
No papo com professor, técnico em meio ambiente, ou seja, bacharel sem licenciatura, acerca de parcerias necessárias entre projetos pedagógicos e do que seja interface, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade na práxis cotidiana, começamos por definir as questões de como se enxergam e se inscrevem as relações entre aprendentes e ensinantes ou ensinantes-aprendentes e aprendentes-ensinantes, termos muito pensados na psicopedagogia, para estreitar cada vez mais a relação entre professor e aluno e um se perceber no papel do outro.
Valorizar a “outridade” é a importante característica de todos por que vivemos em sociedade, como diz Wallon. As pessoas se sentem felizes quando alguém lhes dá a devida atenção. Até que ponto existe sincronicidade no processo das aprendizagens? A questão advinda da sala de aula, ou diferentes ambientes pedagógicos, passa a ser: até que ponto a boa aula do professor se constitui como boa aprendizagem no aluno? O aluno aprendeu bem o que o professor ensinou e planejou como aula? Como aconteceu o espaço do aluno nela? Qual foi o aluno que não aprendeu? Que conflitos passava? Que conversas buscaram a inclusão do não-aprender? Qual foi o perfil do aluno e turma pensado pelo professor? Quantas diferenças existem na “ecologia da sala de aula” e nas ecologias de cada turma? São iguais? E em quê?
Quem é o aluno com conceito excelente, com conceito bom, com conceito regular e com conceito insuficiente? Como essas faixas interagem entre si? Como os alunos se situam no conceito insuficiente e como estão incluídos nos planos de aula? Qual é o princípio de inclusão que norteia a práxis? Preocupa-se somente com o repasse de conteúdos? As estratégias se adequam aos alunos ou os alunos devem se adaptar e reconhecer o esforço do professor em dar a sua aula?
Se com Lacan nos constituímos sujeitos, em Wallon nos construímos como pessoas. Somos o outro, ou esse imaginário que nos constitui, e no espelho a observar o próprio semblante ou em busca de sua sombra - análise e autocrítica. O outro em seu corpo e sombra, nós em nosso corpo e sombra, espelhos de si, ensimesmados. No espelho, o corpo, o auto-cuidado, a auto-imagem, a auto-estima, e em decorrência, a autonomia, a autoria, a co-autoria. Onde está a sombra? O nosso desejo é o desejo do outro? Até que ponto o nosso desejo é nosso? Quais condicionantes se misturam em nós? E o processo formativo - reconstrutivo?
Valorizar a “outridade” é a importante característica de todos por que vivemos em sociedade, como diz Wallon. As pessoas se sentem felizes quando alguém lhes dá a devida atenção. Até que ponto existe sincronicidade no processo das aprendizagens? A questão advinda da sala de aula, ou diferentes ambientes pedagógicos, passa a ser: até que ponto a boa aula do professor se constitui como boa aprendizagem no aluno? O aluno aprendeu bem o que o professor ensinou e planejou como aula? Como aconteceu o espaço do aluno nela? Qual foi o aluno que não aprendeu? Que conflitos passava? Que conversas buscaram a inclusão do não-aprender? Qual foi o perfil do aluno e turma pensado pelo professor? Quantas diferenças existem na “ecologia da sala de aula” e nas ecologias de cada turma? São iguais? E em quê?


A construção da linguagem e de nossa autoria pela linguagem vem da tentativa do querer dizer ao Outro, nosso interlocutor, de imaginar, reinventar e reconstruir-se na e pela linguagem. Clareza e objetividade para uma boa comunicação. Ouvir o outro. Falar ao outro. Entendimento e compreensão. Desejos e interesses. Aberturas. Incompletude. Imperfeição. Erros. Valorização e respeito às diferenças. Inclusão. Busca pela harmonia. Utopias necessárias ao significado da educação ambiental. Relações recíprocas e interdependentes. Humildade. Simplicidade. Virtudes orientais. Ocidente e oriente cerebral. Ondas cerebrais. Conexões importantes.
Das atenções nasce o princípio da alteridade, da outridade. Isto vem do berço, do colo, do útero materno. É a maiêutica socrática! O papel da mediação pedagógica. Saber ouvir o aluno é dar espaço às vozes deles. Como transcrevemos suas vozes, percebemos suas releituras e que tratamento damos a elas no processo de retextualização, de reconstrução do texto?
O sujeito se estrutura nas falas e a palavra sustenta seus sentidos. Os alunos e nós, como seus mediadores, nos desenvolvemos com o olhar walloniano e a escuta lacaniana, aprendendo a dialogar com as estruturas dessa criança ou adolescente e em intenso movimento, em sua inquietude, introspecção, barulhice, brincadeira, afrontas, em seus questionamentos, sonhos, esquisitices, gramáticas e cálculos próprios, com os hormônios à flor da pele e envolto às influências externas, sentimentos, sensações, intuições e psicologias próprias.
Com Lacan aprendi que, ao nos constituirmos sujeitos, provocamos um momento de ruptura nesse estado de admiração do “Mestre”, o que existe dentro de nós de forma paradigmática, assim, buscamos nos diferenciar no sentido afetivo-cognitivo, sempre orientados internamente pela evolução da consciência de si e do Outro (em nós). Impasse internalizado que nos torna pessoas completas por estarmos permeados de construção e conflitos de ordem emocional, afetiva, cognitiva e motora. A motora que nos exige atitude e busca de conciliar opostos em nós mesmos. O corpo em movimento que integra o emocional, o afetivo, o cognitivo.
Como esse conhecimento ajuda o professor e a professora em sua mediação pedagógica? Quando se dispõe a construir sua escuta sensível e por processos de andaimagem relacionar o conhecimento aos seus saberes e dar vozes às suas relações e leituras de mundo com a incorporação do novo, do diferente, do estranho em suas falas e escritas. A turma no movimento da identidade e do saber questionando e rescontruindo o conhecimento. Termos técnicos e abstrações cognitivas ganham diferentes interpretações nas boas maiêuticas possibilitadas mediante à pedagogia de projetos e inclusiva.
O estranhamento entre áreas distintas e conhecimentos específicos é a transposição dessa relação ensino-aprendizagem, ter escuta sensível e estabelecer o que há em comum entre conjuntos diferentes, é a aplicação da intersecção, preservam-se identidades tão importantes no conjunto e na interface aproximam-se pensamentos semelhantes. O conjunto das ações atende às expectativas do aluno – da comunidade. São mais que a soma das partes. Menores ou igual? Juntos aprendem muito mais do que sozinhos.
Porém, no coletivo preservam suas especificidades, pois elas contribuem para o conjunto das realizações. Sem elas não há participação. Cada ciência faz a sua diferença e todos precisam dela. Cada pessoa é importante. Por isso a força da inclusão. Nenhum aluno fora da escola. Qual é a situação-problema?
No caso da conversa com o professor falávamos de áreas profundamente degradadas, que são muito mais fáceis de exemplificar, algo comum, e levar os alunos a conhecer, a se indignar, a protestar, a chorar, a clamar, a modificar o óbvio... Mas, onde se encontram áreas recuperadas, revitalizadas na ou pela comunidade ou circunvizinhanças?
Áreas degradadas. Alunos que não aprendem. Quem protesta: o que fez ou faz? Quantos alunos aprenderam e saíram das suas dificuldades de leitura, escrita e conquistaram autonomia em nome dos resgastes das autoestimas, autovalorização, autocuidado, autorias, socialização e co-aprendizagens?
Como tem sido o processo de inclusão dos alunos que não-aprendem? Como as linguagens se aproximam e se desenvolvem nas pequenas-grandes coisas, nos pequenos-grandes gestos? Nas turmas como educadores percebemos que “não são os grandes planos que dão certo; são os pequenos detalhes” (Kanitz, 2009).

O sujeito se estrutura nas falas e a palavra sustenta seus sentidos. Os alunos e nós, como seus mediadores, nos desenvolvemos com o olhar walloniano e a escuta lacaniana, aprendendo a dialogar com as estruturas dessa criança ou adolescente e em intenso movimento, em sua inquietude, introspecção, barulhice, brincadeira, afrontas, em seus questionamentos, sonhos, esquisitices, gramáticas e cálculos próprios, com os hormônios à flor da pele e envolto às influências externas, sentimentos, sensações, intuições e psicologias próprias.

Como esse conhecimento ajuda o professor e a professora em sua mediação pedagógica? Quando se dispõe a construir sua escuta sensível e por processos de andaimagem relacionar o conhecimento aos seus saberes e dar vozes às suas relações e leituras de mundo com a incorporação do novo, do diferente, do estranho em suas falas e escritas. A turma no movimento da identidade e do saber questionando e rescontruindo o conhecimento. Termos técnicos e abstrações cognitivas ganham diferentes interpretações nas boas maiêuticas possibilitadas mediante à pedagogia de projetos e inclusiva.
O estranhamento entre áreas distintas e conhecimentos específicos é a transposição dessa relação ensino-aprendizagem, ter escuta sensível e estabelecer o que há em comum entre conjuntos diferentes, é a aplicação da intersecção, preservam-se identidades tão importantes no conjunto e na interface aproximam-se pensamentos semelhantes. O conjunto das ações atende às expectativas do aluno – da comunidade. São mais que a soma das partes. Menores ou igual? Juntos aprendem muito mais do que sozinhos.
Porém, no coletivo preservam suas especificidades, pois elas contribuem para o conjunto das realizações. Sem elas não há participação. Cada ciência faz a sua diferença e todos precisam dela. Cada pessoa é importante. Por isso a força da inclusão. Nenhum aluno fora da escola. Qual é a situação-problema?

Áreas degradadas. Alunos que não aprendem. Quem protesta: o que fez ou faz? Quantos alunos aprenderam e saíram das suas dificuldades de leitura, escrita e conquistaram autonomia em nome dos resgastes das autoestimas, autovalorização, autocuidado, autorias, socialização e co-aprendizagens?
Como tem sido o processo de inclusão dos alunos que não-aprendem? Como as linguagens se aproximam e se desenvolvem nas pequenas-grandes coisas, nos pequenos-grandes gestos? Nas turmas como educadores percebemos que “não são os grandes planos que dão certo; são os pequenos detalhes” (Kanitz, 2009).
Após a recuperação da área o que se quer mostrar? O poder ou a humildade? A união ou a luta? Desigualdades ou compreensão históricas? Dialéticas e dialogicidades de quem se dispõe, como educador, a saber entrelaçar pessoas e sujeitos diferentes e, no fundo nada canônicos, pois, há a busca pela harmonia guiados pelo princípio das relações de interdependência.
O que vem a ser a transdisciplinaridade? Uma questão de valores, de temperança, de disciplina, de autocrítica, de aproximação, de renúncias, de conquistas, de humanidade e humanismo, de ética social, de paz, de amor, do sagrado. De qualidade de vida e sustentabilidade.
Sócrates fazia novas perguntas ao invés de tentar respondê-las. Na família já se responde perguntas mesmo antes da criança formulá-la, como se não soubesse perguntar. Precisamos parar de responder às perguntas das crianças. Entender a maiêutica. Quem faz pergunta sabe 50% da resposta. Que saberes tem aquele que as formulou. Por que o sol não cai? Isso ao meio-dia e em meio aos afazeres da mãe. O menino de 4 anos deixa a bola no meio do quintal e sai esbaforido em busca de sua resposta. De onde ele veio e o que quer? O adulto se embaraça e para se ver livre, no momento, responde e se esquece da pergunta ou de pensar sobre o que a criança sabe. A criança espera. Tira suas conclusões. Sem muita conversa espichada. Como podemos fazer para que encontre as respostas? Só Freud explica (!?).
O que vem a ser a transdisciplinaridade? Uma questão de valores, de temperança, de disciplina, de autocrítica, de aproximação, de renúncias, de conquistas, de humanidade e humanismo, de ética social, de paz, de amor, do sagrado. De qualidade de vida e sustentabilidade.

Trago aqui nesta conversa reflexiva um recorte de Kehl (2006, p.19), que nos fala sobre os índios sul-americanos ranqueles, que foram dizimados no final do século XIX, cuja sabedoria nos sinaliza raízes mediadoras, quando "os pais narrativos servem-se de seu poder de dizer coisas significativas a seus filhos, dia após dia, até perceber que eles estão deixando de lhes dar ouvidos. É hora de deixá-los falar por si mesmos. O amor entre eles continua - mas seu poder acabou". E nós sabemos quando parar ou começar a ouvir as vozes dos alunos e de suas narrativas?
Faço a ponte com Gaarder, através de seu livro “Ei! Tem alguém aí?”, para pensarmos sobre o valor das perguntas. Se falamos, narramos e passamos informações importantes acerca de conteúdos escolares também aprendemos a ouvir e a compreender as perguntas, e entender o processo cognitivo, as conexões vibratórias...
“Lá de onde eu venho”, explicou ele, “nós sempre fazemos uma reverência quando alguém faz uma pergunta fascinante”. […] Daí, numa voz bem alta e clara, ele disse algo que eu haveria de lembrar pelo resto da vida: “Uma resposta nunca merece uma reverência. Mesmo que seja inteligente e correta, nem assim você deve se curvar para ela”. [...] “Quando você se inclina, você dá passagem”, continuou Mika. “E a gente nunca deve dar passagem para uma resposta”. [...] “A resposta é sempre um trecho do caminho que está atrás de você. Só uma pergunta pode apontar o caminho para a frente” (Gaarder, 1997, p.27-8).
Referências
BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A construção da pessoa em Wallon e a constituição do sujeito em Lacan. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
GAARDER, Jostein. Ei! Tem alguém aí? São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1997.
KANITZ, Stephen. O Brasil que dá certo: o livro. Disponível em: http://brasil.melhores.com.br/o-brasil-que-d-certo.html.
KEHL, Maria Rita. A criança e seus narradores. In: CORSO, Diana Lichtenstein; CORSO, Mario. Fadas no Divã: psicanálise nas histórias infantis. Porto Alegre: Artmed, 2006. (Prefácio, p. 15-9).
LAJONQUIÈRE, Leandro de. Infância e ilusão (psico)pedagógica: escritos de psicanálise e educação. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
MAHONEY, Abigail Alvarenga; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. (Org.) A constituição da pessoa na proposta de Henri Wallon. São Paulo: Loyola, 2004.
LAJONQUIÈRE, Leandro de. Infância e ilusão (psico)pedagógica: escritos de psicanálise e educação. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
MAHONEY, Abigail Alvarenga; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. (Org.) A constituição da pessoa na proposta de Henri Wallon. São Paulo: Loyola, 2004.
Imagem 1: arquivo microsoft media galery
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