segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Crianças de 5 anos e a Resolução que impede seu ingresso no Ensino Fundamental: alternativas pedagógicas e limites da escola

Palavra Encantada ou Reino Desencantado
Dias desses atendi a uma criança e sua família a respeito da dificuldade de arrumar matrícula no Ensino Fundamental. Antes de confirmar sobre a restrição da Resolução CNE/CEB n.6, de 20 de outubro de 2010, referente ao limite de idade para o ingresso no Ensino Fundamental, procurei ouvi-los, porém, como de certa forma já sabia do caso, primeiro optei por avaliar o nível de desenvolvimento do menino de 5 anos e 3 meses, demonstrado através de testes operatórios piagetianos, para só depois estar com seu pai e sua mãe. Com respeito, neste primeiro contato, dispensei a leitura das atividades realizadas na educação infantil organizadas em pastas.


Estudos: As provas piagetianas constituem um dos instrumentos clínicos mais utilizados no Diagnóstico Psicopedagógico, cuja finalidade é a de ser parâmetro do desenvolvimento cognitivo. A realidade é marcada por vivências e experiências que se dão no nível físico e social. As primeiras representações da criança constituem a sua realidade e são passo em direção às representações lógicas que constituem o conhecimento dessa realidade.


O teste sobre realismo nominal, avalia a performance da linguagem e da comunicação da criança; sua capacidade de compreender a relação entre palavra escrita e a falada, base da linguagem escrita; observa a consciência da palavra enquanto sequência de sons, a habilidade que distingue o significante (palavra) do objeto que representa, ou seja, envolve a consciência da independência das características da palavra em relação às características da coisa representada.


Como ilustração dessa relação, o livro “Marcelo, Marmelo, Martelo”, de Ruth Rocha, propicia um toque de humor porque traduz o caráter lúdico do pensamento simbólico, assim dá um tratamento especial aos significantes. O personagem troca ou questiona o emprego dos significantes, a exemplo: "por que cadeira chama cadeira e não sentador?", por lá também a criança questiona sua mãe  "por que esse tal de latim não botou na mesa nome de cadeira, na cadeira nome de parede, e na parede nome de bacalhau?".




As crianças em idade pré-escolar “explicam” o nome dos objetos pelos seus atributos, quando há uma profunda confusão entre palavra e coisa. O leitor do sistema de escrita alfabético precisa ser capaz de lidar com as características sonoras da palavra, de focalizar o significante e distingui-lo de seu referente, o que pode ser até muito divertido.


No primeiro estágio do realismo nominal lógico, com base apenas na memória, a criança é capaz de aprender os nomes das letras, as letras iniciais de muitas palavras, a emitir sons associados a certas letras ou mesmo a reconhecer muitas palavras ou sílabas.


Os objetivos das atividades realizadas com V.A., durante processo diagnóstico, visaram situar o nível de seu desenvolvimento, articulando pensamento simbólico e seu conhecimento lógico-matemático.

As atividades aplicadas foram as seguintes:

1. Atividade de Identificação
2. Realismo Nominal
3. Conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos
4. Conservação da quantidade de matéria
5. Conservação da quantidade de líquido (transvasamento)
6. Conservação do número elementar

No próximo post, as provas piagetianas aplicadas.

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