Matriz até a Basílica de Nazaré. Demonstração de fé desfila e sustenta cada mão, na ida ou na volta, que agarra cada milímetro da corda atrelada à Nossa Senhora.

Nas escolas, os alunos revivem as histórias de suas famílias, mesmo que não sejam católicos não ficam indiferentes, pois, esse evento religioso que abre o “Círio de Nazaré” consegue reunir um pouco mais de dois milhões de pessoas nas caminhadas da fé. É uma espécie de Natal fora de época, ou melhor, é o natal do povo paraense!

Duas histórias pitorescas envolvem o exótico e principal prato desse Natal, ouvi dentre os relatos que fazem parte do meu imaginário pedagógico que retratam este período. Uma me foi narrada por um aluno de pedagogia, em 2008, escrevendo suas memórias de brinquedos, brincadeiras, cultura e mitos.

A casa de sua avó, matriarca da família, tinha um belo e grande quintal e durante o Círio reunia a parentada toda e mais os aderentes. Seu neto morava com ela e durante a semana toda acompanhava a vovó mexer a tal da maniva (folhas de mandioca considerada venenosa, a de talo roxo) que lá no meio do quintal se cozinhava no panelão, dia e noite, pois, reza a tradição que quanto mais tempo passar cozinhando mais gostosa fica a maniçoba.

A maniçoba caseira é uma receita de origem indígena, bem lembra uma feijoada, com o diferencial de que leva sete dias para ficar pronta.

Sabemos que o maravilhoso, a fábula, os mitos e as lendas se comunicam facilmente com o pensamento mágico da crianças e ajudam-na a entender o mundo dos adultos, a gente procura deixar uma brecha para que possam espiar, estreitar, percorrer, alargar-se combinando humor, sentimentos, percepção, cotidiano, memória e fábulas através de processos lúdicos. O conto faz parte dessa mágica. O professor atua como mediador entre imaginário e imaginação.

Aos poucos fui me deliciando com a história contada por um professor a uma turma de alunos de 1a. série ou 1o. ano, em 2009, quando resolveu aproveitar de nossas conversas sobre "literatura infantil" e "mediações pedagógicas" e fazer releitura com os alunos introduzindo elementos da cultura local na história - a exemplo das misturinhas que Monteiro Lobato adorava fazer entre os personagens do sítio com outros personagens clássicos, de fadas, do folclore brasileiro, da HQ como o Marinheiro Popeye, a menina prodígio de Hollywood dos anos 30 e 40 etc. De repente o Peter Pan chegava voando e a mágica acontecia, adultos e crianças interagiam. Loucura, loucura. Intertextos da vida! A boneca Emília era campeã dessas misturinhas.

Desse modo, o professor movimentou o enredo com a participação dos alunos, a história contada em sala de aula começou mais ou menos assim, apesar de diferentes finais, o que deixo para uma outra postagem:

Havia três porquinhos Heitor, Cícero e Prático... que devido a proximidade da festa do Círio fugiram de Belém para a floresta”. Nesse momento, o aluno “M. Nazareno” interrompe e continua: “’...fugiram para a Escola Bosque’, né professor? Aqui não é floresta?”. E o professor que substituía a professora da turma, continuou, evocando os imaginários, mas, resolveu dar a eles fantoches para provocar ainda mais a expressividade que fervilhava dentre alunos de 6 a 7 anos considerados inquietos.

- Um parêntese abro aqui, além do pato, o outro animal muito cobiçado por estas bandas é o porco para a maniçoba, afinal, é a versão indígena do prato tradicional da feijoada, ou vice-e-versa.

Como a história se seguia pelas suscitadas interações. Faz parte do imaginário pensar que “os porquinhos com muito medo do Lobo Mau, que estava por demais faminto da conta e como se aproximava cada vez mais a época do Círio, o porquinho mais velho e mais experiente conversou com seus irmãos Heitor e Cícero" e juntos decidiram o quê?

- Quem imagina?

Pois é, na troca... se propôs rezar, mas, para a Nossa Senhora de Nazaré, assim com muita fé, a inteligência e a união dos três, o Lobo não conseguiu derrubar a casa e nem mesmo a porta, cansado de tanto assoprar, ficou com tontura, dor de cabeça e bastante enjoado de correr atrás de porquinhos e acabou virando vegetariano e a maniçoba foi bem diferente dessas que vimos por aí.
Cada um deverá imaginar os ingredientes que podem fazer parte deste “novo” prato, mas, sem deixar de ser tão saboroso para quem não vê a hora de comer. O nosso paladar tem memória?

A história primeira de meu aluno, nada animada na época, supostamente adveio de uma “brincadeira” de criança. É real e viva de doer. Imaginem só vocês o susto da vovó na véspera do Círio quando a maniçoba estava quase no ponto, a saber que também ela andava muito cansada de tanto procurar seu bichano por toda casa e quintal da vizinhança, todo mundo por ali dormia em redes nas varandas, ficava até tarde da noite cheios de prosas, conversas bem recheadas de contos, causos e fatos locais, lembranças variadas e de repente todos se deparam com um grito ensurdecedor, bem maior do que daquele de quem já viu a matinta-perera ou a mula sem-cabeça de pertinho assim. Pois, bem, os dois primos trataram de se esconder, um por ter jogado o gato no panelão fervendo e o outro por ter visto de esguelha, o feito do primo. Quase mataram a coitada da vovó.

Esse Círio foi marcante para todos daquela família e hoje em dia faz parte dos causos contados aos mais novos membros da família. Travessuras doloridas e que parece piada. Era trágico ver pelo de gato para tudo quanto é lado da panela, deu até para ver o bigode, narrava meu aluno para outras colegas de Pedagogia, a gente ficou meio assim sem saber o que dizer...

Há quem disse que o autor deveria ter sido ele. No final do conto, assegurou ter quase sobrado para ele a chinelada da avó. Um tinha cinco e o outro tinha sete anos.

Quantas histórias do Círio existem por aí? Se a gente parar para ouvir vamos aprender bastante e até nos divertir muito com o imaginário popular. As histórias se misturam nesse evento de cultura e fé, aqui trouxe o que religa o povo desta terra e águas amazônidas e faz com que o sagrado e o profano aproximem imaginários, corações, almas e sonhos, sentimentos que retextualizam a paz e o amor entre pessoas, suas memórias e relações. As crianças são amantes de "Monteiro Lobato" sempre ressignificado pelas misturinhas que ajudam compreender parte da complexidade que nos envolve.

- Feliz Círio a todos!

Imagem 1: http://www.ciriodenazare.com.br/v2.0/?action=Menu.detalhe&id=39
Imagem 2: http://1.bp.blogspot.com/_HRwkIcBZ8nY/S6ECO_5yJVI/AAAAAAAAAfQ/DLn8V3hwd-g/s1600-h/Mandioca+brava.jpg
Imagem 3: http://www.lendo.org/wp-content/uploads/2009/01/os-tres-porquinhos.jpg
Imagem 4: http://www.papodegordo.com.br/index.php/2010/01/06/lobo-mau-vegan/

domingo, 3 de outubro de 2010

Fenônemo Bullying: do lodo belas flores brancas

Estava lendo esta definição sobre a “flor-de-lotus”...

Tal como a flor do lotus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo suas flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada (bidhicitta), a incomparável joia na flor de lotus”. Suas raízes ficam na profundidade sombria, mas, a flor se ergue sob a luz, síntese viva do mais profundo e elevado, de escuridão e luz, de material e imaterial, de limitações da individualidade e da universalidade ilimitada, de formado e do sem forma. Para ler mais, clique aqui.

... não pude deixar de relacionar e reanimar nosso trabalho em escola pública. No meu caso, um pouco mais de vinte anos como professora e porque ainda estudei em escola pública do 1º ano primário até o 2º grau e na mesma escola. Por lá cursei dois segundo grau na época: magistério e administração, e em seguida os estudos adicionais em pré-escolar.

- Por que acredito nas crianças e sonho com uma educação que consiga remexer com as realidades que atravessam as nossas escolas?


A flor-de-lotus é uma boa metáfora para nossa jornada e caminhos de vida.

- O que temos feito na escola?

Procuramos conversar sobre Bullying, usando recursos do power point, através de imagens e frases retiradas do cotidiano acerca de conceitos e significados, ou seja, de como cada criança ou (pré)adolescente, matriculado em turmas do Ensino Fundamental I e II, percebe e vivencia essa realidade bem de pertinho, seja como testemunha, alvo, autor ou alvo-autor, e nos diferentes espaços da escola. Pensares, sentidos e dizeres comunicados através das releituras de seu imaginário em forma de discursos escritos ou ilustrações.

Em seguida apresentamos o vídeo “A ponte para Terabítia”, por ali se visualizam diferentes situações Bullying, com mais ênfase nas turmas do Ensino Fundamental II, e destaque às cenas da hora do recreio que traz alunos menores, mas, esse mesmo filme inclui sonhos, fantasia, poesia, escritas, amizade, reconstrução diária, relação entre sonho e realidade, possibilidades, mudanças, transformação.

Nos trabalhos analisados, de quatro turmas, percebeu-se o quanto o alunado gosta de tratar do tema, se interessa a interagir com colegas, amplia debate, revela testemunhos e se coloca a escrever ou desenhar de forma autônoma, com segurança, uma pitada de receio, certa inquietude, espia o trabalho do colega ao lado e do outro, revelando também muita vontade de dizer algo. Confidências? Muitas vezes, suas escritas se tornam dialógicas, como se quisesse rediscutir regras de convivência e com certo gosto dar puxões de orelhas, como se nada acontecesse consigo. Entretanto, percebe-se mais reservas e tensão no papel e mais liberdade na linguagem oral com o(a) professor(a) mediador(a) em sala.

Algum substrato da percepção primeira:

Em uma turma do último ano do Ens. Fundamental II, 50% declara vivenciar Bullying, como testemunha (18%), como alvo (14%), como alvo e autoria (18%). A outra metade fica mais no discurso, conceitua, sugere ou pede ajuda à escola, colegas, pais ou responsáveis, conselho tutelar ou a polícia.

No 5º ano ou 4ª série, 50% dos alunos criam situação-problema e buscam solução (separar brigas, ter consciência e mudança de atitude, problema consultado ou transferido e resolvido na escola), este conjunto classifica como agressão física (40%) ou representa (10%) enquanto agressão moral. A outra metade da turma prefere sublimar ou reutilizar o tema, isto não quer dizer, que se desvia do tema, há subtextos, entrelinhas e entretantos. Fala sobre afetividades e interação sem sequer tocar na palavra. Saída pela tangente? Autodefesa? Outro modo de ver e dizer?

Na turma de 4º ano ou 3ª série, a maioria (93%) prefere escrever sobre regras de convivência, o que está certo ou errado com tendências a punições ou recompensas. Os outros 7% resolvem encarar o tema destacando, por exemplo, cena do filme e falando de suas identificações e sonhos.

A segunda turma de 5º ano ou 4ª série, unanimemente tece discurso moral através de regras de convivência em seus discursos escritos após palestra. E após sessão do filme, somente, 5% da turma discutem o assunto. A maioria da turma prefere falar ou ilustrar a amizade, a poesia, o amor, a aventura, a magia, a alegria.

- Por que esse tema parece dolorido aos alunos?

Na intenção de melhor objetivar os saberes dos alunos iremos aplicar um questionário na escola a fim de conhecer melhor os problemas, deixando-os mais livres para falar de seus sentimentos, receios, percepções e dúvidas. Assim que conseguirmos atingir uma boa representatividade do universo escolar, partiremos após diagnóstico para o desenvolvimento de projetos específicos.

O observatório da infância, por exemplo, discute com bastante propriedade o fenômeno Bullying e traz boas sugestões para desenvolvimento de projetos na escola. Inclusive apresenta um questionário bem fácil de aplicar, resguardando identidade do aluno e ajudando a pensar. Clique aqui e saiba mais.

O que foi interessante constatar após a primeira etapa do projeto (palestra e vídeo), alguns depoimentos favoráveis dos alunos que se dizem felizes em discutir o tema, com mais abertura e menos receio, inclusive citando a mídia, entender mais e porque puderam ilustrar seus sentimentos, assim que encontram os professores envolvidos no projeto falam sobre conhecimentos adquiridos, novas leituras, inclusive algumas confidências.

- Se você tiver alguma experiência ou sugestão para compartilhar conosco estamos sempre por aqui ou na escola.


Imagem 1: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjn1gP22yEMyORuY27teRO-YxDUxMuA7Mfn0WRl0bokuenLWDfEevFYPtREypq_ZZJ1J6x9JW0vsRVtIw1OgxKxVyus8_stm3r-NjTQv-yU0tWjoMaINxI08H8IOP6ARYSNY2Yns1gjZAD4/s1600/lotus7.jpg
Imagem 2: http://www.imotion.com.br/imagens/details.php?image_id=9638