domingo, 25 de julho de 2010

Sempre ao seu lado: aprendizado sobre lealdade

Ontem à noite tive que me render aos apelos de minhas duas filhas para assistir ao filme ”Sempre ao seu lado”, que vinham me solicitando há mais de dois meses atrás. Afinal, locaram e compraram uma pizza e assistimos em família, acompanhados ainda pelos nossos quatro “dachshund”. Narra o filme sobre a história real de uma amizade entre um homem e um cachorro, no Japão do começo do século XX. Em boas passagens olhamos com os olhos do cachorro, é a extensão possibilitada pelo cinema... perspectiva inconteste a nos recolocar no lugar de “melhor amigo do cachorro”.

Qual é o significado dessa palavra para nós? A família e o amor que construímos a quatro e agora podemos dizer que a oito (rsrsrs!).

Qual é o sentimento que tive após o filme? Tristeza, mas, que tristeza é essa? Alegria, que alegria é essa? Talvez, um sentimento sem nome, à procura...

Fiquei a procurar sentidos tão fortes para significar o que se passava em mim até há pouco. E só me lembrei de Marcel Proust e de que preciso ler mais a sua obra. Mas, de tanto ouvir e ler em estudos no "Mídias na Educação - MEC" e, em Benedito Nunes, acerca do escritor francês, como sendo a clave do poético a nos ajudar a aprender o segredo da escrita, a entender que o verdadeiro desponta do imaginário e nesse movimento espiralado a descobrir e reinventar a expressividade da palavra.

Pois é, nesse ponto também fiz conexão com McLuhan, a entender o significado do cinema, do rádio e da mídia em si, quando nos diz que “os meios de comunicação são extensões do homem”. Os nossos sentimentos e emoções se identificam, se remexem e não são mais os mesmos após essa interação. Segundo ele, os óculos são extensões do olho, a roupa é uma extensão da pele, a roda do carro ou da bicicleta é uma extensão do pé, as armas dos braços e pernas. O que criamos é uma extensão nossa. A espécie humana que faz parte da natureza, tudo por aqui e no multiverso é extensão divina. Somos imagens e semelhança.

Segundo McLuhan, “a rádio é uma extensão do ouvido (...) o ouvido vê com o olho interior, esse a que chamamos imaginação. Os olhos do rosto podem estar fechados. O terceiro, da mente, segue bem aberto e espera que os outros sentidos, especialmente a audição, o estimulem”.

Depois desse belo presente de minhas filhas e esposo, assim que assisti ao filme senti que pode fazer muito efeito com nossos alunos e alunas, em um tempo de muita violência que clama por proximidades, afetos e abraços, amores que transcendem e nos reafirmam humanos amorosos. E nós em casa estamos mais unidos ainda e amando nossos salsichinhas que tanto nos reconhecem como amigos verdadeiros.

Sobre o filme, se você já assistiu sabe do que estou falando, caso contrário vale a pena locar ou comprar, para mim será uma aquisição valiosa, intensa. A cidadela, já na época, resolveu colocar uma estátua no lugar onde o cachorro fica à espera de seu amigo na caminhada diária ao trabalho.

- Qual foi e tem sido o significado desta história real àquele lugar planetário? Acabou sendo incorporada ao folclore urbano japonês.

O protagonista humano era professor de Artes, da Universidade de Tóquio, dentre tantos afetos, tentava ensinar seu cachorro a apanhar a bolinha que jogava. O cachorro passou a se chamar ”Hachi”, pelo símbolo que trazia em sua coleira, representando o numeral oito, em japonês, algo muito especial, por simbolizar a ligação entre os planos terrenos e espirituais.

É o significado do filme, amizade, lealdade... que sentimentos são esses?


Referências
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. Trad. Décio Pignatari. 10 ed. São Paulo: Cultrix, 1995.
NUNES, Benedito. Asas da palavra. Belém: Unama, v.12, n.25, 2009. Semestral. (edição comemorativa).


Imagem 1: http://cafenatiffanys.files.wordpress.com/2010/01/poster_sempre-ao-seu-lado_21.jpg
Imagem 2: http://image.blog.livedoor.jp/takekan/imgs/7/3/73068ba1.jpeg
Imagem 3: http://lh4.ggpht.com/_qv11LcCmFS4/S7ucoQoXk0I/AAAAAAAAAyo/23r7nYHJhUE/image_thumb%5B2%5D.png?imgmax=800

6 comentários:

  1. Eu gostei muito desse filme, que vi com minha filha (uma cinéfila como a mãe). Delicado e sensível. Sempre tive cachorros e sinto muita falta de tê-los por perto. Morava em casa e quando mudamos para aPERtamento optamos por não ter cachorros (os nossos já haviam morrido).
    Lindo o que falastes sobre cinema, ressoa forte em mim.

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  2. Oi Adrianne,
    Venho aprendendo cada vez mais a incorporar as mídias em nossa atuação pedagógica, pois, as tecnologias fascinam crianças ou jovens de todas as idades. Esse canal aberto exige-nos competência, habilidades e ética, afinal, como os alunos participam do processo ensino-aprendizagem? Na web há autorias, plágios e cópias, mas, também há a questão das co-autorias, das autorias coletivas que valora as identidades. Ser autor-colaborador a partir de uma proposta pedagógica diferenciada pode ser interessante nessa leitura aberta de mundos, o surgimento de um autor coletivo, colaborativo, participativo e aberto a novas elaborações pode abrir novas perspectivas. Vamos aprendendo a criar filmes e tantas releituras e bricolagens com imagens... O cinema nos ajuda a imaginar mais, acelera emoções e cria novas extensões de corpos e almas. A web nos ajuda a saber fazer.
    Estou nessas descobertas das capacidades pensantes e criadoras.
    Que bom a tua passagem aqui, estive por lá e adorei pensar nas possibilidades de equacionar "simplicidade e consistência".

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  3. Oi, Maria!

    Ainda não vi esse filme, mas da forma como você o abordou fiquei com muita vontade de assistir. Deve ser muito bom mesmo. Quem tem um cão entende o que o filme quer passar. Eles são demais! Falando nisso, vocês têm 4 "salsichinhas"? Imagino a vida que trazem pro lar de vocês.

    Quanto à pergunta do fim do post, ao meu ver são os sentimentos mais bonitos que existem, além do amor.

    Abraços

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  4. Esses danadinhos, duas fêmeas e dois machos, são a alegria da casa, além dos cuidados exigidos como toda amizade zelosa, educadora, reeducadora, alegre, necessária, e todo amor, persistência, re-olhares, superação, 'conversas', flexibilidade, novos acordos, compreensão.
    Um afetuoso abraço!

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  5. Oi moça! Eu ainda não assisti ao filme, mas só de ler sua sinopse me emocionei... Só há pouco mais de 3 anos descobri o quanto é bom ter cachorros, companhia amiga e leal de todas as horas. Como o papai do céu nos é generoso, não? Nessa vida até os cachorros nos ensinam!

    Bjs!

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  6. É Isabele,
    Como diz o ditado, "nenhuma folha cai das árvores e nenhum fio de cabelo se desprende...".
    Temos muito o que aprender, questionar, re-olhar, amar. Há ainda como contraponto, o discurso do "livre-arbítrio". O valor da vida é acreditar no amor e que a lealdade é possível. Somos dignos da vida e da alegria! Os cachorros ficam alegres quando seus donos chegam: "o cachorro me sorriu latindo (...) aqui é o meu lugar". Outros beijinhos!

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