segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Prenúncios de Setembro: a educação do sentido interdisciplinar

- Esse “Sol de Primavera” prenuncia bons tempos...
Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão onde a gente plantou juntos outra vez
Já sonhamos juntos semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar
Já choramos muito, muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer
Sol de primavera abre as janelas do meu peito

a lição sabemos de cor
só nos resta aprender...
(Beto Guedes)


Setembro anuncia a primavera, muito percebida no sul do país, de ares amenos, do sol na medida, dos perfumes das flores exalando jardins, quintais ou vasos. Mês das ninfas. Primavera lembra ninfa, que protege a planta, o animal, a pessoa ou o lugar. Na mitologia, eram elas divindades dos rios, bosques, florestas, campos. Ninfa é noiva, promessa de fertilidade, traz em si os frutos da nova geração, nas comunidades primitivas as meninas na menarca dançavam, a dança da beleza, do encanto...

Flores promessas dos frutos. A beleza que encanta e faz dançar. Setembro é o mês destes símbolos, mês da fertilidade, mês da beleza, mês da iniciação, das danças referentes, da Vida!

Mês de encanto que religa terra, ar, fogo, água... Esperanças, conhecimentos, poesias, criação, inovação, ou como Gusdorf (1995) nos inspira, porque supõe “abertura de pensamento, curiosidade que se busca além de si mesmo” e nos leva ao outro, nos integra à vida, pela concepção de interdependência.

Se setembro é vida, é interdisciplinar: ciência e cultura, sociedade e história - mitologia, literatura, música, poesia, danças, corpo relacional, astronomia, leitura de estrelas, comportamento e movimento planetário, hemisférios, ângulos, sazonalidade, agricultura, economia, política, matemáticas da vida. Para Gusdorf (1995, p.26), "a exigência interdisciplinar impõe a cada especialista que transcenda sua própria especialidade, tomando consciência de seus próprios limites para colher as contribuições das outras disciplinas". A colheita das aprendizagens interligadas. Recontos, releituras, questionamentos, desconstruções, criatividade, novos significados, é preciso reordenar o conhecimento, definido por Gusdorf (1995) de “campo unitário da cultura”. Tais saberes plurais se singularizam, com mais sabor, cor e estilo, com o envolvimento dos alunos, com a alegria deles, com o protagonismo autêntico da pedagogia de projetos pensada com eles.

- Mês de reencantar a educação, por que não?
Referência
GUSDORF, Georges. Professores para quê? para uma pedagogia da pedagogia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
Imagem 1: http://fotos.sapo.pt/zZ27el2OkZzH5CqeQTZj
Imagem 2: http://umdiaumaestrela.files.wordpress.com/2007/12/virgogoddess.jpg

7 comentários:

  1. É a melhor estação do ano! Como a natureza, creio, todos produzimos muito mais. Eu, pelo menos, sou assim.
    Beijinhos, querida!

    ResponderExcluir
  2. Oi, Maria

    Parece que falhou o primeiro comentário. Se não for o caso, desconsidere esse.

    A primavera é muito esperada aqui no sul. Principalmente, pelas famílias da serra gaúcha que perderam tudo durante um vendaval, quase classificado como tornado.
    A descrição que fez da primavera chegando deixa claro que não se esqueceu aqui do sul. Nem as temperaturas baixas nem as altas demais, das quais tentamos fugir em vão.

    Essa música é linda e ainda lembro dessa melodia.
    Tens razão quando nos põe a refletir sobre mudanças na prática pedagógica. "Não custa inventar uma nova canção que nos traga sol de primavera", ainda mais no inverno pelo qual está passando a educação brasileira.

    Um forte abraço

    ResponderExcluir
  3. Tati,
    É a magia da primavera, os pássaros alegres acordando mais cedo e dormindo mais tarde, os campos recedindo aromas frescos, o sol na medida temperando a vida e suas cumplicidades, no olhar, no toque, no sorriso e em todo lugar... Com certeza, a produção desta forma integrada pela alegria, beleza e harmonia concerta (com c) as aprendizagens...

    - Que tenhamos por mais tempo esse belo "sol de primavera", em todo canto desse Brasil, Max. E que as casas sejam erigidas pela solidariedade e a força do afeto acolhendo as vítimas das tragédias "naturais". E a educação mobilize as cidadanias e liberte pelo conhecimento e afeto, pela temperança e justiça, pela atitude e esperanças...

    ResponderExcluir
  4. Nossa, Rocio! Fiquei muito emocionada com esse teu texto! Eu sou de setembro!!!! Um pouquinho antes da primavera (03), mas setembro, esperando as flores sorrir...

    Adorei passar por aqui! Só pra variar! rsrsrs

    Beijoka em vc!

    Ps. Já li a matéria sobre sensura de blogs e mandei meu recadinho para o deputado... Valha-me Deus!

    ResponderExcluir
  5. Olá Isabele!
    Que belas flores te trouxeram ao planeta, hem? Quer dizer que quase abre setembro, dia 03... De tão apaixonada pelos ares primaveris, a minha filha nasceu no dia da árvore, dia 21, quase primavera. As flores felizes anunciam os bons frutos!!! Felicidades - antecipada e sempre.

    Precisamos estar participando desse movimento contra a censura dos blogs. Bom que deixaste sua contribuição por lá, é importante se manifestar. O ideal é a marcha, o bom barulho mexe bastante... O humor mexeu, chamou atenção da mídia e tal repercussão resultou nos ganhos
    dessa turma. Vale a pena.

    ResponderExcluir
  6. Oi, Rocio. Passei pra ver as novidades e deixar um abraço.
    Franz

    ResponderExcluir
  7. Oi Franz!
    Adorei a visita e a tua postagem no "Linguajares" sobre o "texto pai d'égua", bem característico mesmo, melhor ainda com o teu glossário.

    ResponderExcluir