quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Entre o jogo e o símbolo: a inteligência da criança de 3 anos

"OLHA VOVÓ, É O CAPITÃO GANCHOOOO! Eu sou Peter Paaaan". Hem? Kkkkkk  Uma bela surpresa.  Estava eu, como vovó, ocupada com pesquisa nesse instante. E não pude deixar de me espantar e rir com ela, que sem entender riu mais ainda, toda feliz a empunhar o cortador de papel, feito um tucano de madeira. e voltou a me repetir: "é o capitão gancho, vovó". Assume o papel dos dois personagens das histórias. Hora um. Hora outro.

É a importante marca da composição humana e relevância do jogo simbólico para o desenvolvimento da criança. É a linha divisória que distingue o ser humano dos demais animais. O que adianta essa fase infantil é a relação entre conto, livros e brinquedos. A memória e a imaginação se fazem presente no cotidiano. O que antecipa esse registro no olhar é a abstração que se materializa nas representações espontâneas.


Esta associação da menina Sofia, em seus 3 anos e 11 dias, dista exatos 4 dias da leitura, feita com o seu vovô, sobre a história de Peter Pan, um dos livros que compõe a sua bebeteca, e que manuseia desde antes do seu primeiro ano de vida. Para nós professores de educação infantil, esse registro nos vale como estudo para entender a fase dos 2 aos 7 anos, que nos dão sinais da inteligência da criança, segundo Piaget. É a criança na fase inicial da escrita, período da compreensão do símbolo. São os letramentos da vida, um mundo grafocêntrico.



O cortador de papel e a espada do Capitão Gancho. Interessante perceber que personagens como a bruxa, o lobo mau e esse do marujo exercem sobre as crianças. Coisa da psique e seus medos fascinantes.

Nessa etapa, dos 2 aos 7 anos, as crianças passam a representar suas ações, situações e os fatos de sua vida vão se manifestando por meio da construção da imagem mental, imitação diferida, jogo simbólico, linguagem, desenho (condutas de representação) e a linguagem oral. O gostoso disso é que eu, como vovó, consigo fazer essa relação com meus estudos e práticas com crianças de educação infantil. Agora mais presente no cotidiano integral de uma delas. Vivi mais afastada pelo exercício dos turnos integrais de professora na história de duas meninas que estão com seus trinta e poucos anos. A gente fica com outras crianças que nos enriquecem em sabedoria. Com as filhas, havia qualidade e cumplicidade no tempo dos contatos familiares, mas, sabemos que a quantidade dos dias enriquecem toda essa práxis. Tudo é uma delícia!!  Só tenho a agradecer a Deus por mais essa oportunidade.

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