sábado, 26 de março de 2011

Pré-história da linguagem escrita: aportes psicopedagógicos

"Ensinar o que não se sabe" - é o outro nome da pesquisa, como nos diz Barthes (1979, p. 45) tranquilamente, a incluir a lição do desaprender, da humildade que nos faz aprender mais. Aprendi outras palavras importantes também, com Luria e Vygostsky, sobre a questão de que não se ensina a linguagem escrita. Damos mais ênfase ao ensinar crianças a desenhar letras e a construir palavras com elas. Porém, o aprendizado da escrita é um processo complexo que é iniciado na criança “muito antes da primeira vez que o professor coloca um lápis em sua mão e mostra como formar letras”. (Luria, 2006, p.143).


Com Paulo Freire me aproximei do significado da "palavramundo" e com Luria compreendi a palavra como unidade fundamental da linguagem. A palavra está repleta de significados para a criança que aprende a ler o mundo a partir dos corpos relacionais de seu meio e aí nele se inscreve. Luria (1986), ensina que a palavra individualiza os objetos e os reúne em determinadas categorias, que designa ações e relações entre as coisas. Assim a "palavra codifica nossa experiência" (p.27), por isso também vale a pena compartilhar saberes com as crianças, entre elas e a partir das palavras e outras próprias do grupo delas.


Quis trazer aqui um pouquinho desses corpos relacionais cujas inscrições cooperam na expressividade e fluência escrita. É assim que acostumei a aprender e continuo aprendendo com as crianças. O material em slide, logo abaixo, foi preparado com carinho e utilizado durante o processo de formação continuada em nossa escola. Sinta-se à vontade se quiser contar um pouquinho de suas experiências de leitor de mundo que também aprende a desaprender. É só apresentar o link que vamos lá.


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Pré história da linguagem escrita
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Ensinamos o que queremos ensinar. O aluno aprende o que quer aprender. Como se dá a comunicação? Revisitando Sócrates aprendemos o sentido da polifonia, pois, "a verdade não está com os homens, mas entre os homens".


Estamos relacionados e enredados na palavramundo que se estende nas redes de comunicação. Fecho aqui com a colocação de Vygotsky (2001, p. 486): "A consciência é refletida na palavra tal como o sol se reflete numa gota de água. A palavra está para a consciência assim como o pequeno mundo está para o grande mundo, como a célula viva está para o organismo, como o átomo está para o cosmos. A palavra é o pequeno mundo da consciência. A palavra consciente é o microcosmos da consciência 'humana'.


Referências
BARTHES, Roland. Aula. Trad. Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 1979.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 22 ed. São Paulo: Cortez, 1988.
LURIA, Alexandr Romanovich.  Pensamento  e  linguagem:  as últimas conferências de Luria. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.
LURIA, A. R. O desenvolvimento da escrita na criança. In: VIGOTSKII, Lev Semenovich; LURIA, Alexander  Romanovich; LEONTIEV, Alexis N.  Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 10 ed. São Paulo: Ícone, 2006. (p. 143-189).
VYGOTSKY, Lev S. A construção do pensamento e da linguagem. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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