quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Horta escolar: explosão de formas, texturas, cores, sons, cheiros, temperaturas, sabores e esperanças

A horta da escola foi concebida para ser um espaço de vivência e observação, troca de saberes e experimentações de ideias, olhares, toques, pitadas, pitecos e sabores entre crianças de todas as idades, professores de todas as áreas, as famílias do alunado e funcionários que também atuam nesse espaço pedagógico, além de novas experimentações e da conversa espichada com visitantes ou outras escolas.

Do espaço concebido surgiu o projeto “Horta do Conhecimento”, como uma teia adubada de múltiplos sabores e saberes, tecido e continuamente ressignificado pelas professoras Aida e Mary, desde 2006.

A característica do projeto é se misturar aos projetos pedagógicos das salas de aula e convidá-las a expandir suas paredes também para o espaço da horta. Paredes imaginárias. Campo aberto. Interações aprendentes.

No cotidiano desse ir e vir, sala-horta, percebeu-se que o caminho das trilhas era também espaço de conhecimento, pois, integrava os dois ambientes pedagógicos, e aos poucos, ganhou identidade própria, pois, aqui, ali e mais adiante emanam cheiros de mato, terra, vida, percebem-se movimentos de bichos diferentes, do tempo das plantas, da associação climática, dos brinquedos, dos cantos e das poesias, mas também de suspenses e medos das releituras da mata que perfilam imaginários e desfilam-se em textualidades viradas de páginas vívidas e delineadas pelas turmas de educação infantil e séries iniciais, atendidas e mediadas pelas professoras.

Recoloco aqui algumas imagens sequenciadas destes movimentos singulares, ímpar de quem nelas se percebe:
- Por que o simples pode ser tão complexo?
(ops! uma frase-questão de efeito?! não sei por que mas me lembrei de minha cachorrrinha Kika, daschund / salsichinha, quando sabe que fez travessura e daí vem ela de mansinho, na minha direção, com a barriga arrastada no chão, feito uma jacaré, ah! e com o rabo entre as pernas, chega assim bem próximo a meus pés, vira de barriguinha para cima e balança o rabo de um lado a outro como que rebolando, rsrsrs!). Dá para ficar séria? Lembro do rosto das crianças em sala de aula e dava risada com elas. A amizade é mesmo uma coisa séria!! Rir das travessuras é perder autoridade? Tudo depende do jeito que a gente é.

Ao chamar a complexidade, dentre minhas sempre novas aprendências - nem sempre novidade ou mudança, mas, muitas vezes busca de melhor compreensão -, resolvi por aqui trazer Morin, para falar um pouco mais desse meu estado de apetência - de sempre aprender -, pois, me nutro atenta e alerta para o essencial e o autêntico, o frugal e o desfrute, e como Ele, com as devidas reservas e licenças...

"...não sou daqueles que têm uma carreira, mas dos que têm uma vida (...) Passei ao largo dos amores, ainda que não tenha podido viver sem amor: diria até que, sem alta combustão amorosa, eu não teria jamais tido coragem de escrever La Méthode”. (MORIN, 1997, p. 9).

(...) Esperanças mil e paixão de aprender - com as crianças e em nome da Alegria. Sejamos sempre muito felizes!

Referências
MORIN, Edgar. Meus demônios. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1997.

Imagem 1: http://jc-etc.blogspot.com/2009/02/tentacao-da-maca.html

9 comentários:

  1. Ai o contato com a terra... nos renova a sensação de ser parte do planeta. As vezes, parece que nos esquecemos... beijos querida, a saúde, está bem?

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  2. Oi, Maria

    Vendo as crianças me deu saudades do tempo que trabalhei em escola.
    Que projeto bonito e, acredito, mais eficiente do que tentar ensinar o mesmo conteúdo na sala de aula.
    A criança no seu devido lugar, no meio da natureza, corpo e alma livres, vivenciando as cores, sons, texturas e sabores.
    Em relação aos sabores, estamos precisando repensar e adotar hábitos mais saudáveis de alimentação. E mais que isso, transmitir esses hábitos.

    Saio do Aprendências, como sempre, mais rico de saberes e esperanças de que a Educação ainda tem uma saída.

    Um imenso abraço!

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  3. Pois é Adrianne!

    As crianças ficam bastante entusiasmadas com todo o processo de mexer com a terra, ver a semente brotar,a acompanhar o desenvolvimento da planta, conhecer os segredos da terra e participar da festa da colheita com música, danças, comilanças preparadas também pelas mães ou pais, que colhem saberes, servem seus filhos e participam de novos hábitos alimentares...

    Muito entusiasmo reeditado! Mas sempre único a cada um deles.

    Eu estou bem, craque na fisioterapia e aceitando as infiltrações mensais nos joelhos para melhor aprender a lidar e superar limites, além de me energizar com os projetos pedagógicos que fervilham na escola.

    Muito bom tê-la aqui, adoro o "mevitevendo"!!!

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  4. Ei Max!
    Estamos mesmo num tempo de aprender na prática, ou na marra, o que é ser um sujeito ecológico, não apenas consciente, aquele que sabe porque aprende a se relacionar com o meio, de maneira interdependente, assim como na medida que aprende novos hábitos, aprende a "reeducar-se" no cotidiano, o que é mais difícil. Mas, sobretudo, descobre a alegria de participar de um mundo mais solidário e preocupado com a nossa qualidade planetária.

    É o contato com a terra desde pequenino que essa satisfação vai delineando e equilibrando nossa temperatura e ressignificando nosso corpo relacional... Como professores nos energizamos nessa profusão expressiva e criativa das múltiplas linguagens.

    Outro imenso abraço!

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  5. Ah, esses nossos amigos caninos! O que seria do homem sem eles? Parece que estou vendo a Kika fazendo suas travessuras e depois se arrastando de barriga, com aquele olhar que desarma qualquer intenção de bronca...rs

    Que Deus te ouça e que possamos ser felizes, Maria!

    Bjs

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  6. Max, imagino o quanto também gosta do teu anjo de quatro patas. E sobre ser feliz por aí, finalzinho de inverno: "olhai os lírios do campo... E as aves do céu". Tempo de mais alegria!
    Outros Bjs!

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  7. Oi, Rocio. Beleza de postagem. Sempre sonhei em ver hortas nas escolas.
    Franz

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  8. Ah, educação ativa, formação cidadã, aprender de forma estimulante, concretamente, isso é mt rico e certamente tem sido uma troca mt boa entre vcs educadores, os alunos e td o micro sistema da horta. A gente percebe pela felicidade de seu post.
    A minha salsicha daqui de casa manda um lambj pra sua.
    Um bj pra vc.

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  9. Oi Franz!
    Que bom que gostou e também aprecia a horta nas escolas, quando integrada o desempenho dos alunos tende a satisfazer a eles e as todos nós educadores e suas famílias.

    Oi Jamille!
    Quanta honra hoje por aqui, os dois responsáveis por meu aperfeiçoamento na área da tecnologias educacionais, um por me iniciar no blog e a outra pelas "mídias na educação".
    Pois é, as salsichinhas são mesmo um encanto, a Kika fica feliz e retribui carinhos.
    Na escola desenvolve outros bons projetos que dão suporte também às salas de aula, o "AMA: agentes e monitores ambientais", é bem articulado no interior das turmas, logo faço uma postagem sobre ele.

    Beijos e abraços aos meus queridos mestres!

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