terça-feira, 11 de maio de 2010

Desafio: as 6 coisas que você não sabe sobre mim


Max Martins me propôs escrever um meme sobre o tema "As 6 coisas que você não sabe sobre mim". Resolvi escrever sobre a infância e a forma inteira que aprendi a gostar da terra e das coisas que ela dá e ensina a semear, a cultivar e a colher.

Sugere indicar alguns colegas blogueiros. Assim escolho 3 deles. E como Max mesmo nos diz, “é uma forma bacana de conhecer um pouco mais as pessoas com quem trocamos ideias na internet”. Embora, tenha a mesma opinião que o Franz em sua postagem acerca do mesmo tema, porém, não deixo de também participar.

1. Adorava vasculhar os gibis de meu irmão, desde os quatro anos, e minha mãe diz não saber o que me fez aprender a ler e a escrever aos cinco anos de idade. Apesar de ela ser professora de 1ª série na época e durante 33 anos. Além de que eu ficava admirando as réguas, esquadro e o compasso que ele utilizava na escrivaninha de casa. Pedia para eu não mexer, mas, quem resiste aos objetos do desejo? Assim aprendi a relacionar duas coisas que me apeteciam literatura e geometria. Adorava ouvi-lo falar da aula de desenho, com aqueles instrumentos poderia se construir uma casa, um prédio e até um carro. Aprendi lendo todos os recursos das HQ, os gibis variavam e depois vieram os livros dos contos de fadas. Eu me encantava neste mundo. Um pulo para eu mexer nas enciclopédias e diferentes livros que minha vista alcançava. As paisagens dos outros lugares me faziam de fato viajar. As pessoas diferentes me chamavam para conversas “virtuais” – imaginárias. Assim aprendi a ler o mundo no chão da sala e do lugar de estudo de meu irmão.

2. Outros encantos me fascinaram, esses estavam no quintal de minha casa e de minha avó, dois quintais à direita do nosso. Eram as formigas, as galinhas, os patos, os gansos, os gatos, a goiabeira, as bananeiras, os mamoeiros, o pé de abricó, a jabuticabeira, os guapês, as pitangas, as ameixas e as amoras. Ah! As parreiras do vizinho do lado esquerdo. O que eu não suportava? Eram no quintal da vovó, as mamonas espinhudas, machuquentas, assassinas. Cair nelas? Ainda tinham os diferentes cogumelos nos galhos ou troncos caídos, apodrecidos. Tinha certo medo de vê-los abertos, ficava imaginando bichos peçonhentos e histórias de duendes me assombravam, outros momentos não mais. Morria de medo de sapo e aranhas nem tanto. Até que um dia, no terreno da minha avó, apareceu um camaleão e me assustou. Era grande e nunca tinha visto um. A linguagem dos bichos e os cheiros das frutas e todos os seus ciclos me ensinavam a ler o tempo. Pois, me angustiava com a falta delas em determinada época do ano. Além de que ficava brincando e disputando com os pássaros os alimentos fresquinhos. Corria atrás das borboletas. E imaginava outros bichos em outros lugares. E ia zarpando aos livros, enciclopédias e gibis para encontrá-los. E as diferentes histórias continuavam a me encantar para além dos contos que ouvia.

3. Terceiro ponto dessas coisas da infância a contar aqui. Eram os vidrinhos e embalagens que chegavam em casa, colecionava-os e queria saber no que poderiam conter ou se transformar. Sonhava em ter perfumes diferentes de flores diferentes. Eram poucas as que nos quintais encontrava, só no vizinho que ficava entre nosso quintal e de minha avó. Ah! E no quintal de meus avós maternos, tinham rosas vermelhas e cor-de-rosa, um lírio e algumas flores silvestres. Lá naquele quintal mais distante também estavam as cantigas de roda e todas as brincadeiras que inventávamos na roda, eu e meus primos e primas. Éramos assistidos e aplaudidos pelos adultos em volta ou nas janelas.

4. Quarto ponto, veio um pouco mais tarde, quando conheci meu esposo, aos 14 anos de idade, comecei a ler outros livros. Primeiro, as biografias de cientistas e suas descobertas importantes para a humanidade e os músicos eruditos que ele foi me dando a conhecer, depois ele me apresentou a Taylor Caldwell e a história de Lucano (Lucas), o apóstolo médico. Com ela, a vontade de ter um filho e chamá-lo de Lucas. Tive somente duas meninas. Elas disseram-me que se uma delas tiver um filho talvez batize de Lucas. Sem cobranças. A história do médico evangelista é belíssima. Como eu morava na rua Dr. Leocádio, sempre quis saber referências dele, mais tarde, Enéas me presenteia com o livro sobre a vida de Leocádio Corrêa, outro grande médico, jornalista e político abolicionista de Paranaguá (PR). O livro muito bem escrito trazia sua bela biografia. É espírita.

5. Quinto ponto, as aprendizagens que tive com as crianças do Colégio Estadual José Bonifácio, alunos da pré-escola e das terceiras séries. As aulas-passeio eram constantes na redondeza do bairro e no centro histórico de Paranaguá. Ia somente com eles e a pé. Conhecemos a história da construção da Igreja de São Benedito, a da Fontinha Velha e a da Santa Casa de Misericórdia. O relatório que os alunos produziam, fazia os demais professores se e me questionarem sobre a autoria daquelas escritas. Os problemas do bairro eram detectados naqueles relatos. As músicas eram ilustradas. Isso tudo em 1988 e 1989. Tempo que consolidava o construtivismo no Brasil, logo após o movimento das diretas-já e próximo da eleição para presidente do Brasil.

6. Sexto ponto, quando fui chamada para Secretaria de Educação do Paraná, em Curitiba, pelo trabalho que desenvolvia com os alunos do colégio e o resultado das aprendizagens, as reuniões com as famílias tinha sempre um significado importante, pois, nelas os alunos mostravam o que aprendiam aos seus pais e faziam as atividades com eles. De filho ou filha para pai, mãe, irmãos ou avós. Cada vez mais as reuniões lotavam. Fiz parte das discussões sobre as mudanças de currículo através dos cursos “Repensando e reformulando o currículo de 1º. Grau”, com todos os municípios paranaenses. Eu representava as escolas do litoral e o Núcleo Regional de Educação de Paranaguá. Foi o meu melhor aprendizado trabalhar com outros professores, mestres e doutores discutindo as bases marxistas da educação, o olhar holístico e sobre os processos cognitivos, metacognitivos, mediação pedagógica, currículo e avaliação. Depois, de tudo isso o tempo de deixar o Paraná e optar por morar, nas circunstâncias da época, no Pará. Para cá vim e ingressei na rede municipal de educação através de outro concurso público. Terminei o Curso de Pedagogia e fiz Psicopedagogia por aqui. Desta forma, pude contribuir na formação continuada de professores da rede municipal desde 1993.

Indico algumas colegas para continuar a brincadeira proposta:
A Adrianne Ogêda que voltou recentemente, na blogosfera, maravilhosa e dando-nos boas dicas de leitura.
A Marli Fiorentin, professora apaixonadíssima que está a redescobrir com as crianças da educação infantil o significado de ser educadora.
A Maira Miranda, outra professora apaixonada, que faz parte do curso “Mídias na Educação”, lá dos pampas como Max e Marli.

8 comentários:

  1. Oi, maria!

    Apesar do pouco tempo que tenho o blog, nunca simpatizei muito com o "meme". Entretanto, o convite veio de uma pessoa que eu tenho muito apreço, tanto pelo excelente trabalho quanto pelo que demonstra ser como ser humano.
    Fico feliz que tenha participado da brincadeira. Gostei demais do seu texto e de conhecer um pouco mais sobre a professora por trás das aprendências que levo comigo após cada visita que faço a este blog.
    Muito obrigado pela participação.

    Um forte abraço!

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  2. Querida, quantas delicadezas nas suas memórias... me levaram até as minhas próprias, cheias de descobertas e curiosidades. Também eu, Adrianne.menina, era encantada com essas pequeninices da natureza. Um beijo querida, muito especial. Vou postar sim minhas 6 coisas! A noite, em casa. bjos

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  3. Professora,

    Vim agradecer o lindo comentário que postou em meu blog. Muito obrigado, de coração.

    Abraços

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  4. Max,
    O que vale é a gente perceber a essência entre as linhas digitais...

    Adrianne,
    Tenho certeza que vou aprender muito com você também e ver os cristais que iluminam o entrelugar das infâncias de todas as idades...

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  5. Oi, Rocio. Beleza de memórias.
    Viajei nelas tb para meu tempo de criança curiosa e leitora ávida de gibis. Ah! Os gibis! Aprendi muiota coisa importante nas revistas em quadrinhos. Não tive brinquedos nem um quintal como esse paraiso teu, mas havia por perto de minha casa vários terrenos baldios e pequenas matas onde a gente (eu, meu irmão e alguns amigos) matava nosso desejo de aventuras, pescava rãs, caçava passarinhos etc.
    Abraços, Franz

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  6. Ah, Rocio. Particpe do TOP BLOG 2010. Indiquei teu blog. Vc receberá uma msg. avisando.
    Abraços Franz

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  7. Oi, Maria!!! Entem estive aki pra deixar este comentário, mas deu erro:

    "Que lindas essas lembranças...Sinti até o cheirinho de infância!

    Obrigada pela visita no meu cantinho! Amei! E amei tbm a dica do livro, pode deixar q vai entrar na minha listinha pras próximas compras na livraria.

    Eu tinha pensado em indicar vc e a Dri pra esse desafio... :( Daqui a pouco não sobra mais ninguém pra mim! rsrsrs. Então vou correr pra escrever o meu!

    Carinho, querida!"

    Ps. Vc q é a autora do literagindo???

    Bjoks!

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  8. Olá Isabele!
    A autoria do Literagindo-Paraora era da minha turma de Pedagogia de 2009, trabalhamos na criação do blog através da disciplina de "Literatura Escolar para as Séries Iniciais". Infelizmente, saí da Faculdade após sete anos e meio. E o blog findou. Tratava de postagens relacionadas aos saberes dos acadêmicos e suas crianças colaboradoras. Aprendências mútuas! Tenho esperanças de que um dia volte à blogosfera.
    Adorei a sua visita também!
    Outras beijocas!

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