domingo, 20 de dezembro de 2009

Revanche de edublogueiros nas trilhas da escrita e recursos imagéticos: assim mostram a nossa cara


Partilhar uma mesa com outras e diferentes pessoas tem algo de sagrado. Assim aprendi a ver aquela imagem de Jesus na ceia. Assim entendo as famílias que buscam trazer o sagrado alimento que sustenta a Vida que corre nas veias de todos da casa e de outros mais que a ela se achegam.

Partilhei a mesa, em uma solenidade de entrega dos prêmios para educadores e escolas vencedores do II Educablog Paraense, com outras pessoas que significaram muito para que esse momento acontecesse e sinalizasse um novo tempo na educação pública do Pará.

Lá estive representando a comissão avaliadora do certame, porém, muito mais como apreciadora do processo interativo de professores com a máquina, de professores com seus pares e alunos parceiros que aprendem a lidar com o conhecimento tecnológico e através dele aprimorar competências, habilidades, intensificando ainda mais os protagonismos pedagógicos necessários e em um tempo que exige re-olhar as nossas relações de interdependência com o mundo e suas voltas, a clamar por mais humanismo e ética.

Coube a mim, e a outros dois colegas, a avaliar professores blogueiros. Estilos diferenciados.

O projeto mexe com a educação e o pensamento reflexivo de seus educadores que apresentam a práxis desenvolvida na escola e em todos seus ambientes pedagógicos, incluindo cotidianidades, sentimentos e percepções acerca da vida e sua dinâmica curricular.

Nos blogs a face discursiva expõe suas interfaces representativas de um ou mais grupos, por pilhagem, recortes ou reinvenção, de gerações e localidades, realidades e invisibilidades desfilam e suas subjetividades criativas, prazerosas, significativas e até divertidas permitem, remarcam, questionam e aproximam a relação teoria e prática. A nova face imagética e discursiva repagina e articula os conhecimentos escolarizados. É a tão decantada interdisciplinaridade acontecendo.

Os professores assumem a função de orientar projetos de alunos mediando saberes e conteúdos, latentes e manifestos, que reintegram componentes do cotidiano, observando realidades, texturas, vozes, gestos, luzes, cores, vestimentas, topografias, utopias e recônditos digitais emergem, talentos surpreendentes. É o novo. Os desafios da geração. O melhor são os possíveis advindos da multiplicidade do diálogo, reconhecendo o colega de sala, da sala ao lado, de turnos diferentes, estranhos que se permitem conversar, os comentários exaltam as interfaces dialógicas. Novas aprendizagens com o diferente. Basta ser instigante ou simplesmente saber cativar o outro. As postagens chamam discursos e outros horizontes se descortinam. O conteúdo se desdobra. A vida perpassa a ciência e a cultura.

O mundo pode ser fascinante e dar chances às vocações, às perspectivas, às esperanças, às mudanças. O devir não é indesejado, pois, "o que foi antes já não é, o que não tinha sido é, e a todo instante é uma coisa nova" (Chauí apud Ovídio, 2003). A boa nova, destes novos tempos, é que a alegria é possível. A paz também. Talentos motivam talentos. O fracasso escolar pode ser revisto. As defasagens idade-escolaridade podem ser superadas.

Imagens focam o cotidiano e eventos de aprendizagens promovem seus protagonistas. Reorganiza-se a imagem da escola, a comunidade participa e no trânsito interativo dessa tela - vitrine global - os blogs se destacam.

Desta maneira o novo tempo se descortina, professores escrevem, questionam, ilustram, desconstróem, e também a si, reorganizam espaços e o tempo, argumentam, integram ações, enfrentam realidades e os desafios atuais.

O blog proclama e renova sonhos de um mundo melhor e possível a todos. É o que subjaz nas escritas de cada edublogueiro que tive a oportunidade de avaliar. E aprender. As autorias ganham espaços e deixam aos poucos os velhos tempos do control c - control v. Precisamos legitimar nossos pensamentos nos discursos escritos de que fomos historicamente privados. Essa é a chance, a oportunidade, a revanche de brasileiros edublogueiros.


Referências: CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2003. (p.31)
Foto 1: meu arquivo pessoal

Foto 2: Rai Pontes/Ascom/Seduc, disponível em: http://www.seduc.pa.gov.br/portal/index.php?action=Destaque.show&iddestaque=565&idareainteresse=1

2 comentários:

  1. Muito bom ver que sou parte desse texto muito bem elaborado. Pelo visto, em meu blog consigo realmente demonstrar todo o conteúdo de minha alma, as dores, os prazeres, as angustias e ansiedades. O que me surpreende é que a Sra conseguiu identificar isso, coisa que eu não havia me dado conta ainda.
    Um abraço com toda minha admiração! Saúde e paz.

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  2. Querida, voltei de viagem e envio as conchinhas em pensamento para vc!
    Que bacana esse evento que você participou, muito bom saber que esses espaços de troca se estabelecem. Parabéns.
    Tem um selinho natalino para vc no meu blog. beijos e lindo Natal querida.

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