Naquele lugar tem tudo de bom e do melhor. Gente, bicho, planta, alunado e professor apaixonado.
Dentre os relatórios pedagógicos da escola, referente ao primeiro semestre, o que mais me encanta é ver a contemplação e ouvir a voz das crianças, no discurso escrito de professores, narrativas que nos entorpecem de beleza e encantaria seguindo pistas de suas aprendências, falas, clamores, desejos, reticências, re-olhares, atitudes e perspectivas.
O que nos alegra é o contato das crianças com o meio, percebendo-se nele e interagindo com o adulto que lhe transmite segurança, alegria e vontade de dizer:
“Nosso peixinho dourado” – para a carpinha que vive no laguinho. O lago da escola tem formato de borboleta. Por ali sobrevoam “borboletas azuis”. E outros dizeres mais: “os peixinhos de bigode”, “o peso corporal deles e o peso das tartarugas”, “os besourinhos alaranjados que nasciam e cresciam na parte baixa dos troncos das árvores, ao lado da sala de Educação Física, e um dia foram embora”...
Cantos. Dias e momentos necessários de conversar com os animais, acalmar-se, assim os pássaros no silêncio ouvido e o rompimento para imitar o cantar dos tucanos... (Você já ouviu um tucano cantando?)
- “Professora eles tão com fome?”, “acho que é um filhote que tá perdido...”, “a mãe dele vai dar comida para ele?". E para o gavião visitante imponente no alto da árvore: “acho que ele gosta da gente, né professora?”.
Comércio. A árvore com frutinhos vermelhos mesclados de preto e branco, caídos no campinho, fez surgir muitas perguntas, por ser muito bonito e diferente. Era da família do guaraná. Adoraram saber que a "priminha do refrigerante" lá estava, catavam e usavam na brincadeira da “confeitaria” (“docinhos” com terra). A professora visitava e comprava os docinhos. Os preços variavam: um real, dez reais. (Dez reais por um docinho?).
Representação. O “teatro da floresta” a partir das lendas, no campinho no meio do bosque. Ali transformam idéias em ações com os recursos disponíveis: troncos, folhas, flores, gravetos. Delimitam o espaço da cena, ornamentam o ambiente, criam vestuários para personagens imaginários. E assim vão organizando no tempo das ações expressivas. E as vivências ganham novos sentidos. A professora ajuda refletindo sobre como o texto narrado indica, pede, determina a ação e o sentimento que ela trás. Roteirização a deslanchar improvisos corporais e sonoros.
Jogos esportivos. Com eles, o entendimento do ganhar e perder, aceitação das diversidades de talentos que vem à tona, o reconhecimento e superação dos próprios limites, a firme convicção nos valores da cooperação e da ética para obter sucesso. As mídias. O marketing esportivo. A sexualidade. O consumismo. Conversas e reflexões. Perguntas feitas pelos alunos e respostas muitas vezes dadas por eles mesmos. Reprimendas sobre ofensas pessoais e linguajar obsceno. Respeito pelos pais e pela escola. E a proposta dos jogos internos da escola. Vínculos necessários com os professores regentes. Ações integradas repensadas, desejadas, necessárias.
Nessa práxis, educação física e educação ambiental estão vinculadas, tem tudo a ver. Ali em todo o movimento pulsa a interdisciplinaridade. O currículo é vivo! As crianças se sentem libertadas. Felizes alegram mais. Outras estão aprendendo a lidar com os afetos e suas emoções como que surpresas, sobre maneira que amar é preciso!
Imagens da Escola: arquivo pessoal
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