terça-feira, 12 de julho de 2011

A Lenda das Rosas Loucas

Meu nome Rocio, por aqui em Belém, ou em outras cidades brasileiras diferentes do litoral paranaense sempre causa estranheza. As pessoas sentem dificuldade de ouvir o nome e de pronunciá-lo mesmo quando escrito, tentam correr para o sobrenome e se deparam com a origem italiana. A tonicidade é sempre modificada, chamam-me de Rócio.

Gosto da história que ouvia minha mãe contar, não do estado dela, mas, de sua fé. Meu pai, ao contrário, não queria que meu nome fosse Maria e muito menos do Rocio, mas rendeu-se aos predicados que minha mãe atribuiu.


Na barriga de minha mãe, dizia-me que eu nem mexia, e parte do que sei é razão muito particular, só sei que minha mãe na época fez dez aplicações de choque elétrico (eletroconvulsoterapia) com seu médico em Curitiba, como uso na "sonoterapia", mas, não sabiam que estava grávida. Desesperou-se quando tomou ciência aos quatro meses de gestação. Alguns tombos compuseram a história e ao final da gravidez. Mas, o médico em casa disse-lhe que se eu não nascesse no dia 15 de outubro não nasceria mais. E nasci como a maioria das crianças da época, em casa, na rua Dr. Leocádio Corrêa de número 234. Meu irmão que ouviu o médico, lembrou minha mãe da sua "profecia" logo que nasci.


Eu e Lígia no Santuário do Rocio (set/2009)
Gosto muito desta lenda atribuída à Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá - a do ROCIO. São três fatos e tradições. Transcrevo por aqui a "Lenda das Rosas Loucas": 


Estávamos no ano de 1680. A Costeira do Rocio, da Vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, era habitada por humildes pescadores, que viviam do que o mar lhes dava, nas noites calmas daquele arrabalde.
Vendiam eles uma parte da pesca (o melhor peixe), o resto ficava para o sustento da família.
Corria o mês de novembro. Uma noite, na calmaria do verão, estavam eles nas suas canoas ao largo da baía, com suas redes nas águas, à espera de uma boa pescaria.
Por um desses acasos, olhando o céu recamado de estrelas, um deles viu que, de uma delas descia um facho luminoso até a grande moita de "rosas loucas" nascidas na barranca da baía, e que dai a minutos desaparecia; isso por várias vezes. Chamou então a atenção dos companheiros, os quais presenciaram o fato.
Comentando o acontecimento nos seus lares, quando voltaram da faina noturna, acharam, uns, de bom aviso; outros, porém, mais medrosos, alegaram o prenúncio de grandes males.
E o fenômeno continuou por várias noites, até que os praieiros tomaram uma decisão: decepar a moita das "rosas loucas". E num domingo, pela manhã, com facão, enxada e foice, começaram a devastação. Mas, quando estavam na metade do trabalho, depararam-se com uma pequenina imagem da Virgem mãe de Jesus, bem no lugar onde, todas as noites descia o facho luminoso.




Referências:


Para conhecer outras histórias da Santa do "Rocio", clique aqui.
E sobre eletroconvulsoterapia, leia por aqui.
Conhecer sobre o "Santuário do Rocio", também aqui.



4 comentários:

  1. Que história bonita, Maria!

    Confesso que quando penso em ti, penso em Rício. Mas agora vou tentar modificar a memória. rs

    Beijinho!

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  2. Pois é Bele,

    Quando saímos de nossa terra natal aprendemos a ouvir outras falas e valorizamos os dialetos daqui, dali e de todo o lugar, o modo de falar, a gente no começo se sente estranho porque chamamos muita atenção pelos nossos linguajares.
    O meu nome é o primeiro impacto que acontece em clínicas, escolas, inscrições outras, as pessoas se sentem embaraçadas e daí acostumei a me chamarem de Rócio Rôdi (é Rôcio Ródi)!
    Legal né. Muitas pessoas de lá não perceberam isso ainda. Um nome tão comum na terra natal é muito estranho por aqui.
    E um viva às diferenças!

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  3. Quis dizer Rócio, e não Rício! rsrs

    E sim, viva as diferenças!

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  4. Entendi Bele, coisas da agilidade natural de nossos tempos internetianos. rs
    Tin-tin às diferenças, somos nós imigrantes digitais ou amantes da tecnologia que combina com leitura, criatividade e ética.

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