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A Chapeuzinho sem medo do Lobo, no olhar de Ziraldo e
na escrita de Chico Buarque, em "Chapeuzinho Amarelo".
A criança educada em liberdade deve aprender a não temer,
segundo Emílio de Rousseau (escrito em 1762). "Aquele
que melhor souber suportar os bens e os males desta vida é,
para mim, o mais bem educado" (Rousseau, 2004, p.15) . |
Assim entendo.
Não que eu não goste da palavra infância.
Mas,
prefiro dizer que é Literatura para Crianças.
Literatura Infantil
Literatura para Crianças
Leitura para Crianças
Ler para Crianças
Ler para Sofia
Ler por com Ela.
Sua visão de mundo através do livro e do livro na tela do
computador. E Aprender com a sua forma de Aprender, é o que tem me encantado nos últimos meses, e desde que minha neta Sofia nasceu.
O livro na prateleira fascina. E a imagem da capa do livro na tela do computador a faz
vibrar. Encanta-se nas duas e com as duas possibilidades.
Onde tiver dois é uma questão de múltiplos, ou seja, dois é
a base de todos os múltiplos. Múltiplas leituras. Duas pessoas. E o adulto aqui aprende com a criança ali, lá e em todo lugar ou tempo.
O vocábulo "infantil" tem uma origem triste. Antes a criança nascia
em pecado, precisava ser boa, era má. Depois se pensou que era um adulto
infantil, bastante imperfeito. Sem direito à fala, o adulto falava e
ela reproduzia, copiava, a inteligência do adulto a calava.
Infância – vem do Latim infantia,
formado por in, negativo, mais fari, falar – não fala; infante – não falante.
Criança não fala. Afinal, o que tem a falar? O que tem a dizer? Tem talvez a
muito ouvir... Uma folha em branco, triste, pálida. O infante aprende para
depois ter o que dizer.

A criança não fala? Talvez ela não seja ouvida... |
Literatura para Criança. Ler com a Criança. Criar com Ela. Reinventar-se nela. Assim estou nas aprendências atuais. A criança deve expressar seu simbolismo e, portanto, a ação deve estar sendo semiotizada (representada), em nossas relações.
Os sistemas vivos se auto-organizam por processos que envolvem todas as partes, formas altamente complexas que são capazes de, neste movimento de manter e produzir vida, conservar sua capacidade autopoiética, nosso corpo é múltiplo pela autopoieses*, virtualidades e limites, tão cheio de diálogos, adaptações, mudanças e outras possibilidades nos entremeios. Viva a Vida em nós que se renova sempre!
- Toda criança nasce boa? Bem, em Emílio (1762; 2004, p.91), o educador filósofo Rousseau nos diz que "a natureza quer que as crianças sejam crianças antes de serem homens".
Criança - vem do Latim creare, "produzir, erguer - CRIAR", também se relaciona a crescere, "crescer, aumentar", do Indo-Europeu ker- "crescer".
A criança, que pensa, fala e cria, fortalece nosso conceito de corpo-sujeito e bem diferente do corpo-objeto, que se constitui em uma sociedade capitalista, como a nossa... Sofia e Eu somos corpos-parceiros nessas aprendizagens mútuas.
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A maior dificuldade do homem moderno é o seu desconhecimento do conhecer,
segundo Maturana e Varela (1997), este é um dos motivos que ratifica a minha necessidade constante
de aprender sobre o como se aprende, para ajudar outras pessoas a também aprender.
A educação dos filhos e filhas, e dos filhos e filhas destes, é uma Arte, não uma ciência fechada... |
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Jess (Joshua Ryan Hutcherson)
em "Ponte para Terabítia". |
"Feche os olhos, mas, deixe a mente aberta", segundo a garota Leslie Burke para seu amigo Jess Aaarons, ambos com 11 anos, no filme "A ponte para Terabítia" (2006).
* autopoiese é a capacidade de reagir de todo ser vivo. A autopoiese humana significa uma complexificação da capacidade de reordenar seus componentes em uma nova organização.
Referências
- BRUHNS, Heloisa Turini. O corpo parceiro e o corpo adversário.
2 ed. Campinas: Papirus, 1999.
- MATURANA, Humberto; VARELA, Francisco Garcia. De
máquinas e seres vivos: autopoiese, a organiação do vivo. 3 ed. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1997.
- ROUSSEAU,
Jean-Jacques. Emílio ou Da educação. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.