segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sensibilidade criadora e poética visual: arte, ciência e construção do conhecimento


Esta combinação faz as crianças aprenderem com muita vivacidade e imaginação a partir da própria escola e a mediação pedagógica importante de sua professora. As imagens aqui apresentadas dão a dimensão pedagógica possibilitada nas aulas de artes visuais de nossa escola: um show de sensibilidade e conhecimento da professora Cintya Moraes. Isto é educação ambiental.

O nosso currículo pretende ajudar as crianças a ver o mundo com curiosidade e admiração, aumentando a sua sensibilidade com relação à natureza, assim como a sua expressividade ao reagir ao meio ambiente – sua morada neste cantinho da biosfera aqui na Ilha de Caratateua e a partir de nossa escola que fica num belo bosque. Neste trabalho de arte se traduz um pouco de nossas referências ambientais – “alunos felizes” (Snyders, 1988).

E assim nos inspiramos em muitos autores, nesse processo múltiplo das aprendências e por ele a relação de interdependência vivida nesse fazer-se interdisciplinar, permeados pela educação ambiental, como bandeira de nossa escola. As seguintes palavras chaves fazem parte dessa nossa leitura de mundo compartilhado: o "sentido do outro", a "curiosidade" (Paulo Freire), a "tolerância" (Karl Jaspers), a "estrutura de acolhida" (Paul Ricoeur, o "diálogo" (Martin Buber), a "autogestão" (Celestin Freinet, Michel Lobrot), a "desordem" (Edgar Morin), a "ação comunicativa", "o mundo vivido" (Jürgen Habermas), a "radicalidade" (Agnes Heller), a "empatia" (Carl Rogers), a "questão de gênero" (Moema Viezzer, Nelly Stromquist), o "cuidado" (Leonardo Boff), a "esperança (Ernest Bloch), a "alegria" (Georges Snyders), a unidade do homem contra as "unidimensionalizações" (Herbert Marcuse) etc.

Elegemos as imagens da ação pedagógica que nos traduzem um pouco... Ações, atos e teias de encantados aprendentes que buscam como nós reencantar a educação, e a chamar por aqui Hugo Assmann.

Planta e formiga nos chamando a re-olhar movimentos,
bem lá perto do laguinho da nossa escola.
Nessa análise visual, no espaço da escola, os alunos buscam criar em sua volta um novo ambiente através de suas novas formas de observação. Suas redescobertas:

- "achei um 'ninho' de formiga" (aluno do 2o. ano);
- "parece uma casca de besouro seco!" (aluna do 2o. ano);
- "olha é bem redondinha essa folha que eu achei!" (aluno do 2o. ano);
- "essa folha é bem vermelha, é bonita!" (aluno do 5o. ano);
- "encontrei uma folha comprida" (aluno do 2o. ano).

Experiência estética no bosquinho da nossa escola.
Processo de re-construção do olhar - alunos do 2o. ano
Aprende-se a conviver, a envolver-se com entusiasmo, a percorrer com o olhar
o espaço ocupado e desvendar seus signos nas mais diversificadas interpretações.
Aprendizado mútuo a estreitar ligação do ensino-aprendizagem!
Criação de situações de intensa alegria - a arte na escola recolorindo de sentido abrangente
pedagógico e sensitivo o desenvolvimento das potencialidades das crianças
Contextualizando a realidade vivenciada do aluno
poderemos entender melhor sua capacidade de comunicação
Motivo de integrar arte no currículo da nossa escola: "seja pela literatura ou pela poesia, pelas artes visuais, dramáticas ou musicais, dificilmente existe algo mais eficaz do que a arte para desenvolver e aperfeiçoar a capacidade natural da criança de reconhecer e expressar padrões" (Fritjof Capra, 2006, p. 50).

Repetição de formas e texturas qualificam a expressão visual das imagens
que a natureza pode nos proporcionar em sua simplicidade e grandeza.
As crianças podem usufruir do bem estar da nossa escola exercitando seus sentidos.
Este cogumelos foram encontrados no bosquinho. A visão exercitada ajuda a recriar o simples
traçado no papel, com lápis de cor, e conjugar proporções expressivas e surpreendentes.
Arte óptica e seus efeitos visuais de Victor Vasarely (1908-1997),
movimento, ritmo e equilíbrio a mexer com as crianças...
A textura visual em seu geometrismo faz com que as crianças se divirtam interagindo com a imagem entre si mesmas, dialogando:
- "eu vejo um labirinto" (aluno do 3o. ano);
- "é um caminho até o fim do mundo" (aluno do 3o. ano).
Percepção visual do aluno de 9 anos do 3o. ano
Conversando sobre a produção do colega:
- "pode ser várias minhocas" (aluna do 3o. ano);
- "eu vejo muitas montanhas" (aluno do 3o. ano);
- "são as ondas da praia" (aluna do 3o. ano).

Cor e Luz e suas múltiplas relações...
Diálogo plural e experiência estética ajuda a redescobrir as flores da majestosa Piquiarana,
cuja árvore alcança até 35 metros de altura, e estavam ali perto do auditório da nossa escola.
Releitura dos alunos do 4o. ano: linhas, formas, cores e texturas...
A tridimensionalidade provoca uma nova textura tátil,
são os movimentos do olhar na ordem-desordem, recombinado o claro-escuro
Segundo Pamela Michael (apud Stone e Barlow, 2006, p.143): "as crianças são especialistas em criar visões de lugares que elas viram apenas na imaginação - lugares que ganham realidade pelo ato da criação", assim as crianças dialogam com a professora, as outras crianças e os diferentes "endereços ecológicos" que se misturam na nossa escola, a Escola Bosque de Outeiro (Belém-Pa), como é carinhosamente conhecida.

Referências
- Assmann, Hugo. Metáforas novas para reencantar a educação: epistemologia e didática. Piracicaba, SP: Unimep, 1996.
- ______. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. 9 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
- CAPRA, Fritjof. Falando a linguagem da natureza. InSTONE, Michael K.; BARLOW, Zenobia (Org.). Alfabetização ecológica: a educação das crianças para um mundo sustentável. São Paulo: Cultrix, 2006. (p. 46-57).
- MICHAEL, Pamela. Ajudando as crianças a se apaixonar pelo planeta Terra: educação ambiental e artística. InSTONE, Michael K.; BARLOW, Zenobia (Org.). Alfabetização ecológica: a educação das crianças para um mundo sustentável. São Paulo: Cultrix, 2006. (p. 142-156).
- SNYDERS, Georges. A alegria na escola. São Paulo: Manole, 1988.
- ______. Alunos felizes: reflexão sobre a alegria na escola a partir de textos literários. 3 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.

2 comentários:

  1. O educar é tocar sentimentos, que são a fonte de energia do mundo e das transformações. Com os sentimentos direcionados, a vontade - motor do ser humano - movimenta o campo das idéias e das artes e produz releituras encantadoras que nos inspiram magia e sonho. As fotos mexem com a gente e o sorriso dessas crianças complementa o que sentimos ao ver suas releituras. Trabalho maravilhoso!

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  2. Jamille,

    O reeducar das emoções resultam da combinação alegrias culturais, arte, conhecimento, saberes, escuta sensível e muito boa mediação... as crianças percebem o outro e o meio, redescobrem o espaço da escola, da comunidade e a si mesmas nas teias relacionais, brincando, conversando, reinventando...

    A professora Cintya faz falta na escola, mas, está semeando em outros lugares do Município de Ananindeua como Professora de Artes. E as crianças multiplicam seus saberes.

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