domingo, 15 de abril de 2012

Avaliação Diagnóstica: conversa boa entre perguntas, saberes e conhecimentos


Saberes dos alunos, saberes dos professores, vivências e conhecimentos, desafios e acomodações, harmonias e inquietações, limites e proximidades entre esses saberes e o conhecimento resultantes de perguntas importantes, geradoras de conhecimento ou de respostas acadêmicas, informações armazenadas ou veiculadas em livros, materiais didáticos, conteúdos curriculares, nas alegrias culturais, na mídia em geral, manipuladora ou manipulada, nas dinâmicas entre o singular e o geral, o permanente e o mutante.

Assim nas características do conteúdo ou da forma e suas inter-relações se percebe e se reconstrói o jogo dinâmico de termos e subtermos reais, imaginários, virtuais, necessários, possíveis e desejáveis, de objetos ou sonhos que definem, tudo junto ou embaralhado, as identidades ou as identificações, cultura e ciência, currículo e vida.

Saberes e conhecimento são equivalentes, inseparáveis e, por vezes, contraditórios. 
Desafios Aprendentes...
Na prática percebemos o conflito das pedagogias da resposta e da pergunta, das adaptações e inovações, dos erros e superações, do castigo e virtude, da heteronomia e autonomia, do afeto e desconstrução, da sensibilidade criadora, do questionamento reconstrutivo e da resiliência diante de conquistas, presenças, perdas, lacunas, faltas, desafios permanentes a implicar enfrentamento ativo, racional, responsável e ponderado.

Sempre estamos em busca de respostas novas aos problemas do cotidiano...

Não se quer respostas prontas, se quer perguntas, e esta é a função da avaliação diagnóstica que se fundamenta nos princípios de educar pela pesquisa, de problematizar o conhecimento e sua relação com a cultura ou seu estranhamento, inquietações e desejos.

E, na escola, o professor ou a professora se caracteriza por acumular respostas prontas ou de saber onde encontrá-las nos sistemas de informação, nas fontes bibliográficas ou informatizadas ou por motivar o alunado a juntos procurarem ou redescobrirem as perguntas como orientadoras de outras possíveis respostas ou tantas outras perguntas diante das pedagogias do aprender a aprender.

O processo avaliativo se faz necessário em todo momento pedagógico. Avaliar a aprendizagem ajuda na tomada de consciência do fazer pedagógico que prima pela qualidade da educação. O que é óbvio nem sempre acontece. Sabemos. Por isso a necessidade de aprender sempre.

O conhecimento do conhecimento compromete. Obriga-nos a assumir uma atitude de permanente vigília contra a tentação da certeza, a reconhecer que nossas certezas não são provas da verdade, como se o mundo que cada um vê fosse o mundo e não um mundo que construímos juntamente com os outros. Ele nos obriga, porque ao saber que sabemos não podemos negar que sabemos (Maturana e Varela, 2001, p. 267).

A avaliação formativa, contrária à classificatória ou certificativa ou interessada em rankings, acontece durante todo período das aulas, quando se procura valorar ou reorientar hábitos, procedimentos e processos de aprendizado. E a partir da primeira hora das relações aprendentes, de alunado e educadores, procura se enfatizar o olhar sensível, responsável e diagnóstico para identificar deficiências e acertos da práxis, aperfeiçoar um ponto de trabalho didático, identificar falhas de apropriação de um saber, e procedimentos adequados, oferecer um caminho diferente de saber, promover uma nova forma de aprender um conteúdo, inserir o aprendente-ensinante em um aspecto do processo educativo.

Chamamos de avaliação diagnóstica o exercício de sondar como andam os processos de ensino e de aprendizagem ou simplesmente de verificar as memórias e as mudanças importantes ocorridas durante ciclos letivos.


Faz-se uso desta estratégia quando também precisamos entender o motivo que leva um grupo de alunos, por exemplo, a não aprender determinado conteúdo, ou até porque se faz necessário corrigir o próprio fluxo de trabalho, adquirir informação, planejar intervenção ou chegar a um novo patamar de conhecimento.


Enfim, a avaliação diagnóstica é o próprio início do planejamento, fases de projetar ou repensar atividades, capaz de nos mostrar como estão as habilidades, aluno por aluno ou grupo de alunos, e quais os pré-requisitos necessários à aprendizagem. O processo diagnóstico inicial contribui para identificar a realidade e as condições de quem vai participar do processo, no sentido de requerer conhecimento, entremeando tempo de estudos junto e vivência pedagógica, observação e intervenção, sobremaneira a verificar presença de habilidades e pré-requisitos necessários ou de identificar as causas de dificuldades de aprendizagem recorrentes.

Cooperar é palavra importante, no processo pedagógico, que alude ao trabalho coletivo, à iniciativa pessoal e à autonomia na intenção de buscar juntos e tudo misturado uma construção mais responsável e humana do mundo.

O educador de modo geral, já traz a resposta sem se lhe terem perguntado nada. (...) O autoritarismo que corta as nossas experiências educativas inibe, quando não reprime, a capacidade de perguntar. A natureza desafiadora da pergunta tende a ser considerada, na atmosfera autoritária, como provocação à autoridade. E, mesmo quando isso não ocorra explicitamente, a experiência termina por sugerir que perguntar nem sempre é cômodo (Freire, 1998, p.46).

Se negarmos a negação que é o erro, essa nova negação é que dará positividade ao erro; essa passagem do erro ao não-erro é o conhecimento. (...) A força do negativo é fundamental, como dizia Hegel. A força do negativo no conhecimento é parte essencial do conhecimento, chama-se a isso erro, risco, curiosidade, pergunta etc. (Freire e Faundez, 1998, p.52).

Referência

FREIRE, Paulo; FAUNDEZ, Antonio. Por uma pedagogia da pergunta. 4 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.

MATURANA, Humberto R., VARELA, Francisco G. A árvore do conhecimento: as bases biológicas do entendimento humano. São Paulo: Palas Athena, 2001.

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