terça-feira, 13 de março de 2012

Crianças Lindas: olhar-se no singular e no plural

Início de ano e os tratados começam a tomar corpo nas salas de aula e nos diferentes espaços da escola. E a proposta de olhar-se aparece para ver a quantas andam as emoções e os sentimentos das crianças da Educação Infantil, no contexto das regras de convívio.


Sensibilizar, envolver e fortalecer os laços das amizades de crianças tão lindas, e que muito nos podem ensinar também, é algo surpreendente nesse contexto.


Na brinquedoteca, os valores da diferença movimentam as lindas crianças da Educação Infantil que se descobrem felizes nesse amplo espaço. O que nos animou com eles foi o exercício de estar com o outro e perceber também a própria beleza, vivenciamos espaço do soltar-se com elas, as crianças lindas de nossa escola.


Uma vida sustentável... precisamos do outro. A origem do ser humano se dá na dinâmica da cooperação e da linguagem, de acordo com Maturana: "o humano surge na história evolutiva a qual pertencemos ao surgir a linguagem, porém se constitui de fato como tal na conservação de um modo de viver particular centrado em compartilhar alimentos, na colaboração de machos e fêmeas na criação das crianças (...) o emocionar, em cuja conservação se constitui o humano ao surgir a linguagem, se centra no prazer da convivência, na aceitação do outro junto a nós" (Humberto Maturana. Da biologia a psicologia". 3 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. p. 86).

Primeira cena, a apresentação da poesia de Ruth Rocha, "Crianças Lindas". E exploramos com elas os limites entre realidade, criação e a arte de reler-se no ambiente. O alunado ouviu uma das professoras ler a poesia, depois leram juntos. Em seguida, um novo momento do ouvir, a poesia gravada na voz da outra professora.

Próxima cena: aguardar a surpresa do dia! As duas professoras se vestem como "lindas crianças" e desfilam entre elas. Pouco a pouco se animam a desfilar. As fantasias ganham o cenário, e os tais encantados se identificam e movimentam-se entre seus colegas.

As músicas da "Arca de Noé", de Vinícius de Moraes, embalam os passos, a marcha, as voltas, o giro, o pisar na ponta do pé, a pisada mais firme, mais suave, mais solta, sorridentes, orgulhosos de si, as trocas de fantasias, os olhares se tornam cúmplices. A bicharada fica solta e toda garbosa.

Olham-se no espelho, os inibidos se desinibem, os extrovertidos interagem no grupo e se misturam tanto que não se sabe mais quais deles eram os inibidos. As professoras se misturam e sorriem com o desenvolvimento do trabalho.

A culminância acontece com as crianças de 5 anos desenhando-se. Uma aluna sentiu dificuldade nesta última atividade, voltou com a professora diante do espelho e teve um acesso de choro, emocionada com o fato de se perceber bonita e abraçada nesse conjunto vivenciado.


SOMOS PESSOAS LINDAS!
"...o emocionar; em cuja conservação se constitui o humano ao surgir a linguagem, centra-se no prazer da convivência, na aceitação do outro junto a nós, ou seja, no amor; que é a emoção que constitui o espaço de ações no qual aceitamos o outro na proximidade da convivência. Sendo o amor a emoção que funda a origem do humano, e sendo o prazer do conversar nossa característica, resulta em que tanto nosso bem estar como nosso sofrimento dependem de nosso conversar". (Maturana, Humberto, A ontologia de realidade. Belo Horizonte: UFMG, 1997. p. 175)
Educar para a sensibilidade

2 comentários:

  1. Educar compreende o encantar e esta fase é uma das mais receptivas das crianças, onde os encantos os levam para as descobertas, onde se colocam as sementinhas dos futuros pesquisadores. Bons projetos se materializam no chão da escola msm. Mt bom!

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  2. Pois é, Jamille!

    Em cenas do brincar emerge o circuito relacional [pulsão, afetividade, razão]. E na relação com o meio ambiente, projeto da escola, inclui o sujeito consigo, com o outro, com as naturezas...

    Assim um abraço complexo vai envolvendo a todos e a cada um numa rede relacional...

    E nesse encantar mútuo a luzinha a nos acender a esperança de que reencantar a educação pública é sempre possível.

    Abraço Complexus!

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