quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Tempo de Leitura: presentificações e historicidades


Adrianne Ogêda, a querida colega lá do Rio de Janeiro, que leciona também por Macaé, me presenteou com este belo selo.

Fugi da regra, pois, tinha eu que escolher três livros e apresento mais um, talvez esteja em fase mais reflexiva e volte a remexer os livros, quem sabe por estarmos no final de 2009, revisão, limpeza de casa, planejamento 2010, novo ano, perspectivas, presentificações, sonhos, mudanças necessárias, promessas para si mesmo etc e tal. Fiz uma viagem pela filosofia e pela religião...

Para todas as crianças e de todas as idades...
Menino Deus, Menino Jesus e para as Simplesmentes Marias (às músicas, com o tempo necessário, clique nos links anteriores). Homenagens singelas. Supremas a todos nós! Assim começo com um livro infanto-juvenil, para variar. E este primeiro é o meu adendo:

GAARDER, Jostein. Ei! Tem alguém aí? São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1997.

Um irmão espera outro que está a nascer e nesse meio-tempo um outro menino vindo de um planeta distante aparece dependurado como uma maçã em uma macieira, de ponta-cabeça, vindo de outro planeta e nascido de um ovo. Não sabem quem está ao contrário e seguem-se perguntas a questionar o óbvio. Que gosto tem a primeira maçã que alguém tem na vida? Há belezas como a reconhecer o fato de que “quanto mais escura a noite maior é a quantidade de sóis que podemos ver no céu”. E o que nos leva a seguir em frente é saber que “a resposta é sempre um trecho do caminho que está atrás de você. Só uma pergunta pode apontar para a frente”. Assim os dois novos amigos interrogam-se e se divertem muito com os enigmas partindo da premissa que as perguntas merecem reverência. Sobre a amizade no meio-tempo encontrei à significativa passagem “quando duas pessoas levantam a cabeça e cada uma sai do seu vale profundo para encontrar a outra lá em cima da montanha, pouco importa como se chama a montanha, ou de onde cada uma veio”. Por isso vale a pena ler o livro pelas redescobertas que fazemos com as crianças.

NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

Mudar o mundo e o ser humano a partir de si mesmo, é fácil? É desafiar-se, desafiante, desafiado, pois, de nós não podemos calar. Segundo Nice (prólogo, 1886), este livro exige muito, “ele se dirige a pessoas que não vivem atormentadas por uma obrigação boçal, ele pede sentidos delicados e exigentes, tem necessidade do supérfluo, da superfluidade de tempo, de clareza de céu e coração, de otium [ócio] no sentido mais temerário...”.

ZOHAR, Danah. O ser quântico: uma teoria revolucionária da natureza humana e da consciência, baseada na nova física. 7 ed. São Paulo: Best Seller, 1990.

A autora procura examinar as noções de ser, movimento e relacionamento a partir da física quântica. Para ela “as coisas e acontecimentos que eram vistos como seres separados são agora aspectos múltiplos de um todo maior e suas existências ‘individuais’ se definem através do contato com esse todo”. Apresenta no livro o conceito quântico de “relacionamento não-local”, oferecendo a chave para compreendermos a nós mesmos e nossa interação com o mundo do qual somos parte. Tem muito a ver com o mundo do ciberespaço, o da blogosfera, pois, segundo ela, “todas as coisas e todos os momentos tocam uns nos outros em todos os pontos”.

REVEL, Jean-François; RICARD, Matthieu. O monge e o filósofo: o budismo hoje. 2 ed. São Paulo: Mandarim, 1998.

Gosto de discutir paradoxos. Promover a dialética e buscar o diálogo pela observação de pontos convergentes, motivações divergentes. É a compreensão a traçar o plano dos possíveis e imagináveis. É a reconciliação. A compreensão. O respeito às diferenças. Neste livro, pai agnóstico e filho budista conversam a respeito do crescente interesse sobre o budismo. Um é filósofo ocidental e o outro é um monge ocidental com educação oriental. O livro ajuda aqueles que desejam conhecer mais sobre o budismo. Um bom bate-papo. Não é um livro recente, mas continua atual. Há mais coincidências do que divergências entre quem reza e quem medita. O encontro de religiões, o ecumenismo dos homens e a atitude de abertura espiritual é que fazem a diferença no mundo. A questão da globalização da violência é tema debatido no mundo inteiro. Angustia o educador, o professor que vive no cotidiano das escolas.
Por outro lado, “quando não se tem consciência da verdadeira natureza das coisas, a pessoa se apega ao modo aparente delas. O mal não passa de uma aberração, assim como o erro não passa de uma percepção incorreta da realidade. Em essência somos perfeitos e a ignorância e a violência são os véus que nos afastam de nossa natureza verdadeira e fundamental, então, por isso, ele (o mal) de fato ‘aparece’, mas nem por isso tem existência própria. Quando se toma uma corda por uma cobra, a cobra nunca existiu, em momento algum e de nenhuma maneira, a não ser ilusória. O erro, portanto, só tem um modo de existência puramente negativo, não possui existência própria. É pelo fato de o conhecimento ser a natureza última da ignorância que esta pode ser dissipada. Pode-se lavar uma barra de ouro, mas não se poderia embranquecer um pedaço de carvão” (p.172-3). Há que rever as nossas realidades e enfrentar os fantasmas do mal, do erro, da violência e resgatar a pessoa. O livro nos ajuda a re-olhar todos os cantos e recônditos do ser/estar. “A ignorância aparece no seio do conhecimento, mas, não pertence à natureza última do conhecimento (...) o ouro não muda nunca, mesmo mergulhado na lama; o sol brilha continuamente, mesmo escondido pelas nuvens” (p. 173-4). É preciso acreditar na transformação e acreditar nos projetos pedagógicos diante - e nas - realidades das escolas da vida.

Nessa corrente amiga repasso o selinho ao e às amantes da leitura, como eu:

1. Tati Martins (Rio de Janeiro, RJ)
2.
Lenira, Deolinda, Claudiane e Vanda (Baixo Guandu-ES)3. Eduardo Marculino (Rio de Janeiro, RJ)
4.
Sheila Regina (Marabá-PA)
5.
Mary Sônia (Marabá-PA)

5 comentários:

  1. Oi, Rocio!
    Adorei este selo!!! Vou já já colocá-lo em meu blog. Muito legal. O problema é limitar a três leituras - hahahahaha.
    Beijinhos,
    Tati

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  2. Salve!
    Muito obrigada pela visita e por seu comentário. Seu trabalho é belíssimo e bastante relevante.Hoje a conexão está dando uma colher de chá, , estou conseguindo abrir alguns blogs menos carregado e deixar o meu profundo agradecimento - é muito bom poder contar com você. Divulgar esse imenso país com suas belezas naturais e multiplicidades culturais é a minha verdadeira intenção, afinal ninguém pode amar aquilo que não conhece, não é verdade ? Eu me apaixonei pelo Brasil aos 12 anos de idade quando li Ariano Suassuna em "O Auto da Compadecida" - Chicó foi o meu primeiro amor..Penso que falta ao povo brasileiro é esse sentimento de pertencimento, de vontade de preservar o seu espaço lutando por um mundo cada vez melhor. Vemos tantas coisas na TV, escandalos de dinheiro em cueca, em bolsas, em malas e até na meia. Se essa raça de políticos amassem o Brasil e seu povo, isso não aconteceria. Com certeza que não. Porque eles só estão pensando neles próprios, dane-se quem vem atrás : farinha pouca, meu pirão primeiro, é o pensamento de quem não tem esse sentimento de pertencimento por uma nação tão linda, tão especial. Sim, porque aqui ainda é o melhor lugar para se morar. Por isso faço questão de divulgar a nossa cultura, o nosso povo, quem sabe um dia a ficha cai...
    Eu até já andei conhecendo alguns blogs iguais aos meus, a cópia é tão grande que até o layout e o corpo de letras são iguais - assim ninguém merece...
    Que a Paz e o Bem estejam sempre com você e mais uma vez muito obrigada pelo seu carinho para com o meu trabalho.
    Um grande abraço,
    Silvana Nunes.'.
    Saudações Florestais !

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  3. Ainda estamos preparando a postagem para este selo! Merece um momento solene e uma postagem à altura, a briga aqui está atrapalhando a postagem, são quatro cabeças pensantes... Tá difícil mas estamos quase chegando num consenso... obrigado, amiga pela lembrança. Adoramos!

    Bjus...

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  4. Meninas,
    Mas, esta é uma briga da boa e gostaria eu de estar a dividir esse momento e fico aqui curiosa para ver a que consenso chegaram. E isso nos renderá muito em termos de leitura. Aguardamos ansiosos o compartilhar do quarteto. É presente de Natal?

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  5. Olá, Mª do Rocio.

    Quero agradecer-lhe a gentileza de me presentear com o selo de reconhecimento.Estou retomando o projeto do Blog e devo muito a você pelo incentivo dado aos professores que, assim como você, acreditam que fazer educação é uma das coisas mais desafiadora e sedutoras que poderíamos escolher fazer na vida.
    Estou seguindo suas ideias e organizando meu blog.
    Que 2010 seja um ano de sucesso e muitas realizações.
    Obrigada.

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