sexta-feira, 26 de julho de 2013

Livro para morar

Livro para morar...
Estátua de Hans Christian Andersen servindo de moradia para crianças no Central Park, Nova Yorque.
Neste mundo virtualíssimo, o encanto continua, o livro ainda fascina crianças, os educadores reencantam-se, o conhecimento se difunde no mundo tecnológico, as inteligências se multiplicam nas redes e a vida se torna cada mais interdependente, sustentável, solidária. Pera aí... "E os poços de fantasia acabam sempre por secar e o contador de histórias, cansado tentou escapar como podia...", coisas de Alice no País das Maravilhas (Lewis Caroll).
"Eu sei que algo interessante sempre acontece...", e logo Alice encontra a lagarta azul, quase próxima da transformação.

Reencanta-se...

E sobre os livros onde crianças possam morar dentro, o mote de Monteiro Lobato, no começo do século passado? Que tal começarmos, na educação de nossas crianças, com uma bebeteca em casa? Pelo menos, por aqui, a gente acredita e a Dona Sofia faz a festa, dia-a-dia, com seus livros na estante, bem a seu alcance. Os livros estão entre seus brinquedos prediletos. Mas, ela entrou em crise dias desses, pois queria ali materializar o fato de entrar no livro, construiu um caminho com eles e, ao final da linha, largou o engatinhar, subiu no último, a pedir para nós: "abra, abra", e eu disse a ela brincando: "trouxeste a chave?", drummondiando. Olhou-me com aqueles olhinhos de quem tenta entender adultos pegos de surpresa... É, mas, são as crianças que têm as chaves dos saberes e dos encantos que reencantam adultos, ou são elas que despertam as nossas crianças escondidas. Não sei ao certo. Estamos mesmo bem conectadas, pessoas e crianças, e é só nos dispor a ouvi-las. Assim tenho pensado nesses últimos dias dos últimos dois anos com a pequena Sofia entre nós.
Hoje, crianças, jovens ou adultos vivem conectados, circulando ideias, movendo telas, exercitando o ato de compartilhar e recriar o mundo, pois, são esses os novos tempos interativos e virtuais. Nas telas há variados estilos, conturbados, incompletos, e até suspeitos na produção on line. Importante aprender a se expressar com devida autonomia e autoria, com maneiras criativas de expressão própria, ativando identidades. E que sejam para um mundo melhor para todos. 
Aprendendo a Aprender com a Dona Sofia
Aproveito para repensar as aprendizagens sobre a inteligência humana, pois segundo Piaget, "as funções da inteligência consistem em compreender e inventar, em outras palavras, construir estruturas estruturando o real" (Piaget, 1998, p.36), e daí me deparo que o livro na infância é tudo isso e muito mais. Reinvenção. "Se eu tivesse um mundo só meu, tudo seria um disparate. Nada seria o que é, porque tudo seria o que não é...". E coisas do balacobaco acontecem. Puft. Plum. Somem. Desaparecem. Modificam-se. Modernas são as demais tecnologias, mas, o livro cumpre o papel imaginativo, sensorial, psicomotor e social, mais delicioso que existe, desde ali com o bebê. Tocar, cheirar, virar... o avesso do avesso do avesso. Vai espiando o mundo com novos olhos em nossas conversas e contos.

Sofia adora assistir as histórias na tela do celular, do computador, do tablet, com as mídias bem integradas, animadas com todas as motivações possíveis. Mas, o livro continua sendo insubstituível para as crianças. E isso me deixa muito contente como pedagoga que sou e amante das crianças.

Referências
- Carroll, Lewis. Alice: edição comentada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
- _____. Aventuras de Alice no país das maravilhas; Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.
- Alice_in_Wonderland. in: http://www.cswap.com/1951/Alice_in_Wonderland/cap/pt/25fps/a/00_03
- Piaget, J. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998.

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