sábado, 1 de maio de 2010

Redes sobre idéias: a tessitura de maio


Maio, tempo de celebrações previstas, dias do trabalhador, das mamães, das noivas, mês do cotidiano, das conquistas, do amor, da criação, da Vida. Nichos culturais. Tempo de rediscutirmos sustentabilidade, sazonalidades, mídias, condicionantes culturais, supérfluos e consumismo? De falarmos de sentimentos e integração? Quantas possibilidades a tecer conhecimentos! Os fios tricotam teias, tecem casulos e toda a colméia. Intuição geométrica dos animais. Equidade. Harmonia. Educação Ambiental.

Dentre as opções, pensei em algo que unisse os temas de maio em uma única partitura, ou seja, uma composição que pudesse abraçar a um tempo de cada instrumento e cada voz. E me veio Caetano Veloso e sua “Mel”. Pura ilusão? Sonhos e ligações impossíveis?

Ó abelha rainha faz de mim
Um instrumento de teu prazer
Sim, e de tua glória
Pois se é noite de completa escuridão
Provo do favo de teu mel
Cavo a direita claridade do céu
E agarro o sol com a mão
É meio-dia, é meia-noite, é toda hora
Lambe olhos, torce cabelos, feiticeira vamo-nos embora
É meio-dia, é meia-noite, faz zumzum na testa
Na janela, na fresta da telha
Pela escada, pela porta, pela estrada toda a fora
Anima de vida o seio da floresta
O amor empresta a praia deserta zumbe na orelha, concha do mar
Ó abelha, boca de mel, carmin, carnuda, vermelha
Ó abelha rainha faz de mim um instrumento do seu prazer

Se “todo ato humano é uma metáfora antes de ser um ato”, segundo Bach (1995, p.174) poderemos ajudar o processo criativo dos alunos solicitando que teçam novas teias, e em seus favos, alimentem-se de idéias e cooperações – co-produzindo vidas. Processos pedagógicos que incluem o questionar e o reconstruir. Habilidades didáticas. Co-autorias.

Em meio ao ano, maio não dá um bom projeto com crianças e jovens de todas as idades? Se encaixa no cronograma em ação? É possível propor a eles pensar em algo que integre suas representações - incluindo as do mês em flor – e, de forma dialógica e criativa, re-olhem o cotidiano e articulem sentimentos integradores e mais harmoniosos. O olhar crítico permeia. Somos diferentes e únicos. Na diversidade, a possibilidade de manter relações interdependentes. Diversos e únicos. Paradoxos integrados.

Pensar e fazer. Teoria e prática. Sonho e realidade. Luz e sombra. Cores e ausência de luz. Naturezas interligadas. Assim, lembramos que “tudo o que vemos e tocamos foi um dia uma idéia invisível” (Bach, 1995, p.86).

Sobre estudos e conhecer com mais significado lembramos que apesar de tudo precisamos produzir sentidos, pois, “quando [se] adquire o conhecimento antes da experiência, nem sempre ela faz sentido de imediato” (Bach, 1995, p.174). E aí está o papel do professor e sua capacidade de mediar as relações entre o fazer, o pensar e suas releituras, proporciona ao aluno a capacidade de reescrever a vida!

Este é o papel do educador que acaba aprendendo com a criatividade do aluno. E o aluno com as oportunidades de reescrever o mundo. Estímulos, interesses e significados. Lançamos redes sobre idéias. Revisitamos a história e possibilitamos novos caminhos redesenhando as trilhas do saber. A escola vai cumprindo sua função educadora das aprendizagens.
Colméias dos saberes, favos que alimentam, nutrientes que energizam e substanciam diferentes idéias e possibilidades de integrar as naturezas que perfazem a Vida, redescobrindo a alegria e o amor.

É maio reencantando a educação. Tempo de renascer. Boas metáforas que se materializam nos produtos que recriamos. Escola da Vida. Enfrentamentos do Amor. Possibilidades de superação. Todos somos capazes de aprender. Sentimento de inclusão. Fim. Recomeço. Ciclos contínuos. Novas teias.

P. S. Algo incrível aconteceu após postagem do tema, bem próximo da tela de meu computador e pela janela chegou uma inesperada visita. Cheirou meus lápis e canetas, passeou por papéis e livros. Não me recordo de ter visto uma por aqui: a dona abelha. Bela coincidência! Foi embora desiludida.

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