terça-feira, 7 de setembro de 2010

A dança do ventre: à fome e à saúde de nossos intestinos

Uma nova licença ao tema do blog, universalizando as aprendências. Ao ler ontem à noite que o dia seis de setembro foi escolhido para ser o dia do sexo, fiquei indignada pela banalização a que chegamos... Tudo é piada, tudo é mercado, tudo pela promoção da felicidade: quem vende melhor? há procura? é uma mentalidade estatuída? somos donos de nosso corpo? Em nome da satisfação, do lugar-comum, a oferta.

Interponho o discurso: talvez esse clima sério advenha da aura que paira em mim, por estar lendo a bela história de São Paulo (Saul de Tarshish), escrita por Taylor Caldwell, após anos intensivos de seus estudos, recebi tal indicação em um dos comentários de virtuosos amigos acerca da postagem "o filho que eu queria ter...", inspirada em outro tempo de estudo de Caldwell, que foram mais de 45 anos dedicados a vida de Lucano (o único apóstolo não judeu, o médico grego que nunca viu Jesus).

Após o tal parêntese, paragrafado acima...

A informação sobre o dia do sexo vem da twittada de outro caro amigo virtual. Remeti a pensar sobre a beleza do significado da Rasa-Mândala, a dança da vida. Mândala significa "círculo" e Rasa é "suprema delícia". Essa dança foi criada pelos rishis, que ficavam enclausurados em suas cabanas sob um frio de até 40 graus abaixo de zero, há milhares de anos antes de Cristo, e poderia voltar a ser praticada, para delícia da humanidade e à saúde física e mental de todos.

Onde li sobre a Rasa-Mândala? Há dez anos atrás, através do livro de Sagy Yunna, iogue que enuncia ser esta dança proibida, considerada pela maioria das religiões, como lasciva e imoral, mas, que poderia ser resgatada, pois todos seus movimentos são naturais e de imoral nada tem. Embora, saibamos que os valores ganham significados diferentes e força ética nas traduções culturais de cada povo, grupo social, família. Mas, que merece ser reestudada e repensada por todos nós.

A dança da Rasa-Mândala para ele, é um caminho, uma senda da jovialidade eterna, caminho que traz a alegria de viver, nos conduz para o sentimento de amar e, por isso, esse cuidar de nós, nos leva também a esbeltez do corpo, boa auto-estima que se relaciona ao meio, nosso corpo é relacional, integrado, composto, interdependente. Segundo o Iogue, “é a única dança que leva o praticante ao êxtase, ao chakra do Kundaline onde o sexo é sublime, o Amor é infinito, a felicidade é total e o estresse é zero”.

Sobre indecência ele continua a nos dizer: “nos tempos modernos, qualquer movimento da Rasa-Mândala não passa de um inocente passo de criança quando comparado a certos movimentos explícitos na televisão. Pedaços ou movimentos simples da Rasa-Mândala ainda são praticados em todo o mundo, como as danças dos índios norte-americanos, correspondentes ao sexto movimento, ou na dança do ventre, correspondente ao 5º movimento”.

Esta foi a dança que o Rei David começou a praticar porque viu suas escravas dançando e percebeu que elas nunca envelheciam. Davi dançou sim! E a Bíblia não registra a condenação de Deus por essa atitude. Ele tirou sua roupa de sacerdote, e dançou para Deus. Quem lembra dessa passagem bíblica? (II Samuel 6.14-16: "E Davi girava acrobaticamente com todas as suas forças diante do Senhor; e estava Davi cingido de um éfode de linho").

Registra-se ainda que, os árabes, conhecidos como peregrinos e grandes mercadores, gostaram do quadro do 5º movimento, que beneficiava a saúde dos intestinos e não durava mais de 3 minutos, assim trouxeram para o Ocidente, no século VII, após invasão do Egito, chamando-o de “Dança do Ventre”. O último quadro do sétimo movimento da Rasa-Mândala, ainda mais sexy, os árabes não tiveram coragem de difundir.

Como valor terapêutico, psicossomático, a medicina ocidental poderia resgatar o hábito dessa dança, sua história e prática, que é “ao mesmo tempo exercício físico, prática de meditação, auto-hipnose, remédio para o corpo, veículo terapêutico de indiscutível validade; enfim, algo que a humanidade não deve prescindir para sua saúde e felicidade”.

Se expelimos alguns dejetos, como o do corpo e para o bem da saúde física, há outros que podem também ser expelidos para o bem da saúde pública, e a nos ajudar repensar a nossa brasileiridade, a nos libertar de condicionamentos sociohistóricos e culturais. Com a prática da dança podemos expelir alguns dejetos de nossa mente a aprisionar, a nos automatizar... E sermos mais felizes!

Vamos questionar, de forma reconstrutiva, o jogo político e interesses mercadológicos a manipular mentes, que pululam em nossos corpos relacionais sim, mas, que desejamos cada vez mais conscientes do lugar que ocupam em cada cadinho planetário.

Retomo aqui, a minha inquietação pelo motivo do que se espalha na net de que ontem foi o dia do sexo, curiosamente procurei saber mais, e assim contra o discurso desse tipo "político", bem contrário ao estilo do blog, paradoxalmente, há o clamor do povo decepcionado e da própria região de um tal ex-deputado, turba responsável por colocá-lo lá na tribuna, pois esse parlamentar é o autor que pretende transformar a data de seu aniversário no segundo dia dos namorados, e que ele denomina de o "dia do sexo", são as graças que se fazem nos plenários brasileiros, faz parte do negócio. O "bom" comércio pretende trazer a data para o dia 6/9.

- É tempo de aprender, da revanche nas urnas, é o exercício democrático e de nossa libertação! O que diria-nos Sagy Yunna da suprema delícia estar assim tão "democrática"?

Para ler mais acerca das intenções do ex-deputado e contribuir nos comentários, o caminho está aqui linkado


Referência:
YUNNA, Sagy H. Um iogue na senda de Brian Weiss. São Paulo: WB Editores, 1998.


Imagem 1: http://brisadooriente.blogspot.com/2008/09/mitos-e-verdades-sobre-dana-do-ventre.html
Imagem 2: https://thiagosurian.wordpress.com/2010/06/30/dispenso-dancar-no-culto/

5 comentários:

  1. Maria,

    Que baita texto!!!
    Tá na hora de puxar a descarga e limpar o cenário político de nosso país. O problema é que os melhores artistas do Brasil são os políticos. Em época de eleição colocam no bolso atores como Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Al Pacino, Morgan Freeman e todas as estrelas da tela da TV e do cinema. Depois de eleitos, as intenções passam à prática e a verdade vem à tona. Nos presenteiam com projetos como esse citado no texto.

    Lamentável.

    Um forte abraço

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  2. Querido Max,
    A suprema delícia precisa ser respeitada tanto quanto a dança das cadeiras merece questionamentos... O jogo é lúdico, as crianças adoram e o Brasil é coisa séria também, inclusive porque o palhaço merece respeito, porém, aos dejetos descarga neles. Por falar nisso onde estão os bons projetos de saneamento básico? As energias alternativas?

    É lamentável mesmo! Urna não é penico.

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  3. Maria,

    Está bem complicada a situação. É muito fácil manipular o eleitor. Tem candidato prometendo o que já está em andamento como, por exemplo, o projeto Um Computador por Aluno. Quem não está atento pensa que a ideia é nova.
    Tenho esperança de que a internet se popularize e que as pessoas façam um bom uso dela. Está tudo aí para ser pesquisado. Revirar notícias sobre candidatos etc. É uma excelente ferramenta, ainda assim, será sempre necessário a reflexão pessoal.

    Abraços

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  4. Muitíssimo interessante essa postagem. Grande abraço.

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  5. Max,
    A educação é um caminho longo, consistente, necessário e transformador por isto estamos nele, por acreditarmos que as coisas não podem continuar como estão. A net é um bom espaço para espalharmos essa semente, os projetos um computador por aluno existem há mais tempo e precisam mesmo se consolidar. O acesso à rede mundial de computadores dará maior dimensão às aprendizagens e às discussões de ética. Boa revolução!

    Maria José!
    Que bom que gostaste do texto, pois tecê-lo me deu muito prazer: política, danças, jogos, histórias, corporeidade, consciência, piadas, urnas, sabedorias milenares a nos fazer repensar sobre o lugar que ocupamos nestas eleições e como educadores a fortalecer nossos instrumentos de comunicação e incentivo ao questionamento reconstrutivo, não podemos aceitar mais sermos as tais marionetes nas mãos de representantes políticos ou em telas do computador através de mensagens recebidas entrecortadas e intencionais. São as drogas da vida que nos fazem muito mal! Vamos selecionar e continuar alertas pela pesquisa e conhecimento.

    Adoro a sua revigorante "arca do conhecimento"!
    Um afetuoso abraço!

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