sábado, 31 de outubro de 2009

Alfabetizar-se letrando na cultura escrita...

RECEITAS NOVAS?
MAIS SABOROSAS?

A postagem feita, em 27.10.09, que me inquietou e igualmente levou educadores a refletir mais um pouco sobre a aprendizagem da leitura e da escrita e a relação alfabetização x letramento x cultura escrita foi provocada por uma aluna de Pedagogia, que atualmente estuda o sexto período do curso. Ver postagem original em noah chiavenato. Fico animada pelo que nós professores aprendemos com os nossos alunos que nos fazem refletir mais sobre o processo que estamos construindo em nossas interlocuções com leituras, práticas, debates, releituras e reescritas. E "dá-lhe" desconstruções! Somos aprendizes a nos deixar tocar e revisitar nossas próprias certezas. É com essa simplicidade que vamos caminhando, conversando e sobre contrariedades, identificações e reinvenções.

As nossas postagens e comentários refletem esse desejo permanente de aprendermos com o outro. Sabe-se que para ser um ato de conhecimento o processo de alfabetização demanda uma relação de autêntico diálogo. Aquela em que sujeitos do ato de conhecer se encontram mediatizados pelo objeto a ser conhecido. Nesta perspectiva, portanto, os "alfabetizandos" assumem, desde o começo mesmo da ação, o papel de sujeitos criadores.

Como nossos interlocutores trago alguns pensadores da área para, em conformidade, com a postagem crítica da Fátima em questão dos métodos
, sobre a reportagem da Folha de São Paulo, a respeito das experiências de alfabetização no país e a relevância de como se dá ao método fônico contrapondo-se à forma de conceber a escrita enquanto representação da linguagem, ou seja, hoje nós da área re-olhamos a escrita não mais como simples código de transcrição gráfica de unidades sonoras. Mas, qual é o método mais acertado? Repetindo-se ao que Noah questiona (?!) e ao de tantos outros estudantes mais.

Sabemos que a criança aprende como um sujeito ativo que interage de forma produtiva com o objeto do seu conhecimento. Desta maneira, para apimentar o debate, segundo Pedro Demo (2009), o que se torna mais decisivo, nesse caso polêmico, é a qualidade do professor - "um bom professor alfabetiza o aluno, partindo do aluno, ajustando o método - método é algo instrumental, não é a razão de ser". E nesse debate reiteram-se:

Freire (1982): "aprender a ler e escrever já não é, pois, memorizar sílabas, palavras ou frases, mas refletir criticamente sobre o próprio processo de ler e escrever e sobre o profundo significado da linguagem".
Ana Teberosky (2005): "consegue ler bem quem teve algum tipo de oportunidade fora da escola. Os que dependem só dela são os analfabetos funcionais. A aquisição das habilidades de leitura e escrita depende muito menos dos métodos utilizados do que da reflexão que a criança tem desde pequena com a cultura escrita".
Emília Ferreiro (2001): "A escrita é importante na escola, porque é importante fora dela e não o contrário".

E por este motivo insisto no trabalho com crianças colaboradoras seja com estudantes de Pedagogia ou com professores em formação continuada a fim de aprender como Freinet (1979), pois, "meu único mérito como Pedagogo é talvez o de haver conservado uma influência tão marcante de meus primeiros anos: sinto e compreendo, como criança, as crianças que educo. Os problemas que elas se colocam, e que são tão grave enigma para os adultos, eu os coloco ainda para mim mesmo, com as claras lembranças de meus oito anos. E é como adulto-criança que detecto, através dos sistemas e métodos com que tanto sofri, os erros de uma ciência que esqueceu e desconheceu suas origens". No meu caso específico, aprendi a ler e escrever aos cinco anos de idade, na década de 60, entre 67-68, minha mãe me disse que de repente me viu lendo e escrevendo e não sabe explicar como. Por quê? Minha mãe, que era só normalista, se aposentou em 1976, e foi durante 33 anos professora de 1a. série. Eu frequentava a escola com ela desde os quatro anos de idade, andava de sala em sala e adorava ficar com as serventes e merendeiras da escola, ouvindo suas histórias e seus contos-cantos-encantos enquanto preparavam o lanche da meninada ou limpavam os banheiros tão cheios de escritas secretas em suas portas e paredes internas. Ah! eu adorava ler gibi. E ela não sabe ainda como aprendi...

Os 70 professores da escola, que eu trabalho como coordenadora, questionaram-se e aprenderam a ouvir melhor as suas crianças colaboradoras, em dezembro de 2008, re-olhando seus processos de aprendizagem:

- O que sabemos das crianças, de seus processos de desenvolvimento, da construção de seus conhecimentos, da ampliação de suas visões de mundo?

- O que conhecem sobre a escrita a partir do lugar de onde vivem? Como adquirem esses conhecimentos?

- Como interagem com a escrita – esse objeto cultural – e como interpretam o ato de leitura?

As perguntas foram as seguintes: "o que é escrita para você? para que se escreve? onde tem coisas escritas para se ler em casa? qual a palavra que você acha mais bonita? mais gostosa? etc.".

Os objetivos dessas entrevistas foram:
Geral: Analisar os processos de aquisição da escrita nas crianças, nas relações de ensino e no movimento das transformações histórico-sociais.

Específicos:
- Investigar processos e estratégias que crianças - da Educação Infantil aos primeiros anos - usam para interpretar a escrita no meio em que vivem.
- Identificar conceitos que a criança desenvolve a respeito deste tipo de linguagem antes do início de uma instrução formal.

Apresento alguns dos resultados na apresentação abaixo:


sábado, 24 de outubro de 2009

Reflexões sobre processos de alfabetização: saber ouvir, re-olhar e mediar

A competência docente – a autoridade do argumento:
O professor é um organizador das aprendizagens quando consegue realizar a transposição didática daquilo que aprende na teoria, de forma reflexiva e práxica, reinventa o conhecimento, mobiliza seus referenciais, recria seus próprios modelos e integra a autocrítica. O professor se permite aprender enquanto ensina, tornando-se sensível às aprendizagens e se dispõe a saber ouvir o aluno, e com ele re-olhar o movimento e as situações das aprendizagens que surgem no processo de construção do conhecimento. Nóvoa (2001) destaca duas importantes competências na prática docente: a organização e a compreensão do conhecimento e isto inclui a tomada de consciência, as habilidades metacognitivas, o autocontrole, os novos discursos. Educar significa propor questões, problematizá-las, reconstruir situações, desconstruir-se no processo enquanto se busca resolvê-las.



A autonomia do aluno:
Dentre as estratégias metacognitivas quando se faz conhecer o próprio conhecimento, os erros e as limitações se colocam a caminho das aprendizagens. É importante mobilizar os alunos a tomarem consciência do percurso de sua autonomia, por meio de atividades que estimulem a produção do “leitor”, daquele que se permite errar e soergue diante da produção de novos significados e sentidos. A autoria acontece nos questionamentos e desafios, na busca de argumentações e idéias, na reinvenção de estratégias para resolver problemas. E novos conhecimentos e aprendizagens advêm de emoções de caráter público, sentimentos de caráter privado, das percepções, relações, assimilações, contrariedades e de acordos que permeiam o cotidiano e suas realidades entrecruzadas. As interpretações e sínteses se tornam parceiras no processo de construção do conhecimento.

Poderia eu passar batida se o meu óbvio não me interrogasse em determinadas situações das aprendizagens dos alunos. Uma das aprendizagens mútuas que travamos em nossa roda cultural na turma do segundo semestre de Pedagogia sobre o conceito da escrita como representação ou enquanto código. Coloquei-me a ouvir o entendimento que tinham sobre representação enquanto liam o livro "reflexões sobre alfabetização", de Emília Ferreiro, e disseram-me haver entendido a diferença entre fonema e letra, a exemplo do “xis” da palavra exame: a letra é x e o fonema /z/... Não haviam percebido que ainda se tratava de códigos e não de representação. Depois conversamos sobre suas outras concepções de representação. Problemas semânticos como porque a letra é arbitrária, algo que ficou mais concreto na transposição conceitual de números e símbolos matemáticos pelos conflitos cognitivos que ainda sofrem... Que resenha seria essa? O entendimento deles era lógico - para eles - assim como para mim a palavra representação era muito óbvia...


Como venho me desconstruindo neste vai e vem, por me permitir escutar e não somente inferir sobre seus entendimentos e dificuldades de compreensão. Neste momento vamos aprendendo juntos a reconstruir o conhecimento. Boas experiências. Melhor ainda quando entram as crianças colaboradoras que eles mesmos escolhem e novos óbvios são desmascarados.


Segundo afirma Perrenoud (2000, p.29), “o professor que trabalha a partir das representações dos alunos tenta reencontrar a memória do tempo em que ainda não sabia, colocar-se no lugar dos aprendizes, lembrar-se de que, se não compreendem, não é por falta de vontade, mas porque o que é evidente para o especialista parece opaco e arbitrário para os aprendizes”.


Comecei a exemplificar para facilitar o entendimento acerca da palavra galinha, enquanto código quando podemos nos referir aos aspectos da consciência fonológica ou transposições fonéticas, com as belezas das falas regionais, ou ainda, esmiuçar a quantidade de letras e fonemas, sobre ainda aspectos sintáticos – referentes à forma – que estruturam a frase valorizando a clareza das idéias etc. Aos exemplos de representação, primeiro a clareza da concepção da galinha enquanto significante. Ela é um ser vivo, um animal, uma ave... bota ovos, tem penas e asas etc. Pode haver crianças que nunca viram uma e aquilo que nos é óbvio deixa de ser para essa criança que mora no décimo quarto andar de um edifício, sem quintal, ligada no mundo das mídias, come frango e não galinha cabidela. Quanto ao significado a galinha pode ser a “galinha dos ovos de ouro; a galinha ruiva; a galinha do vizinho; a galinha da minha vovó que chocou tantos pintinhos; eu vi meu avô matando uma galinha para comer e fiquei chocada; galinha ao molho pardo ou no tucupi; sua irmã é uma galinha; aquele menino é um galinha etc.”. Quantas palavramundos sobressaem à palavra do ditado ou da cópia, articulam-se ao contexto de simples frases ou emergem nas histórias clássicas das fadas e companhias? Quanta diversidade tem as palavras e em suas intensas semânticas!


A leitura da palavra é a leitura de meu mundo, o professor se põe a aprender com o aluno e a viver suas experiências e a dignificá-las no coletivo. A riqueza das trocas está no saber aprender e integrar o mundo da cultura ao mundo da ciência e vice-versa, o mundo de quem FALA e daquele que ESCUTA, quantas vozes permeiam e ali percebem-se em construção pelos sujeitos autores.


O óbvio é surpreendente. Ao nos colocar ouvindo aprendemos a palavra humildade-humanidade e assim aprendemos a aprender com o Outro. Segundo Morin (2003), todo conhecimento é tradução, reconstrução e inclui a interpretação do aprendiz. Basta saber ouvir. Basta re-olhar.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Selinhos, mimos e coisas e tais


Este selinho recebi da Tati Martins, vale a pena visitar: http://tatianemomartins.blogspot.com/, e aprender a ser desdobrável como ela.
As regras:

1 - Dizer quem te presenteou com o selo e colocar o link do blog;
2 - Copiar o questionário e responder a ele;
3 - Presentear 5 blogs com o selo e avisá-los sobre isso.

O questionário:

1. MANIA: de acordar de manhã e dizer “bom dia, sol!”, estou feliz por mais esse dia, mesmo que esteja chovendo, muito raro pelas manhãs belemenses.
2. PECADO CAPITAL: a temperança que se opõe a gula, exercício do autocontrole, que muitas vezes me leva às lágrimas, pois, a emoção está sempre à flor da pele e me faz sentir humanamente frágil, dependendo do momento é surpreendente.
3. MELHOR CHEIRO DO MUNDO: o cheiro da chuva na boa reserva de mata atlântica da serra do mar “Curitiba-Paranaguá” toda coberta de neblina.
4. SE DINHEIRO NÃO FOSSE PROBLEMA EU FARIA: uma creche para crianças em lugar que mais necessitasse junto com a comunidade local, para cuidarmos do patrimônio imaterial da humanidade: as crianças deste milênio, e lá teríamos tudo o que se tem de direito só para provar que com amor se faz tudo. Ser manso de coração e de atitude humana é digno de quem é educador-aprendente e busca sempre o diálogo como forma de rever posturas e ajudar nas aprendências da vida, sem ambição desmedida, muito mais pela cidadania maior aos que estão vivendo a cidadania menor nas contingências da vida.
5. CASOS DE INFÂNCIA: eu queria ler todos os livros, viajar pelos lugares com as asas da imaginação, ter bastante amizade para brincar, sorrir e fazer o bem sem olhar a quem... Ah! Quero pedir licença a Tatiana Belinky e repetir uma passagem brilhante a nos “dizer” em entrevista: “Uma vez, a dona Benta contou uma história cuja moral era ‘fazer o bem sem olhar a quem’. Daí a Emília discordou: ‘para os maus, pau!’. Que me desculpe a Capitu (personagem do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis), mas a Emília é a mulher mais inteligente do Brasil! E, além de tudo, é mágica!”. Eu queria ser mágica. Qual criança não quer?
6. HABILIDADES COMO DONA DE CASA: gosto de cuidar das roupas da família com muito carinho, a sentir o cheiro de cada um, seus sonhos, seus desejos, suas esperanças por um mundo melhor e mais humano a todos.
7. O QUE NÃO GOSTA DE FAZER EM CASA: passar roupa em tempo de muito calor, coisa costumeira aqui, daí me lembro quando passava roupa no frio e me aquecia. Boas saudades!
8. DESABILIDADES COMO DONA DE CASA: Re-Limpar o que acabei de limpar! Irrita qualquer um, mas, como acontece. Lembro-me que passava cera no assoalho de casa e meu irmão chegava com a bicicleta sem olhar por onde andava...
9. FRASE: Está no meu lema aqui no blog. Veja lá em cima.
10. PASSEIO PARA ALMA: ir ao centro espírita, ler livros e amar meu esposo.
11. PASSEIO PARA O CORPO: viajar com a família e sorrir com a vida.
12. O QUE ME IRRITA: falta de compaixão, a mediocridade e o estrelismo.
13. FRASE OU PALAVRA QUE FALA MUITO: "Ser perseverante e aprender a ser resiliente".
14. PALAVRÃO MAIS USADO: inexplicável ou irreconhecível
15. DESCE DO SALTO E SOBE O MORRO QUANDO: percebo que preciso aprender a subir o morro com os pés descalços e a olhar para o céu...
16. PERFUME QUE USA NO MOMENTO: o que inebria, acalma e adormece...
17. ELOGIO FAVORITO: qualquer que venha da alma, do coração, do olhar claro...
18. TALENTO OCULTO: bom motivo para redescobrir-se...
19. NÃO IMPORTA QUE SEJA MODA NÃO USARIA NEM NO MEU ENTERRO: a mini-saia, não combina comigo.
20. QUERIA TER NASCIDO SABENDO: talento para música e ser poliglota
21. EU SOU EXTREMAMENTE: observadora, sensível, humana e feliz com a vida por ter encontrado a pessoa que amo há trinta e três anos... Por ele aqui estou em Belém, deixei o Paraná para acompanhá-lo e lá ficou uma bela história, nela a nossa história, a caminhada inicial e a dois, pretendemos voltar, “eu sei que ainda vou voltar para o meu lugar...”.

Agora o selo "A dona deste blog é uma fofa" vai para as seguintes colegas blogueiras:

1. Adrianne Guedes,
mevitevendo, a blogueira que traz o livro da infância e nos faz abrir, sorrir e admirar, somos co-seguidoras...
2. Patricia Dias, em
infância, literatura e arte, blogueira aprendiz apaixonada pela leitura;
3. Noah Chiavenato, em
vivendo a pedagogia, a ex-aluna mais apaixonada por blog;
4. Áurea Albuquerque, em
http://tutoriademidias.wordpress.com/, a tutora do curso de mídias na educação, por ter retornado às funções e contribuir com os alunos de Bragança (PA);
5. Helioneth, em
http://helionethlisboa.blogspot.com/, professora do laboratório de informática que bem sabe lidar com o seu cotidiano pelas boas postagens;
6. Vou quebrar a regra do clube da Luluzinha e indicar o coordenador do Curso de Mídias na Educação – Pará, que vem se esforçando para manter todos seus alunos no Curso, através dos prazos dilatados e pelas postagens animadoras, Marcelo Carvalho, em
http://midiasnaeducacaopara.blogspot.com/;
7. A professora Daniela Torres, apaixonada por biologia - pela Vida, em
http://lelaorca.blogspot.com/; por sua espiritualidade, boa articulação e amplas visitas em seu blog, quando tem prazer em apresentar ao mundo blogueiro as escolas públicas locais.

sábado, 10 de outubro de 2009

Crianças Colaboradoras: quanto tempo o tempo tem?


Acadêmicos do Curso de Pedagogia, no segundo semestre, vivenciam o Laboratório de Aprendizagem com as suas crianças colaboradoras e reconstroem-se no jogo intitulado "quanto tempo o tempo tem?" (roda de conversa, em 06.10.2009).

As regras do jogo:

1a. etapa: (a) desenhar usando somente retas no papel em todos os sentidos (vertical, horizontal ou diagonal); (b) não pode tirar o lápis do papel (de preferência não utilizar lapiseira, pois, a ponta pode quebrar com a pressão); (c) conta-se o tempo de 4 minutos na execução desta ação.
2a. etapa: (a) no tempo de mais 4 minutos, corrigir a gosto e/ou pintar o desenho realizado. A integração de novos elementos ou dúvidas referentes ficam a critério da criança. Como ela resolve problemas? A mediação, neste momento, observa.
3a. etapa: dar nome ao trabalho depois de pronto.
4a. etapa: relatar o processo vivenciado ao mediador ou a todos os colegas presentes se for uma ação coletiva. Avaliar o que a pressão, a tolerância, o controle, os limites, o processo criativo e o erro significam a cada pessoa, a cada criança. Não dar dicas sobre o relato. Observar o caminho do pensar e as emoções integradas.

1o. ato: os acadêmicos passaram primeiro pela experiência em sala de aula, o controle foi feito através de um instrumento, a ampulheta, a emoção guiada por música estilo new age, e, a mediação pela professora lembrando a todos sobre as regras firmadas.
2o. ato: Fazer o mesmo processo em casa sob as mesmas regras. Atribuir um nome ao desenho feito em casa e um título geral ao trabalho. Comparar os dois processos.
3o. ato: Vivenciar com a criança colaboradora, entre quatro a oito anos, e no processo inicial de letramento, que vai da educação infantil ao 3o. ano de 9 anos do ensino fundamental.
4o. ato: Descrever o processo através de relatórios.
5o. ato: Socializar aos colegas, em sala de aula, o processo vivenciado.
6o. ato: Pensar sobre os próprios significados ao mesmo tempo em que se formulam o(s) objetivo(s) do trabalho mediado.
7o. ato: De aluno para aluno. Tirar as dúvidas dos colegas que não vivenciaram a ação e incentivá-los a passar pelo mesmo processo.

As vivências com as crianças fizeram com que revisitássemos os seguintes conceitos vygotskyanos sobre a relação pensamento-linguagem-desenvolvimento:
- a criança modifica sua linguagem na interação com o outro e vai dando nova forma ao pensamento;
- nos atos e processos mediados se entrelaçam a imaginação (imagem em ação), o uso da memória (relações com o saber cultural) e o planejamento da ação (mais evidenciado nas crianças colaboradoras de 7 a 8 anos).

A linguagem (processos metacognitivos) sistematiza a experiência direta das crianças, como foi observado pelos acadêmicos (dúvidas expressas ou não: eu nunca fiz isto? como eu vou fazer? como eu vou começar? será que vai dar tempo?), sentimentos muitas vezes contrários ao fazer quando não se consegue perceber o sentido da ação.

Executam tarefas porque mandam e não porque querem. Remete-se à neurose da sociedade (Freud) em querer a todo custo que as crianças estejam na escola sem mesmo elas desejarem ir, a não ser vivenciar as práticas sociais lá dentro (recreio, merenda, brincadeiras, competição, cooperação, discriminação, isolamento, inclusão etc.). Por que tenho que ir para a escola? Por que aprender a ler e a escrever? Para que aprender a ler e a escrever? O que eu desejo aprender? São perguntas, dentre outras, que a criança se faz em vários processos de pensamento. Como se medeia?

Essa atividade vivencial é para mediar vários processos de pensamento e sentimento sob pressão interna e externa. Deixar vir à tona a fala internalizada (Vygotsky) ou linguagem egocêntrica ou socializada (Piaget). Há duas lógicas na linguagem infantil, segundo Piaget, o pensamento egocêntrico e a inteligência comunicativa, a lógica egocêntrica é mais intuitiva e seus raciocínios não são explícitos; a lógica comunicativa é mais dedutiva e torna explícita as proposições facilitando a mediação. Porém, para Vygotsky, a construção do real, do pensamento é mediado pelo interpessoal antes de ser internalizada pela criança, assim se procede do social para o individual. O pensamento não origina de forma egocêntrica por ser uma fala internalizada, revista, é a releitura da criança, como ela repensa e reinventa as coisas do seu meio e segundo sentimentos, desejos e interesses.

Aline com Beatriz (8 anos):
1a. etapa: A menina pediu uma pausa antes de começar. Insistiu em mais um pouquinho e disse estar pensando no que iria desenhar. Logo disse estar pronta. No meio do tempo retirou diversas vezes o lápis do papel. Ficou tensa com o flagrante e os traços saíram mais fortes. Terminou antes, em 2 minutos e 47 segundos. Limitou-se à idéia de casa, disse que não pensou mais em nada e perguntou sobre o que desenhar no resto do tempo. Olhou para o desenho e foi fazendo linhas curvas no telhado. Espantou-se com o erro. Tentou amassar o papel, levantou-se da mesa e começou a rir procurando outra folha para refazer o desenho. Aquietou-se quando soube que não era necessário.
2a. etapa: Mais animada, pediu para começar logo. Foi direto ao telhado e tentou consertar as curvas que fez. Mas, o giz de cera não conseguiu apagar. Integrou as maçanetas. O tempo acabou e meio triste disse "Aaaaaahhh!".
3a. etapa: "uma casa" foi o título atribuído.
4a. etapa: a acadêmica perguntou: "por que casa?" e ouviu a resposta: "porque é uma casa!". Aline se sentiu "meio boba", pois parecia muito óbvio. Beatriz lhe disse que gostou mais de pintar, porque "para pintar a gente não tem muito trabalho e porque não gosto de pensar muito". Ao final, Beatriz não quis que Aline trouxesse o seu desenho para a faculdade, com vergonha dos erros.

Segundo Piaget, se a pessoa possui estruturas em formação, o professor deve trabalhar com a idéia de que o erro é construtivo, pode-se corrigir no processo através da mediação, ajudando o aluno a pensar e a superar suas dificuldades.

Qual é o significado do erro para a criança? O que ela vivencia em seu contexto? A mediação vai construindo a forma de interagir no processo da andaimagem, no diálogo com a criança. O erro é uma tentativa de acerto, a questão é descobrir o raciocínio e o ponto da dúvida. Deixá-la repensar o erro através da andaimagem.
A criança nessa faixa etária desenvolve mais o pensamento lógico-matemático, mais concreto, o desenho é o que é, funcional e objetivo. Para Piaget, os processos da inteligência representativa é correlativa a aquisição da linguagem que participa de um processo mais geral que consiste na composição da função simbólica. A criança cria novos sentidos aos objetos, são os progressos da inteligência representativa nos processos comunicativos.

Para os acadêmicos, os objetivos dessa vivência foram:
- observar o raciocínio da criança e do adulto sob pressão ao criar um desenho. Quando nós trabalhamos sob pressão, com regras predefinidas não é prazeroso, pois, não se deixa a criatividade fluir (Layse Costa);
- adaptar-se e se flexível às necessidades, mesmo sob pressão e limitação (Layse Costa);
- entender o que a criança sente quando o processo criativo é interrompido por predefinições que lhes obriga a seguir o que é imposto (Aline);
- como se colocar no lugar da criança: inibir ou soltar a criatividade? (Aline);
- perceber a agilidade da criança e a própria experiência de acadêmica e como aluna no passado (Simone);
- aprender a se organizar e a se adaptar com as coisas do mundo. Vivenciar sem pressão é menos exaustivo (Valdir);
- conhecer nossas limitações; saber onde se pode ir e chegar com certas limitações; encarar essas limitações como reta final ou como desafio a ser superado? (Lauriane).

Socializar experiências anteriores de outras turmas:
Geralmente sofrem impacto ao perceber que alguns alunos conseguem resolver bem o processo da "pressão" das regras sem deixar de planejar a ação no mesmo tempo que todos. Como podemos viver a vida agitada sem deixar de integrar razão e emoção com arte? Como a criança poderá ir para a escola e gostar de aprender?

- Onde está o DESEJO DE LER? DE REINVENTAR? DE SE PERCEBER NAS - E ENTRE AS - APRENDÊNCIAS?

Abaixo os dois desenhos produzidos, em 4 minutos, pela acadêmica Rozeane (ago.2007), só com linhas retas e sem tirar o lápis do papel. Em casa (Pensamento distante) e na Faculdade (Na teia da vida), tendo também mais 4 minutos para pintar e corrigir o erro. Quais inteligências percebemos nesse processo?





quinta-feira, 8 de outubro de 2009

TV Digital na escola: uma utopia possível


Como incluir os alunos?
Aprendi através do e-proinfo que com esse recurso tecnológico, o limite dos programas que se pode fazer, incluindo o aluno como interagente, é a imaginação (imagem-em-ação).
Animo-me a perceber que podemos usar a TV digital com interatividade, tendo como suporte teórico e metodológico princípios freinetianos, através de suas aulas passeios (estudo de campo) e imprensa escolar que requerem processos cognitivos e metagonitivos em múltiplas movimentações: afetividade, senso de responsabilidade, senso cooperativo, sociabilidade, julgamento pessoal, autonomia, expressão, criatividade, comunicação, reflexão individual e coletiva.

Os alunos aprendem em movimento tendo o lugar como ponto de partida. A idéia de intercâmbio entre escolas diferentes e se possível de diferentes localidades (bairros, municípios e estados) anima mais a gurizada a pensar e a dizer sobre o seu local ao grupo do lado de lá. O legal é dar oportunidades a turmas ou alunos que estão encontrando mais dificuldades de aprendizagem para potencializar sua habilidade de falar, imaginar e escrever. Onde está o desejo deles?

Inclui-se aí um passeio pela escola a fim de redescobrir e fazer releitura de cada metro quadrado pedagógico, com que olhar? O re-olhar! Na comunidade, entrevistando moradores e observando as belezas do lugar, mas, sem deixar de ver os impactos ambientais.

A educação através do mundo digital fomentará a forma reflexiva e crítica de se comunicar e ampliar horizontes. As tarefas devem vir seguidas: compreensão da realidade local com destaques culturais e problemáticas; preocupar-se com o que dizer, com a leitura crítica das próprias mensagens e o planejamento do discurso para enfrentar o inesperado, procurando fazer uso da utilização livre e criativa das competências pessoais integrada ao seu grupo de colegas, tudo através de processos de andaimagem.

OBJETIVO GERAL
Fazer uso do questionamento reconstrutivo de forma a re-olhar a realidade da escola, os avanços da tecnologia e as possibilidades de integrar conhecimentos a fim de que o aluno possa perceber a necessidade de leitura e tomadas de decisão mediante situações-problemas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Contribuir no processo de autoformação dos alunos através de seus processos cognitivos e matecognitivos para sucesso das aprendizagens e parcerias.
- Analisar os discursos produzidos e as produções elaboradas por dois grupos distintos: o da escola de lá e o da escola daqui que integram a rede humanizadora do conhecimento.

METODOLOGIA
Repórteres-mirins a entrevistar moradores, ilhéus e ribeirinhos, acerca de como veem a paisagem da orla daqui a dez anos, observar mais próximo as falésias, as consequências do turismo, os sonhos, suas fantasias, o despertar, a perspectiva; o escalpelamento da mata ciliar, o assoreamento de rios e igarapés, o tanto de peixes e pesca artesanal que ali borbulham e conversam, os cantos do lugar, a urbanização, a ponte que interliga continente e ilha, os grupos étnicos, a cultura, a violência, as crianças na escola e as sem escola, a utopia necessária, a tomada de decisão.

O que se quer comunicar e saber do lado de lá; firmar contratos interativos e perceber nos discursos aspectos convergentes e de políticas públicas, que reflexões advêm dessa forma de "tratar" a obviedade, os protagonistas da ação investigam-se, perpassam, relacionam, arrefecem ou integram a cultura de seus lugares? São desafios a observar.

Como se planeja a criação de diálogos? Quem é o outro? As falas estarão recheadas de quê (conteúdo e estilo)? Quais os gêneros textuais mais marcantes? Suas músicas, seus falares, suas vestimentas, seus costumes, suas VIDAS. Como irão dividir as tarefas? Como ocorrerá a mediação pedagógica? Como organizar a pauta, o roteiro, as informações colhidas, a produção do texto, a revisão, a clareza da comunicação e a objetividade do discurso.

O resultado tende a proporcionar e valorizar redescobertas, aprendizagem, integração e movimentar a produção de conhecimentos durante as interlocuções.

AVALIAÇÃO
Tabular dados comparativos e singulares das escolas de lá e daqui, interações particulares e plurais. Observar o desenvolvimento do protagonismo, dos discursos, seus conteúdos e motivações.

Como o aluno constrói sua autocrítica no processo a fim de perceber o quanto aprende com o outro e em suas falas internalizadas?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Um Blog, Um Selo, Grandes Amigos


Meu querido professor Franz, do Nied-Belém e do Blog: http://esteblogminharua.blogspot.com/ me presenteou com este selo, e como ele mesmo cita não é "dourado", mas Blog Dorado.
Fico muito feliz num tempo de boas homenagens, como a que recebi na semana anterior da Universidade Estadual do Pará (UEPA), pelos 10 anos do Planetário, reconhecendo "em público" - e de forma inesperada - o projeto institucional de minha autoria e a cartilha de "O céu dos índios Tembé", ganhadora do 1o. lugar do Prêmio Jabuti, edição 2000, na categoria dos Didáticos.
Agora este selo surge de alguém cuja notoriedade é da apaixonada área da etnomatemática, alguns aprendizados temos trocado em suas postagens. Dele vem a sabedoria de alguns ditados "enquanto os cães ladram, a caravana passa", e esta outra máxima "só se atira pedras em árvores que dão bons frutos". Muito obrigada!
Eu também indico, não os 15 blogs, mas neste momento, cinco deles:
1. O Blog da Tati Martins: http://tatianemomartins.blogspot.com porque acredita no amor ao próximo por ser desdobrável, como Adélia Prado.
2. O Blog das AMIGAS Lenira, Deolinda, Claudiane e Vanda, do Blog: http://alfabetizacaoemfoco.blogspot.com, porque sabem amar a realidade das classes multisseriadas e nos ensinam através dessa "paixão de aprender", como Madalena Freire, os processos intensos de letramento.
3. O Blog da Marli, aliás ela é muldimensional, mas, cito aqui novamente o http://blogosferamarli.blogspot.com, pelos seus constantes voos inovadores, adorei ainda o http://arrobaeduca.terapad.com, que nos transporta pelo mundo a partir da história circundante da tecnologia. Vale a pena visitar! Um achado.
4. O Blog lá de Bragança (PA), o http://lelaorca.blogspot.com, pela paixão das relações interdependentes, mas, particularmente, pela sincronicidade das idéias de repórteres-mirins, e por aqui, através do Planetário criamos os "cientistas-mirins" e pela paixão das borboletas, aqui encontramos a famosa borboleta azul, que nos transmitem equilíbrio no local... E de fato, elas não são azuis, mas é o reflexo do olhar, da luz dos olhos do Outro. Belo olhar!
5. O Blog que representa às idéias de São Domingos do Capim, outro belo lugar, através da Professora Maria Ester Pantoja, em: http://capimcasos.blogspot.com. Pelas boas idéias e os causos que historicizam a bela localidade em torno do Rio Capim. Com quem aprendi? Com alunos de Pedagogia e Colegas Professores dessa localidade.
Volto a agradecer Franz e a Meninas do Espírito Santo pelo incentivo do retorno ao Blog!
Abraços!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Aos Amigos

Aos CAROS AMIGOS,

Diante de uma linguagem subliminar rastreada de amor, solidariedade, dignidade e sempre educadora que aprende a lidar e a viver o processo intenso de autoformação e metacognição.

"Sei que vou voltar", para esse momento nada menos do que Chico, Tom e seus amigos... Aos meus!