sexta-feira, 3 de junho de 2011

Diálogos da beleza: xô, violência!

- Contemplar as belezas da escola e harmonizar o olhar:


O verde novo (na opinião das crianças): a natureza, a criança, o desenho, o aperto de mão, o abraço, a alegria, a esperança, o carinho, a amizade, a gratidão, a bondade, a obediência, a sinceridade, a harmonia, a sabedoria.

Melhor ainda foi ouvir as definições que o alunado deu para cada palavra, "somos um dicionário ambulante", como nos disseram.

- Discutir sobre as formas de violência do cotidiano

O verde desmaiado (na opinião das crianças): o abandono, a tristeza, o xingamento, o racismo, o desrespeito, a ingratidão, a encrenca, a desunião, o palavrão, a desobediência, o pecado, o ciúme, a inveja, o ódio.

Limites percebidos: “pedir desculpas é difícil...”, sempre nos achamos com razão, a raiva é maior”.

- Cantar a paz que temos no coração

Músicas: A Paz (Roupa Nova), de Michael Jackson; e “Eu não pedi para nascer...”. Esta última não sabemos o título da música e nem a autoria, só temos a lembrança de que fez parte de uma campanha publicitária no final da década de 80 e participou do encerramento do programa “Criança Esperança”, da Rede Globo de Televisão, no início deste milênio. Se alguém conhecer, por gentileza, nos ajude a dar os créditos. Ela é muito bonita, as crianças adoraram, e também se encaixa com as nossas conversas sobre bullying e a cultura de paz na escola.

- E no trabalho dos grupos operativos (azul, amarelo, laranja, vermelho, roxo, branco), e durante nossas conversas, ouvimos as opiniões dos alunos sobre:

Motivos de bullying: não existe de fato, para eles, porque a causa é pequena. Apontam a inveja e o ciúme como motivo de brigas. Inveja do corte de cabelo, do sapato, da pulseira, do lápis com borracha na ponta, do celular, do ter dinheiro para comprar lanche no recreio... Ciúme da professora que dá mais atenção para um aluno do que para outro, ou do colega que sabe escrever, se dar bem nos cálculos ou responder questões de sala.

Na onda da conversa disseram que o bullying só acontece porque: “o colega não conta para a professora”, “muitos de nós sentem vergonha de contar para a mãe em casa e cheios de medo resolvem não contar para ninguém”, “todo mundo ri e nos chama de bobo como os meninos maiores”, “apanhamos mais”.

Solução: "separar os colegas na hora da briga", "e não ficar rindo e incentivando mais, se não vai dar uma confusão danada com os pais e a escola", "e todos saem machucados", "os professores tem que dar mais atenção aos alunos e conversar conosco"...

Conclusão: “só existe bullying porque permitimos que ele aconteça”. Consideram que a queixa para a professora na escola pode ser uma boa, é o primeiro passo dado, já que a maioria das vezes o problema começa na escola entre colegas. Para eles não devem contar aos adultos porque é briga boba entre colegas e que eles mesmos devem resolver. Preferem a ideia da resiliência - da fortaleza de si mesmo, da auto-estima, da autoconfiança, ao invés de chatear a família, os responsáveis de alguns, os professores e a escola.

- Nos problemas, e em busca de suas soluções, durante atos de escritas e suas representações, ali eles e elas atravessam cotidianos e sentimentos com muita emoção e atenção, como se observam nos slides abaixo:


Expressar e harmonizar nossos contrastes: sensibilidade, beleza, violência, tristeza, medo, amizade, e pelo amor em busca de paz. É possível sim! Depende de nós. O mundo pode mudar. É o que desejamos!

Saímos de cada turma com estas palavras e seus cantos.



De outubro a dezembro de 2010, envolvemos inicialmente, 33 turmas e 762 alunos. Novo ano letivo sempre exige reorganização das turmas, assim, o alunado se espalhou em outras turmas, incluindo novos e diferentes colegas na discussão temática. Vamos atingir assim a maioria dos mais de dois mil alunos.
O fenômeno bullying nos retratos de nossos alunos e alunas
Sabemos que ainda é pouco, mas, “alguma coisa precisa ser feita”, usando as palavras animadas do alunado.
Enquanto tivermos força para lutar, na batalha estamos! Pelo amor e em nome da EDUCAÇÃO somos como beija-flores que, de gotinha em gotinha, pretende apagar o incêndio da floresta!
Marcelino, 6a. série
A sugestão para nossa escola, vinda do aluno Paulo "Fiel", da turma "Cobra-Grande":
A crítica
A proposta
Para finalizar a alegria do aprender juntos - a boa energia - de nossos alunos, alunas e professores envolvidos para todos os nossos leitores e amigos virtuais:
Sejamos TODOS felizes!

2 comentários:

  1. Bom dia, Maria do Orvalho. O acaso me trouxe aqui. E, já que aqui me encontro, vou tratar de fazer o teu dia um pouco mais feliz, já que o meu dia também se alegrou com a tua presença...acho justo. Eu confesso que não li quase nada teu post, mas, como sempre, assino embaixo tudo que afirmas. Sou teu fã, sempre fui. Acredito piamente que o mundo seria muitas vezes melhor se houvesse nele mais loucas do teu calibre. Gente que ousa ser honesta nesse país de corruptos. Gente que se atreve a se preocupar em um país de displicentes. Gente que se preocupa com a base, onde a idéia é ter em vista apenas o ganho pessoal do topo. Mais gente como tu faria desse mundo um lugarzinho melhor. Mas não há muitos como você. Daí teu destaque por onde passas (ia dizer "por onde pisas", mas seria injusto. Nunca te vi pisar. Sempre passastes, na mais perfeita delicadeza). Tua marca é essa. Essa forma delicada e elegante de se provar certa. Estas duas palavras te definem bem, aliás: delicada, elegante. É como te vejo, Maria do Rocio, é como sempre te vi.
    Se esta declaração toda não alegrar teu dia, mulher, nada mais o fará!
    Com Deus toda vida, seu amigo (sumido, mas fiel), Max.

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  2. Max,
    Você sempre me deixa sem fôlego, porque sempre a admiração foi mútua.
    Os caminhos da educação são muito complexos por ela se atravessam muitos sentimentos, emoções, políticas, políticos, educadores e apaixonados por crianças e jovens como tantos por aí e há mais tempo. Somos sempre crianças e jovens independente da idade.
    Não tem sido fácil, como sempre, mas continuo aprendente da Vida. Carrego a lição de ser um pouquinho como a "lenda" do beija-flor...
    Você sempre me deixa feliz, obrigada!
    Taí a palavra-chave de hoje e de nossa amizade: sempre!

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