sexta-feira, 22 de abril de 2011

Combate ao bullying na escola: alunos em grupos operativos

A função da escola dentro e fora dela é sempre educativa. É preciso criar uma rede de proteção e de inibição do comportamento bullying contribuindo com o bem-estar de todos e a melhoria do desempenho escolar do alunado.

Os motivos do não-aprender geram e apontam a desatenção ou a dificuldade de canalizar energias destrutivas - advindas das cargas agressivas que atropelam sentimentos, percepções e tomadas de consciência - para ações catárticas de liberação e terapia dessa força silenciosa e avassaladora.

A melhor forma de resolvermos o fenômeno bullying é contarmos com o protagonismo dos alunos desencadeando a sensibilização de professores e funcionários. O desenvolvimento da assertividade e da empatia alicerçam a escolha e a formação de representantes de turma, indicados pelo alunado após debates sobre grupo operativo e liderança.

O objetivo é fomentar a cooperação discente no combate ao bullying através de programas que favoreçam o cultivo da paz, fortaleçam as vítimas e despertem os espectadores. Sites como o da organização kidscape - que protege crianças e jovens molestados na Inglaterra, e inclusive, se dedica a prevenir crimes contra a infância na internet - nos ajudam a repensar estratégias importantes a partir do movimento de alunos e alunas da escola. Afinal, segundo eles, os episódios de bullying precisam ser Reconhecidos, Rejeitados e Relatados. Os três erres amigos em ação capaz de desmontar os ataques bullying.

O alunado em “grupo operativo” se reúne em torno de uma tarefa concreta e objetivo comum. Cada pessoa exercita sua fala, sua opinião, manifesta seu silêncio ou defende seu ponto de vista e assim constroem a sua identidade no grupo. O propósito do grupo é movimentar-se no reconhecimento, na prevenção, na aquisição de conhecimentos específicos, na proposição de ideias, em cooperação de atividades centradas na solução dos comportamentos bullying, no questionamento reconstrutivo, estimulado no processo que antecede ou permeia definições e ações coletivas como exercício de autocrítica.

O protagonismo “de aluno para aluno” acorda a sensibilização de professores e funcionários da escola, chama os pais, as mães, parentes e vizinhos para integrar a ação coletiva e até para além dos muros escolares.

A tarefa emergente da escola, nesse caso, é a campanha antibullying. O empoderamento de representantes de turma, também potencializado pela indicação da maioria de cada turma, deve advir de uma reflexão comum sobre o que é um grupo. Segundo Pichon-Rivére (1998, p.65-66), grupo se refere a um “conjunto restrito de pessoas ligadas entre si por constantes de espaço e tempo, articuladas por sua mútua representação interna interatuando através de complexos mecanismos de assunção e atribuição de papéis, que se propõe de forma explícita e implícita uma tarefa que constitui sua finalidade”, ou seja, as pessoas se movem por necessidades semelhantes e, nesse caso, os alunos se reúnem em torno do programa em busca da paz através de suas aprendências e cooperação.

Apesar de o grupo ser constituído de indivíduos com comportamentos diferenciados, os diferentes papéis interagem entre si, algumas vezes invertem suas funções, caracterizadas como: líder de mudança, bode expiatório, porta-voz, líder de resistência, e a dos representantes do silêncio, que muito se assemelham ao papel dos espectadores dentre os protagonistas do bullying.

O fio dessa mudança está em apresentarmos estratégias para despertar a maioria deles, os representantes do silêncio, os espectadores, e mexermos com suas incertezas. Vamos explorar o potencial desse grupo como agentes de mudança, sobretudo, porque sabemos que os autores de bullying só crescem com a adesão da platéia.

Se trabalharmos a conscientização inaceitável das condutas bullying, os espectadores podem, contrariamente, se tornar aliados das vítimas, e não mais protegendo os agressores com seus silêncios. A escolha e a formação continuada de representantes de turma na nossa escola é uma das funções do Núcleo de Acompanhamento Pedagógico (NAP), ou, na falta dessa equipe, em outras escolas, caberá aos coordenadores ou à direção escolar.

Em escolas com Ensino Médio, o protagonismo juvenil ou do próprio Grêmio Estudantil, transforma alunos em monitores ambientais principalmente, a partir das relações interpessoais e princípios que valoram auto-estima, respeito pelo outro buscando potencializar assertividade, empatia, compreensão e solidariedade.

Se ouvidos e bem estimulados alunos proativos e colaboradores podem reduzir episódios de bullying através de ações articuladas: tecnologia aprimorada na construção de vídeos, fotomontagens, murais de exposição interna ou internet, como veículo familiar de muitos deles, releituras teatrais, musicais, por desenhos, estruturar jogos e brincadeiras que não firam, humilhem ou magoem outras pessoas.

- Como tornar o ambiente escolar mais agradável a todos?
- Como monitorar os espaços da escola onde comumente se transformam em palco de ações bullying na escola?

- Perguntas outras podem desafiar os alunos a pensar. E outras mais que esse grupo de alunos monitores pode formular. Monitores que, são representantes de turmas, foram indicados como líderes dessas turmas, porém, dentre eles muitos exercem diferentes papéis na prática de bullying, conhecido como “terror silencioso”, capaz de surpreender familiares, escola, comunidade que temporiza e irrompe nas culturas midiáticas.

Referências
MALDONADO, Maria Tereza. A face oculta: uma história de bullying e cyberbullying. Desenhos Manuela Eichner. 5ª. reimpressão. São Paulo: Saraiva, 2011.
____. Bullying e cyberbullying: o que fazemos com o que fazem conosco. Moderna, 2011.
PICHON-REVIÉRE, Enrique. O processo grupal. Trad. Marco Aurélio Fernandes. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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