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A experiência do processo ensino-aprendizagem, vivenciada
por educadores e alunado das turmas do 7º, 8º e 9º anos, da nossa Unidade
Pedagógica situada na Ilha de Cotijuba (Belém-Pa), encheu de ânimo toda a
comunidade escolar ali representada no lugar chamado “Igarapé do Piri”, onde há
plantação e cultivo de açaizeiros, com o consentimento do dono do local. Segundo uma aluna, a maioria estava como ela, super-hiper-mega animada.
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Saindo para a Aula em Campo Aberto |
Juntos os professores de Geografia, Artes, Matemática, Ensino
Religioso e a Coordenação com a Professora de Língua Portuguesa, que também atua em Sala de Leitura, resolveram pensar algumas questões pedagógicas levantadas:
“Por que os alunos não conseguem relacionar os saberes intrínsecos aos
adquiridos em sala de aula?”, “Como tornar possível a autonomia dos sujeitos
diante das (re)descobertas locais e seus problemas?”.
A questão em comum rezava sobre a dificuldade de escrita do
alunado em questão, revista como “a pouca habilidade de leitura [índices de
previsibilidade, explicitação do conteúdo implícito, levantamento de hipóteses,
generalização, relação entre forma e conteúdo] que compromete na formação de
leitores competentes e capazes de reescrever sua cidadania” e, no caso, de como
ajudá-los a pensar a realidade a partir do lugar que vivem.
O objetivo dos professores neste projeto era de observar o
modo como os alunos representam suas relações sociais e como valorizam a
sustentabilidade ambiental nesse conjunto. Assim procederam com os objetivos
específicos de reconhecer as palmeiras sob o olhar da ecologia local, seu valor
econômico, o uso, aspectos da nutrição, o manejo e o processo criativo através
das experiências da arte, além de ajudá-los a apreciar o comportamento social e
a dinâmica dessas relações. O capítulo “Palmeiras”, do livro “Frutíferas e
Plantas úteis na Vida Amazônica”, foi a referência desse estudo.
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Conhecimentos dos Professores em Campo |
Saberes entrelaçados:
- equilibrar-se em uma ponte longa, ajudados pelos alunos,
que sabiam onde e como pisar;
- do senhor do lugar sobre as inúmeras palmeiras a destacar
os açaizeiros e tucumanzeiros;
- professora de Geografia retrata a paisagem local;
- professora de Artes ressalta as cores, as texturas das
plantas;
- professor de Matemática contribui com as reflexões sobre o
manejo e as medidas de distância entre os pés e sobre densidade;
- professora de Língua Portuguesa sugeriu que expressassem e
escrevessem sobre suas emoções e conhecimentos.
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Saberes dos Estudantes em Campo |
Alunos disseram que nunca tiveram aula ao ar livre com todos
os professores juntos, apesar de se sentirem muito tímidos no grupo; outros que
nunca saíram da terra mais firme, falaram sobre seus medos de atravessar ponte
daquele tipo; houve quem dissesse não saber que uma touceira deve ter no mínimo
três açaizeiros; alguns destacaram o aproveitamento de “coisas e restos de
árvores”; uma aluna disse ter conhecido melhor seus colegas e professores
naquele lugar e a sua colega frisou que foi muito bom se unirem à natureza
sobre cuidados importantes no plantio, até porque descobriu que as árvores disputam
nutrientes, mas, houve quem falasse da ansiedade que antecedeu a aula-passeio. Desta maneira e naquele auditório aberto foram se pronunciando e se desinibindo. Sem interação, há a negação do sentido humano do ato de educar. Quantas aprendências por lá!
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Estudantes ensinavam os professores e outros colegas a atravessar a ponte longa... |
O processo de ensino, ali naquele lugar sem paredes, pode
determinar a correspondência dos objetivos propostos pelos professores e juntos
orientar tomadas de consciência e decisão mediante atividades didáticas
coordenadas, de forma que libertassem os falantes, seus discursos, a forma de
saber ouvir e se relacionar no coletivo por lá composto com o ambiente natural.
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Redescobrindo as Palmeiras |
Os professores compreenderam que a avaliação não tinha a pretensão de julgar o sucesso ou o fracasso do estudante, mas, perceberam juntos com os alunos que aprenderam mais sobre o significado de "educar pela pesquisa" nas diferentes descobertas possibilitadas. Encontraram ainda a palavra satisfação e o significado do repensar no processo educativo que orienta outras tomadas de decisão. Ou seja, materializou-se no ato de avaliar a própria autoavaliação, componente crítico que supõe ação reconstrutiva.
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Transporte Local ao Igarapé |
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Ambiente Educativo ao Ar Livre |
Referências
DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 1997.
SHANLEY, Patricia; SERRA, Murilo; MEDINA, Gabriel. Frutíferas e plantas úteis na vida amazônica. 2 ed. Bogor, ID: CIFOR, 2010.
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