sábado, 11 de junho de 2011

Como "apede a le": os deleites de morar dentro de livros

Menina a ler, Anónimo (c. 1860)
Gente,


"Como apende a le" (e assim mesmo sem ponto de interrogação). Desculpe-me, mas, achei tão bonitinho quando vi esta escrita dentre as palavras-chave nas "origens de tráfego", na data de ontem, que não resisti em fazer este breve post.


Quem será que escreveu estas palavras-chave?




Lembro-me do meu outro blog - já encerrado - e que eu conversava com crianças através de acadêmicas e acadêmicos. Chamávamos de crianças colaboradoras. Levavam para sala crianças ou brincavam com elas em casa ou na casa delas. Criança atrai criança. Bom tempo de ser criança!


Deste modo, o "Literagindo-paraoara" nasceu com esta intenção de ser para crianças...


Mas, resolvi voltar para aprender mais com as crianças da escola. E deixei o Curso de Pedagogia que lecionei de 2003 a 2010.


Flash das múltiplas linguagens da Pedagogia: eu era feliz e sabia!!



Loucura para alguns. Para mim, o deleite. Voltei para a escola.


Sou assim fascinada por Lobato que lá nas cartas para seu amigo Godofredo Rangel, já manifestava a ele a sua bela e inspirada intenção: "ando com ideias de entrar por esse caminho: livro para crianças. De escrever para marmanjos já me enjoei. Bichos sem graça. Mas para as crianças um livro é todo um mundo. Lembro-me de como vivi dentro do Robinson Crusoé do Laemmert. Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar. Não ler e jogar fora; sim, morar, como morei no Robinson e n'Os filhos do Capitão Grant".


À noite, ou Ilusões Perdidas (Le Soir Les perdues Ou Ilusões ).1843.
Charles Gleyre. 
Óleo sobre tela. 23,27 x 41,5 cm (59,1 x 105,4 centímetros
Momentos de solidão, sentimento de fracasso com o devir misturado às esperanças e aos sonhos de um mundo melhor. Sentimentos, emoções e pensamentos que acometem e atravessam todo e qualquer jovem, não é mesmo? Ainda mais inspirado pelo quadro de Gleyre (1843). Na ocasião das cartas, Lobato tinha somente 22 anos quando escrevia para Rangel, seu amigo de estudos, e lia a vida através da barca de Gleyre.


A metáfora da "ilusões perdidas" é retomada em 1944, quando batizou-se o livro "A barca de Gleyre: quarenta anos de correspondência literária entre Monteiro Lobato e Godofredo Rangel".


Gosto de vivenciar e estudar para ajudar as crianças aprender a ler junto com outros aprendentes como eu.


Referências


LAJOLO, Marisa; CECCANTINI, João Luís (Org.). Monteiro Lobato livro a livro: obra infantil. São Paulo: Editora UNESP: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2008.


LOBATO, Monteiro. A barca de Gleyre: quarenta anos de correspondência literária entre Monteiro Lobato e Godofredo Rangel. 9 ed. São Paulo: Brasiliense, 1959. (p.239)

2 comentários:

  1. Rocio...
    Apreciei teus relatos aqui expostos! Aos poucos pretendo mergulhar em todas outras. Gostei muito de sua contribuição no "Cultura na rede".
    Espero que retorne mais vezes.
    Abraços
    Luiz

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  2. Olá Luiz,
    É um prazer compartilhar com educadores as nossas experiências, assim nos tornamos cada vez mais aprendentes nesta rede de conhecimentos e afetos em suas múltiplas linguagens.
    É uma forma de ampliar as oportunidades de educação desta comunidade planetária.
    Com certeza, volto por lá.

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