quinta-feira, 11 de março de 2010

Intertexto Musical: o chefe da folia ou da polícia?


Pelo Telefone (1917) ou Pela Internet (1997), intertextos musicais a retratar contextos (não tão) diferentes de um mesmo século. Um abre e outro fecha. É um tema interessante a ser desenvolvido por alunos e seus professores acerca de letramentos múltiplos e gêneros discursivos. Tecnologias e educação.

- Em que tempo estamos? Que lugar é este? De que lado estamos? Que contexto é este e “daqueloutro”?

Alunos do Ensino Médio podem ser protagonistas entre (ou mesmo antes de) textos musicais e pedagógicos. Seus professores reunidos pensaram na proposta para avaliá-los ao abrir do ano letivo com a música de Gilberto Gil, "Pela Internet".

Qual é o problema? Pausa aos questionamentos reconstrutivos. Um projeto deve ter um problema percebido pelos educadores e mediante "determinados" parâmetros.

Quem sabe a questão seja: a necessidade de ler mais, de leiturização ou letramento, ver mais além, a falta de apetite, a gramática intuitiva, a gramática normativa, a gramática descritiva... A leitura é a base do conhecimento. E a releitura como será vista? Que saberes trazem os alunos? O que devem saber?

Qual é o gênero musical que faz parte do cotidiano deles? Por que devemos nos interessar? O nosso é o melhor? Por quê? Nada de “brega” ou “tecnobrega” ou “axé-music”, "axé bahia", "funk carioca", "hip hop nacional", "hip hop internacional", "rap" ou... (?) Letras bem tecidas ou ritmos musicais? Sensibilidades musicais contemporâneas. Diferentes. Vamos entrar no ritmo deles?

Sobre o que mais lhes interessa. A Internet? O celular? Os bate-papos na web? As tecnologias fascinam?

- Mas, qual é a situação-problema? Lá vem eu com esta pergunta "chata"(?!). Por que devemos saber?

- Para pensar mais um pouco. Qual o tema? Leituras – Tecnologias – Contextos - Afetividades. Por quê?

- Problema traz o tema que traz os objetivos, novas pesquisas, as didáticas, as formas de acompanhar o desempenho, de conhecer os saberes, de articular conhecimentos, de reescrever, de negar, de promover, de significar e ressignificar, de buscar, de interagir... Professor pesquisador de sua própria prática.

Assim fui lendo a proposta de professores dos códigos de linguagens... Falta entender a situação-problema e os objetivos dessa etapa inicial da avaliação continuada. Uma avaliação na função "diagnóstica", não pontual e classificatória, mas dinâmica e inclusiva, em que também nos percebemos nela, no processo das aprendências. Sobretudo, porque sabemos que uma avaliação precisa contemplar os processos cognitivos dos sujeitos (como demonstram seus raciocínios e quais as nossas percepções - competências e habilidades para ver) em processos de aprendizagem e não somente centrados no que se manifesta em um dado momento.

- O que sabem e o que pensam que sabem? Inclui processos metacognitivos que indicam aspectos importantes de serem observados e reencaminhados.

O que levanto como reflexão e que sugestão contribuo para repensarmos.

“Pela Internet”, pensei sobre a sua intertextualidade, faz frente a... e tal qual o quê? Signos. Desejos. Memórias. Associação. Entrelugares. Fronteiras. Intersecção. Semiótica. Qual o link a vincular? Ouvi Gil mais um pouco, reli a letra, outra vez surpreendi-me com o “sambinha”, lembrei-me de Herivelto Martins e a Praça Onze, talvez estimulada pela mídia televisiva que nos fez reviver recentemente através de uma minissérie de época, e cheguei até ao “Pelo Telefone”, cantado por Martinho da Vila, daí pesquisei, deparei-me com o contexto de 1917 (Donga e Mauro de Almeida) e o paradoxo com 1997, mas, o que há em comum? A novidade tecnológica do começo de um século e ao final do mesmo, as (re)mexidas de cabeças, as críticas, os medos, as ousadias, os desejos, a dança, o jogo, a alegria, a subversão, a submissão, a grita, a valsa brasileira etc.

Pela Internet – Pelo Telefone.
Gil e Donga. 1917 e 1997.
O que mais?

E daí, o que iremos propor aos alunos?

Enquanto isso, vamos assistir aos vídeos. Topam? Deixemos as idéias para o daqui a pouco. Vamos curtir.


Acessem aos vídeos abaixo, e depois me contem, se quiserem, acerca das idéias que brotaram.

Vídeo 1: "Pela Internet", com Gilberto Gil




Vídeo 2: "Pelo Telefone", com Chico Buarque, Donga, Pixinguinha e Hebe Camargo (gravação em 1966)




Intertextos:

"O chefe da folia pelo telefone manda me avisar que com alegria não se questione para se brincar". (Donga e Mauro de Almeida)

"O chefe da polícia carioca avisa pelo celular que lá na Praça Onze tem um videopôquer para se jogar". (Gil)

"O chefe da polícia pelo telefone/ manda me avisar/ que na Carioca tem uma roleta/ para se jogar". (Donga e Mauro de Almeida)
Para falarmos dos neologismos de Gil e sua típica musicalidade na letra que bem encanta e nos convida a "dança"(!), podemos confrontar "infomaré" com outra música dele, e que também traz tecnologia como tema, a "parabolicamará". Que tal?
- E daí? Vamos reencantar a educação?

Imagem 1: http://unicaeminha.blogspot.com/
Imagem 2: http://img240.imageshack.us/img240/2574/pelotelefonr455k2coob2.jpg

2 comentários:

  1. Oi,Rocio:
    gostei de ver o encantamento voltando.


    Talvez te interesse:
    a Folha de Sao Paulo começa uma coleção de CDS no próximo domingo , dia 21, com os clássicos da música popular brasileira.Com certeza Pelo Telefone estará em alguma semana.
    Bjs

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  2. Oi, Fátima!
    Reencantar a educação: é trazer à tona a corporeidade viva no tempo biológico. A serenidade é o melhor antídoto para as iras, os conflitos ambientais. O farfalhar das asas da borboleta e a teoria do caos. A simplicidade vem dos objetivos claros da sabedoria dos Mestres. Só aprende quem compreende a humildade. E contra a biologia do amor quem pode, não é mesmo? Algo inerente a todo e qualquer educador, sempre desperta-nos! Acorda de pesadelos e nos chama ao ato educativo e às relações cotidianas aprendentes, portanto, mais humanizadas e amorosas. Reencanta a função do ato de aprender que constrói e se reconstrói na dinâmica do vivo. Como professores aprendemos com o outro que nos desconstrói em suas aprendizagens e não-aprendizagens. Que linguagem é essa que usamos?

    Adorei a dica: estou ansiosa para chegar domingo. Obrigada!

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